segunda-feira, 30 de novembro de 2015

"O envelhecimento é um dos maiores desafios do Serviço Social”

Assistente social na Ilha há 17 anos e com uma vida dedicada às pessoas, Maria Eduarda Duarte tem 44 anos e já trabalhou em algumas zonas do país, como Alentejo ou Porto de Mós. Natural de Chão de Couce, é licenciada em Serviço Social pela Universidade Miguel Torga, em Coimbra. Ao RodIlha falou sobre a importância da actividade e os desafios que enfrenta no dia-a-dia. 



RodIlha: Apesar de residir em Pombal, é à Ilha que tem dedicado o seu trabalho. A que mudanças tem assistido desde há 17 anos até aos dias de hoje, na localidade onde labora?

Maria Eduarda Duarte (MED): A sociedade em geral está em mudança. O conceito de família tradicional já não é o mesmo, com o desemprego e a emigração assistimos a um maior número de famílias monoparentais. O envelhecimento da população cresce a passos largos, não só porque são os mais jovens a emigrar, mas também devido à redução da taxa de natalidade. Os filhos saem cada vez mais tarde da casa dos pais, têm filhos mais tarde e apenas têm um ou dois. Também o aumento da esperança média de vida está a aumentar contribuindo para a total inversão da pirâmide de idades. A humanidade enfrenta o maior envelhecimento da história. Passámos de muitos netos e poucos avós para muitos avós e poucos netos. Por outro lado, vivemos numa sociedade marcada pelo medo, pelo individualismo, e estes factores desencadeiam insegurança, ansiedade e depressão.

RodIlha: Quais são os principais desafios com que se depara, actualmente, ao nível do serviço social?

MED: Numa sociedade em profunda mutação, onde as regras e valores já não possuem a mesma rigidez de há uns anos, será um dos principais desafios do serviço social na transição em que se encontram as sociedades actuais, o de contribuir como uma alternativa, em termos de visão teórica e prática interventiva, pautada por princípios éticos e por um olhar responsável sobre o mundo, cruzando várias vertentes, sem esquecer a singularidade individual. Outro grande desafio será no domínio das políticas sociais, dado que as respostas têm de ser cada vez mais diversificadas e o trabalho a realizar tem que ser executado e reflectido de um ponto de vista multidisciplinar. Também perante a realidade do envelhecimento das populações, as sociedades deparam-se com o problema de não saberem o que fazer aos que atingem idades avançadas, com tudo o que isso implica, aumento do número de pensionistas, evolução das incapacidades, doenças crónicas e doenças fortemente incapacitantes, as doenças degenerativas. As implicações do envelhecimento por si só representam um dos desafios mais importantes deste século e, nomeadamente, do serviço social.

RodIlha: Neste momento trabalha em que instituição? Com que faixas-etárias? 

MED: Em 1998 quando conclui a Licenciatura tive conhecimento de uma vaga para Assistente Social nesta instituição e concorri, contudo, não cheguei a tempo. A vaga tinha sido preenchida no dia anterior. Nesta altura eu já tinha colocação no Alentejo e foi lá que iniciei a minha prática profissional. Um ano depois a Direcção do Centro Social contactou-me para saber se tinha disponibilidade para vir trabalhar na Ilha. Aceitei de imediato. Quando cheguei em Março de 1999 esta instituição desenvolvia o apoio à população idosa na freguesia da Ilha, Guia, Mata Mourisca, Carriço e Carnide, através de duas respostas sociais: Centro de Convívio e Serviço de Apoio Domiciliário. Devido ao empreendedorismo e empenho na acção social por parte da Direcção da instituição, ainda no mesmo ano passamos a ter Centro de Dia e Centro de Actividades de tempos Livres que incluíam as férias na praia no mês de Julho. Esta actividade ainda hoje se mantém estando aberta a todas as crianças da comunidade. Em 2002 foram abertas as novas instalações do Centro Social, construídas de raiz e a abertura da Creche. Em 2012 esta instituição abriu portas a uma Estrutura Residencial Para Pessoas Idosas. A minha prática profissional é hoje mais abrangente pelo aumento de respostas que a instituição integra.

RodIlha: O serviço social é uma escolha ou uma vocação?

