Quando pisou solo moçambicano em fevereiro do ano passado, o
engenheiro civil admite que sentiu “familiaridade” não tendo ficado
surpreendido nem desiludido com o país de acolhimento. Sentiu-se acolhido assim
que conheceu o povo moçambicano. No entanto, admite que “a única coisa para a
qual não estava preparado foi a «lata» e falta de vergonha deles, são muito
evasivos”.
Neste momento Tiago é o responsável pela construção das novas
agências do Banco Comercial de Investimentos. Já percorreu meio Moçambique, em
trabalho, passando por áreas recônditas no interior do país. Não se arrepende
do caminho que tem percorrido mas reconhece que a imprevisibilidade é uma
constante no seu dia-a-dia.
A vida de Tiago não se resume a casa-trabalho-trabalho-casa. Aos fins-de-semana
aproveita para conhecer o país e viajar com os amigos. Divide casa com colegas
que participaram no mesmo programa e não dispensa um cafézinho numa esplanada
de vez em quando.
De Fátima, terra que o viu nascer, sente saudades da família e dos
amigos, do cheiro dos eucaliptos, de descer vales de bicicleta e da comida do
restaurante “Tonsai”. Com Portugal no coração e sem saber para onde vai a
seguir, Tiago acredita que todos os seus planos passam pelo mesmo: “liberdade, quero
ser livre, ter a minha fonte de rendimentos, não depender de ninguém, ter o
mundo como minha casa e nunca perder as raízes que tenho em Fátima”, afirma.
Desta experiência profissional internacional, Tiago fica com uma
outra percepção da realidade. “É engraçado ver como as realidades moldam as
pessoas; o «Xico» que nasceu e nunca saiu de Fátima tem uma percepção
totalmente distinta da vida do "Zé", que nunca saiu de Maputo”,
exemplifica. Admite que o mais engraçado é que “apesar de todas as diferenças
que possamos ter face às distintas realidades, somos todos muito semelhantes e
temos as mesmas necessidades”.
Aos candidatos a emigrantes aconselha a terem força, já que viver
e trabalhar no estrangeiro “é só para campeões”. Sem saber o que lhe reserva o
futuro, Tiago vai continuar a desbravar terrenos desconhecidos e a ter como
lema a palavra “liberdade”, em qualquer escolha que faça no futuro. AIM
O
melhor por lá...Para Tiago, o melhor da Pérola do Índico é a liberdade que
o país lhe proporciona.
O pior por lá... As estradas de terra batida e com enormes
crateras são o aspeto menos positivo para o engenheiro civil.
O mais
surpreendente por lá...“A criatividade das
pessoas” é aquilo que Tiago mais aprecia nos moçambicanos.