Há sensivelmente uma semana fui desafiada a experimentar uma actividade nova. Nunca antes me tinha passado pela cabeça fazer queda livre nem pará-quedismo. Foi o ponto alto do Evento de Verão da empresa onde trabalho. E, claro, aceitei.
Foi a primeira vez que me atirei de 5 000 metros de altura. Uma loucura, pensarão os leitores deste texto. Mas foi um desafio muito positivo que me ensinou muito acerca da superação pessoal, do medo, e da coragem para o encarar de frente.
Já passava das dez da manhã quando vestia o equipamento para dar o dito salto para o nada. Aos poucos, estava a mentalizar-me para o que aí vinha... Mas nada fazia prever o que sentiria assim que olhasse das alturas para o solo distante. Fiz parte do primeiro grupo de sete corajosos que decidiram deixar o medo em terra. Queria despachar o assunto antes que a coragem me abandonasse. Depois de me terem ajudado a equipar, ainda em terra, fui apresentada ao meu "melhor amigo", o pará-quedista que guiaria o meu salto.
Não tive de esperar muito tempo até à hora de entrar no helicóptero. Foram 15 minutos de ansiedade até que voasse até aos tais 5 000 metros de altitude de onde iria saltar. Olhava para os meus colegas do lado e de trás. Tentava evitar que a ansiedade e o medo não se apoderassem de mim. Por isso, dizia que estava "tudo bem". Só que não. Por dentro, toda eu tremelicava de um novelo de emoção, curiosidade, medo e ansiedade.
Depois de o equipamento estar bem apertado e de conferidas as medidas de segurança, chegou a hora de me aproximar da porta do helicóptero para saltar. Foi quando olhei lá para baixo, a instantes de dar o esperado salto, que o medo se apoderou de mim. Indescritível. Era esse o estado de espírito que me invadia a milésimos de segundo de saltar. Respirei fundo e atirei-me juntamente com o para-quedista que ia "colado a mim", claro.
Sem pensar muito e quase sem conseguir gritar, deixei-me ir numa velocidade estonteante de cerca de 200km/h. 200km/h no meu corpo. 200 km/h de adrenalina. 2000 kh/h de aventura. Uma verdadeira loucura. Durante um minuto, devo ter estado absolutamente pálida e transtornada. Mal consegui abrir os braços ou pousar para a fotografia! Este foi o tempo que durou a queda livre antes de abrir o pára-quedas. Um terrível minuto alucinante que me pareceu duas horas.
O alívio chegou quando o pára-quedas abriu. Aí senti uma sensação única de liberdade e de segurança. É caso para dizer que "depois da tempestade vem a bonança". Veio, sim, em forma de alívio. Assim que agarrei o pára-quedas senti a força da natureza em "modo" vento. Comprovei a minha fraca força de braços, mas tentei desfrutar ao máximo do momento.
Mal conseguia falar com o meu "melhor amigo" de queda. Durante os quatro minutos que se seguiram, recuperei o fôlego que perdi num, e deixei que a adrenalina abandonasse o meu corpo aos poucos. Olhei para o céu e para a terra e apreciei a harmonia com que estes elementos se confundem no ar.
Preparei o momento da aterragem mas, novo entrave. A escassa flexibilidade das pernas mal me permitiu cair sentada. Mas, com um pouco de esforço, lá caí como deveria ser. Apesar de me sentir algo enjoada, fiquei satisfeita por me ter superado. Vi o medo de frente e encarei-o de alma e coração abertos.
Em vários momentos da vida já fui colocada à prova. Todos fomos. Este foi apenas mais um desses desafios. Quando soube o que era para fazer, não me passou pela cabeça não saltar. De forma alguma! Assim que vi o que me esperava naquele dia de verão em Évora, a minha primeira reacção foi aceitar. Se a vida é um risco, porque não vivê-lo(a)?
Por isso fui e venci!