MED: Sem dúvida uma vocação. O meu pai gostaria que eu fosse enfermeira, mas não me sentia vocacionada e por mais que tentasse enganar os testes psicotécnicos, eles recaiam sempre na área social. Também cheguei a pensar ir para o ensino, mas tive uma professora de história que me desencaminhou. 

RodIlha: O serviço social é fulcral na vida das pessoas. Quais são os principais desafios e obstáculos com que se depara um assistente social actualmente?

MED: O Serviço Social é uma disciplina científica no âmbito das ciências sociais que tem como objectivo estudar e agir com vista à diminuição das condições de desigualdade, promovendo a justiça social e a cidadania. Por outro lado, o Assistente Social é um profissional especializado na área das ciências sociais e humanas que recorre a procedimentos específicos e age com o propósito de identificar e resolver os problemas dos indivíduos e da comunidade. Perante a sociedade contemporânea, pensar o serviço social é sobretudo pensar as condições e os pressupostos inerentes à sua readequação e pertinência a esta sociedade. O compromisso com a mudança, no sentido do desenvolvimento e da justiça social, e a abertura à inovação constituem o ponto central de um serviço social capaz de se afirmar como elemento estratégico na construção de sociedades alternativas, sócio-economicamente justas e equilibradas. Os recursos são cada vez mais escassos e as necessidades cada vez maiores.

RodIlha: Na sua opinião, que características deve reunir um bom assistente social, para que responda positivamente às tarefas a que se propõe?

MED: Um Técnico de Serviço Social deve ter sensibilidade social, deve ter convicção e confiança nas pessoas e nas suas capacidades de realização e resolução de problemas, o assistente social deve ter capacidade para a motivação e estimulo. Por outro lado, é um profissional que deve ter aptidão para o relacionamento humano, na medida em que vai trabalhar com pessoas, deve possuir maturidade humana, distanciamento, pragmatismo e criatividade, capacidade de avaliação e estratégia.

RodIlha: Se pudesse, o que mudaria hoje na sua profissão?

MED: Muita Coisa. As origens do serviço social têm por base princípios humanitários e democráticos. As principais preocupações centram-se na satisfação das necessidades humanas e tem como principal objectivo provocar mudanças sociais e trabalhar para potenciar o bem-estar e a realização pessoal dos indivíduos, tendo como pano de fundo a justiça social. Contudo, a profissão terá passado alguns períodos conturbados, nomeadamente pelas conjunturas sociais e pelas mentalidades um pouco deturpadas, uma vez que o serviço social foi durante muitos anos confundido com o assistencialismo. A formação, a evolução e a afirmação do ensino da profissão, com licenciatura e mais tarde o doutoramento, têm contribuído para uma melhor especialização e profissionalização dos assistentes sociais. Há sempre alguma coisa a mudar.

sábado, 21 de novembro de 2015

”A Cor do Poema” associa pintura à escrita


Quem passar pela galeria do café-concerto de Pombal, até ao final de Janeiro, encontra a exposição que associa os poemas de José Adalberto às telas de Lídia Carrola, “A Cor do Poema”. O amor é o tema vigente em cada verso e que inspira os quadros da pintora. 


“Leonardo Da Vinci disse um dia que a pintura era a poesia silenciosa e foi, de facto, muito fácil juntar a poesia à minha pintura”, começou por explicar a pintora Lídia Carrola. E foi assim que, pela primeira vez, o poeta José Adalberto e a pintora Lídia Carrola associaram os versos às telas. “Dos poemas que ele escreve e que estão no livro, escolhi alguns e pintei uma imagem falada sobre eles”, destacou.  

O amor é o tema predominante: “José Adalberto escreve sobre as pequenas coisas da vida: o mar, as gaivotas ou o amante que pensa na amada que está longe” frisou a artista. Cada quadro tem uma mensagem diferente e o objectivo da autora é o de que o quadro fale não só a si, mas também às pessoas que visitam a exposição. “Apesar de transmitirem mensagens semelhantes, cada um dos quadros me fala de uma forma diferente”, sublinhou Lídia Carrola. 

E quanto às fontes de inspiração? “Na altura em que comecei a pintar fui beber a vários estilos. Gosto muito do impressionismo de Marc Chagall e de Van Gogh e do surrealismo de Salvador Dalí, que não tem nada que ver comigo. Não sigo corrente nenhuma, apenas tenho técnicas que vou aplicando. Mas confesso que uma das minhas correntes preferidas é o impressionismo”, explicou a pintora.

“Ao sair de um internamento, inspirei-me nas expressões das pessoas com que me cruzei num hospital, para pintar”, assumiu a artista acerca daquilo que, no dia-a-dia mais a inspira. As pedras da calçada, os minerais, os granitos e as pequenas coisas do quotidiano são os elementos onde a pintora se inspira.

No que se refere ao significado que a pintura tem para a autora, fala “de um prazer que se não o tivesse estaria muito triste”. Os trabalhos acabam por assumir significados diferentes para as pessoas: “um quadro, para mim, é um companheiro que me faz pensar e reflectir, apesar de poder ser horrendo ou feio”, continuou a pintura. “Um quadro não pode ser uma peça morta”, frisou ainda.

“Li e reli os poemas para pintar os quadros desta exposição”, declarou a pintora. A pintura de sentimentos que não se transmitem por palavras é um das coisas que Lídia Carrola mais gosta de retratar: “o prazer, o amor, a dor que acontecem no dia-a-dia”. A pintora admite que não tem prazos para terminar as telas: “depende do quadro que pinto. Em média demoro cerca de um mês”. 

Trabalhar muito antes de expor é o conselho que a pintora quer deixar aos aspirantes à profissão. “É preciso pensar muito o quadro e a tela para se mostrar. É uma actividade em que não se pode parar, pois se isso acontecer, perde-se a mão. É um trabalho que exige esforço e dedicação”. Não há uma técnica ou um estilo ideal para todos: “acaba por ser um trabalho de tentativa-erro”.

Um ano e três meses foi o tempo que passou até que os 15 quadros estivessem prontos a expor. Por agora o objectivo é levar a exposição a outras cidades, assumindo um carácter itinerante. “Apesar de não termos datas estipuladas, já sabemos em que cidades vamos expor, em Portugal e no estrangeiro. O meu desejo é que sejamos tão bem recebidos quanto fomos na inauguração da exposição em Pombal”, concluiu.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Jogos Ecológicos deram o mote às comemorações do Eco-Escolas

O Dia Internacional Eco-escolas, que decorreu na segunda-feira, 09 de Novembro, recebeu uma atenção especial no Colégio João de Barros, localizado em Meirinhas. À semelhança das comemorações que sucederam em anos anteriores, os objectivos foram os de sensibilizar a população estudantil para a importância da preservação do meio ambiente e desenvolver as actividades preparadas pelos estudantes envolvidos no projecto dinamizado pela professora de ciências naturais, Cláudia Ferreira.

“Esta é um data muito importante para nós. Aproveitámos para hastear a bandeira do Eco-escolas hoje”, revelou a professora. “Este ano resolvemos envolver os vários alunos da escola nas actividades preparadas pelos elementos envolvidos no clube do ambiente: desenvolvemos jogos tradicionais associados à vertente ecológica, como o jogo da força, o jogo do limbo, o jogo do estica, um jogo de perguntas e respostas, entre outros”, continuou a responsável pelo clube do ambiente.

Foi com a orientação da professora Cláudia Ferreira que as propostas de actividades foram levadas a cabo. “Até os cartuchos das castanhas foram elaborados por eles”, revelou a docente. “Este é um dia muito importante: é o futuro do meio-ambiente que está em jogo e eles [os alunos] são o nosso futuro. É muito importante que tenham uma consciência sustentável”, afirmou a professora.

As actividades, organizadas pelos alunos do projecto eco-escolas com idades compreendidas entre os 13 e os 15 anos, tiveram, no fim, um balanço muito positivo. “Eu penso que as actividades correram muito bem. Todos os alunos se divertiram; desde os participantes aos organizadores. E isso valeu muito a pena”, sublinhou Cláudia Ferreira. 

O clube do ambiente

Orientado pela professora de ciências naturais Cláudia Ferreira, o clube funciona duas vezes por semana, às segundas-feiras das 12h40 às 13h30 e às quintas-feiras das 8h30 às 9h15. “É um clube que já existe há vários anos, os alunos conhecem, e têm vontade de pertencer”, declarou a responsável. O clube está aberto a todos os alunos, desde que tenham horário compatível. 

E o que fazem? “Preparamos actividades que tentam dinamizar a escola, organizamos projectos de solidariedade, com a recolha de tampas e a recolha de papel, contamos com a colaboração das turmas e fazemos a contagem para que saibam qual é a turma que está à frente em termos de materiais recicláveis”, continuou a docente. Por sua vez, os materiais recicláveis recolhidos são doados a instituições para projectos solidários.   

Quanto aos projectos organizados pelos elementos do clube, haverá, em breve, “uma palestra para os alunos do 5º e 6º ano sobre a reciclagem. Mais à frente teremos uma palestra sobre a alimentação saudável e, os alunos, gostariam ainda de fazer outra em que abordassem o problema do bullying”, revelou a docente. Normalmente o ano lectivo fecha com chave de ouro: “organizamos uma visita de estudo só com os alunos do clube. De manhã fazemos a limpeza da praia e jogos desportivos no Osso da Baleia e, à tarde, passamos pelo Parque Aventura da Figueira da Foz”, finalizou Cláudia Ferreira. 

domingo, 15 de novembro de 2015

Banda Filarmónica Ilhense soprou as velas pela 91ª vez

Eram 21h29 de sábado, 7 de Novembro, quando o som das trompetes rompeu o silêncio do Salão Paroquial da Ilha. Aos poucos, as madeiras e outros metais aliaram-se à musica, o que resultou num concerto com mais de uma centena de espectadores. 

A voz de Serenela Duarte e o ressoar do acordeão de Carina Sousa juntaram-se à banda para presentearem o público com um espectáculo que respondeu aos níveis de qualidade e de exigência que são já esperados pelos amantes desta arte. “Este é um projecto de continuidade. Estamos sempre a tentar evoluir para sermos melhores, apesar de sabermos que nem sempre é possível devido à grande onda de emigração”, começou por explicar o presidente da Banda Filarmónica Ilhense, Nilton Leopoldo. 


Com cerca de 50 músicos e uma faixa etária compreendida entre os 10 e os 57 anos, uma das prioridades na banda é cativar pessoas mais jovens para a aprendizagem da música. “É difícil cativar miúdos a ingressar na filarmónica, num momento em que a diversidade de oferta é muito vasta”, continuou o presidente. “Através dos concertos tentamos fazer com que os mais velhos tragam os mais novos”, disse. Por outro lado, “temos em estudo a ideia de fazer um ensaio aberto, para que as crianças possam experimentar os diferentes instrumentos”, desvendou.

Mas não é só os mais novos a quem pretendem levar a música: “este ano, às quartas à noite, temos uma turma com oito adultos”. Por sua vez, Nilton Leopoldo, explicou que “o objectivo é proporcionar um contacto diferente com a música às pessoas que não tiveram a oportunidade de aprender quando eram crianças”. Apesar de as inscrições já terem fechado, ainda há oportunidade para quem quiser ir assistir a uma aula.

“As filarmónicas têm evoluído muito ao nível nacional. Somos uma banda que consegue fazer este tipo de concertos, coisa que não se pensava fazer há uns anos”, frisou o director da instituição. As surpresas da noite foram o eclodir de um trabalho constante e do cumprimento da “pontualidade britânica” incutida pelo maestro aos músicos. 

No que se refere aos projectos para a Banda Filarmónica, pretende-se criar mais ensembles para além do de trompetes, os “Sinuata”, bem como divulgar a banda cá dentro e lá fora. “As pessoas que aparecem com o folheto do concerto de aniversário, no estrangeiro, são amigos ou ex-músicos”, contou o director, sobre o projecto da divulgação da banda no Facebook. “Nós somos todo o mundo e todo o mundo é nosso também.” A promessa ficou no ar: “espero que consigamos fazer uma emissão em directo do concerto no próximo ano para os que estão lá fora”, prometeu Nilton. Quanto aos sócios, pretende-se cativá-los através de “protocolos com empresas para que as pessoas tenham descontos na saúde". 

O balanço do concerto foi, nas palavras de Nilton Leopoldo, muito positivo. “A Banda Filarmónica da Ilha tem mostrado ao longo dos tempos que tem qualidade e sabe o que faz. As pessoas gostam de boa música”, finalizou o presidente.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Rita Guerra (en)canta com estreia de "No Meu Canto"

Já perdeu a conta às vezes em que actuou em Pombal, mas presenteou a cidade, no âmbito das comemorações do Dia do Município, com o arranque da Tour dos 30 anos de carreira, "No Meu Canto". Entre os sucessos mais recentes daquela que é considerada uma das melhores vozes portuguesas estão o álbum "Sentimento", lançado a 24 de Setembro de 2007 e que, actualmente já Disco de Ouro; o prémio Top Choice Award, na categoria de Top International Female Singer 2009, que tem por base a votação da comunidade portuguesa residente no estrangeiro, em 2009;  e a edição do álbum "Luar", em 2010. Com 48 anos de idade, Rita Guerra aventura-se, pela primeira vez, no mundo da composição. O Aqui há Notícia falou com a cantora sobre o concerto e acerca do sucesso.

Ana Isabel Mendes (AIM) - Pombal foi a cidade escolhida para Rita Guerra começar a Tour dos 30 anos de carreira. Que balanço faz da noite do espectáculo no Teatro-Cine?

Rita Guerra (RG) - Toda a gente nos recebe muito bem, tanto no Norte como no Sul. Sei que cá por cima há uma vontade muito grande em que eu esteja presente, embora me tenha mantido, ultimamente, pelo Sul do país. Fomos recebidos com um calor muito grande. Estrear aqui foi bom, pois as salas estão muito bem apetrechadas acusticamente, o piano é maravilhoso, o som estava óptimo, a sala estava cheia de pessoas que participaram [no concerto] quando tinham de o fazer, e, apesar de estar um pouco doente, penso que correu bem.

AIM - Como e quando surgiu o gosto pela música, em geral e pelo canto, em particular?

RG - Pela música em geral surgiu em casa por grande influência dos meus pais e dos meus irmãos, pois lá sempre se ouviu música a toda a hora, de várias origens. O meu pai gosta muito de música sinfónica e a minha mãe de música clássica, especialmente de óperas e de operetas. Os meus irmãos gostam muito de pop e de rock. Sempre houve muita música lá em casa e, daquela toda que havia, gostava muito de algumas que me influenciaram ao longo do percurso artístico. Sou sensível à música, sou sensível às boas composições. Cantar começou como brincadeira de criança nas escadas do prédio, onde tinha uma melhor acústica. Cantava tudo e mais alguma coisa: Os Abba, bocadinhos de Ópera, Elton John, entre outros, de que nem me lembro bem.

AIM - Em que estilos musicais se inspira para escrever as suas músicas? Tem alguma preferência num estilo ou num cantor em particular?

RG - Nas baladas rock e na música pop em geral. Em termos de cantores, confesso que me inspiro em artistas internacionais como Lara Fabian ou George Michael. Em termos de artistas nacionais, o Agir, o Paulo de Carvalho e o Rui Veloso são aqueles que estão entre as minhas preferências. 

AIM - Ao longo dos anos tem vindo a evoluir e a promover o seu trabalho cá dentro e lá fora. Quais são os principais ingredientes para se chegar ao Disco de Ouro?

RG - Aconselho que quem cante seja persistente, que o faça por amor à camisola e à música e não com o objectivo de se tornar figura pública e vedeta. Uma coisa é ser-se bom músico e outra é ser-se famoso. Pode ser-se famoso pelas razões erradas. Por isso, o que quer que façam, façam-no o melhor que puderem, sempre com humildade porque para aprendermos devemos ouvir os outros e não nos acharmos os detentores da razão. Ao nível bocal, é importante ter um bom acompanhamento profissional, uma boa colocação e uma boa respiração para não fazer asneiras. 

AIM - Neste último single, qual é a música que elege?

RG - Não vou eleger nenhuma. Se o fizesse escolheria o meu tema, a minha primeira composição, "No Meu Canto". Retrata o meu estado de alma numa tarde; marca o início da fase enquanto compositora, daí ser tão importante. Mas para mim todas as músicas são igualmente valiosas, embora sejam diferentes umas das outras. 

AIM - Em 2011 lançou o álbum "Retrato", e cantou com Michael Bolton no Pavilhão Atlântico e no Coliseu do Porto, interpretando Over the Rainbow e Make You Feel My Love. Em 2012 participou nos discos de Mastiksoul, com o tema I Can Feel Your Love, e de Mickael Carreira, com "Volto a Ti" . Qual é o segredo para se atingir o sucesso?

RG - Ser-se persistente, não desistir à primeira dificuldade, ser-se verdadeiro e ter-se muito amor ao que se faz. 

Texto e fotos: Ana Isabel Mendes

terça-feira, 10 de novembro de 2015

"Sejam realmente bons profissionalmente mas nunca descurem os valores humanos"

Tem 24 anos mas já é notícia por ter sido aprovada com a melhor nota ao nível nacional no exame de estágio da Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução. Com 17 valores, a jovem solicitadora admite que, quando pensou em ingressar na universidade, Solicitadoria não foi a primeira opção. Marlene Santos fala sobre as metas já atingidas e os planos que tem para o futuro.

Ana Isabel Mendes (AIM) - Terminado o ensino secundário, concorreu ao superior. Qual foi a sua primeira opção? O que se imaginava a fazer na altura?

Marlene Santos (MS) - Sempre tive uma grande propensão para as nobres causas e, à medida que fui pensando naquilo que realmente gostava de exercer a nível profissional, decidi que teria de ser algo direccionado para essa vertente. Tinha feito voluntariado no Centro de Acolhimento Temporário de Crianças e também no Lar de Idosos Rainha Santa Isabel, da Santa Casa da Misericórdia de Pombal, e ambas as experiências me deram mais certezas de que seriam as áreas de Educação Social ou Serviço Social que pretendia seguir no ensino superior. Nessa sequência, a minha primeira opção foi Educação Social, a segunda Serviço Social e, só depois, Solicitadoria, tendo ficado logo excluídas as duas primeiras, dado que não tive vaga em 2ª fase.

AIM - A área social estava entre as suas opções. Já pensou, de alguma forma, conciliar os dois gostos que tem: a Solicitadoria e a Educação Social?

MS – Posso dizer que não estruturei essa conciliação. Acho, no fundo, que a minha vontade de ajudar o próximo pode ser feita através da minha profissão, como solicitadora, auxiliando os que pouco ou nada compreendem de leis, a ter acesso a elas e a exercerem os seus direitos. No entanto, sempre quis ir para os países subdesenvolvidos fazer voluntariado, nomeadamente dar aulas, e não deixo, de todo, essa hipótese de parte. Contudo, recordo sempre o que uma professora de ciências do nono ano me dizia: “não podemos mudar o mundo, mas podemos mudar o mundo de alguém” e, por isso, é bom tentarmos fazer essa diferença naqueles que vivem mais próximos de nós ou que nos procuram.

AIM - Quando soube o resultado da candidatura, como lidou com a entrada na licenciatura em Solicitadoria? Foi uma surpresa? Como se sentiu na altura?

MS – Confesso que mal. Chorei muito, bati o pé porque não queria ir para um curso que nem sequer sabia do que tratava. Foi uma noite emocionalmente difícil aquela em que soube os resultados das colocações. Não foi uma surpresa propriamente dita já que sabia que o número de vagas restantes para a 2ª fase das colocações, nas minhas duas primeiras opções, eram muito reduzidas e a minha média de secundário não era nada de especial (14 valores, na área de Ciências e Tecnologias). Fiquei desiludida por não ter conseguido a primeira opção, ou a segunda pelo menos, e culpei-me porque poderia ter feito melhor no ensino secundário.

AIM - Já tinha tido algum contacto prévio com o mundo da Solicitadoria antes de ingressar no curso?

MS - Nenhum. Desconhecia completamente que portas é que esse curso poderia abrir e como estava o mercado de trabalho nessa área. Acabei por confiar no que a minha irmã mais velha me dizia quanto àquela profissão: que traria certamente mais oportunidades do que uma licenciatura na área social, e na verdade ela tinha razão, pois estou orgulhosa da minha opção.

AIM - Obteve a melhor média no exame final do estágio, ao nível nacional, de 17 valores. Como foi recebida a notícia por si e pela sua família?

MS – Todos sabiam que seria aquele o dia em que seriam publicados os resultados e a curiosidade e os nervos eram constantes. Mas eu sabia que passava, apesar de no primeiro dia de exames, um deles não me ter corrido muito bem (eu achava que não me tinha corrido bem e foi no que obtive melhor nota 18,25 valores). A minha primeira preocupação foi ver a nota da minha companheira de estudos e amiga – Leandra Lopes – pois estava preocupada, e fiquei radiante com o facto de ver a palavra “Aprovado” na lista. Depois é que fui verificar o meu resultado e efectivamente fiquei muito contente, mas só me apercebi que era a melhor nota a nível nacional mais tarde. Analisei as grelhas, vi as notas dos meus colegas da ESTG, fiquei triste por alguns que reprovaram, e então foi aí que verifiquei que realmente tinha sido a melhor. Lá em casa ficaram todos muito contentes e orgulhosos, embora cada um expresse à sua maneira. Acho que a expressão que mais ouvi foi “Não é nada que me surpreenda!”. Eles sabem que sou muito exigente comigo, e acaba por não ser uma surpresa. Não sei se isso é bom ou mau.

AIM - Agora quer terminar o mestrado ao mesmo tempo que trabalha num gabinete de Solicitadoria. Onde trabalha actualmente? Quais são os seus planos futuros?

MS – Não trabalho num gabinete de Solicitadoria. Actualmente trabalho no escritório do Dr. Jorge Canelas, advogado em Pombal, há mais de 20 anos, e que teve um papel muito importante na minha obtenção destes resultados, pois desenvolvi algumas capacidades no contacto com a vida prática, e também alguma astúcia e perspicácia na consulta dos vários códigos. O mestrado trazer-me-á o grau que necessito para atingir um dos meus objectivos futuros: leccionar, numa(s) área(s) do Direito. Pretendo também, a longo prazo, estabelecer-me num escritório com alguns amigos de confiança, que serão certamente excelentes parceiros de trabalho, de modo a criar um gabinete de excelência e seriedade.

AIM - Que conselhos quer deixar a aspirantes a solicitadores?

MS – Batalhem pela melhor média na licenciatura em primeiro lugar. Não se resignem a notas baixas, não pensem em ser iguais a tantos outros, ser a “ovelha negra” nem sempre é mau, aliás, neste contexto fui uma ovelha negra com bastante sucesso. Mas nunca deixem de parte os vossos valores e ideais: não compitam com os colegas, mas convosco; mantenham o espírito de entreajuda e de partilha. Sejam realmente bons profissionalmente mas nunca descurem os valores humanos.

AIM - Quais são os principais ingredientes para se atingir o sucesso?

MS – Para mim sucesso não tem que ver somente com inteligência. É muito mais que isso! O principal ingrediente para o sucesso será, na minha opinião, a exigência! Sermos, em primeiro lugar, exigentes connosco. Claro que à exigência estão associadas outras características como a persistência, a dedicação, o esforço, a paixão e a fé.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Filarmónica celebrou 148 primaveras

Os instrumentos aliaram-se à dança e ao canto para abrilhantarem o serão de centenas de pessoas que passaram pelo Teatro-Cine de Pombal, na noite do sábado, 17 de Outubro, para se associarem às comemorações das 148 primaveras da Filarmónica Artística Pombalense. Os sorrisos de satisfação do público e dos músicos revelaram que, no fim, o balanço foi bastante positivo. 



Participação da FAP dança envolveu alunos de Patrícia Valente
Do pop ao rock, passando pelo popular e pelo tradicional. De géneros musicais para todos os gostos se realizou o concerto do 148º aniversário da Filarmónica Artística Pombalense (FAP). Com quase século e meio de existência, a instituição continua a cativar jovens motivados e predispostos a manterem a tradição de uma das instituições mais antigas da cidade. 

A primeira parte do concerto foi dedicada ao trabalho que Patrícia Valente, professora na FAPdança, realizou com os seus alunos. Os alunos da FAP dança, juntamente com a professora Patrícia Valente, fizeram as delícias da primeira parte do concerto. "O ensino da dança, com a recém criada FAP dança, conta com as valência de ballet, dance fusion, sapateado, jazz e hip-hop", mencionou um dos elementos da direcção, Piedade Machado, aquando da apresentação das valências da instituição.

A voz de Cristina Loureiro encantou todos os presentes
"A filarmónica tem participado, actualmente, em concertos, encontros de bandas e festas populares, contribuindo para que se preservem as tradições da instituição junto das massas populares", revelou Piedade Machado, aquando da uma das intervenções daquele serão. Mas não é só de instumentos e de dança que vive a filarmónica: a estas valências junta-se o canto, disciplina leccionada por Cristina Loureiro, directora pedagógica do Conservatório David de Sousa, que (en)cantou na segunda parte do concerto, a par da filarmónica e do maestro e solista  em saxofone soprano César Ramos.  

Actualmente, o ensino de música mantém "a sua Escola de Música, que se dedica ao ensino e ao aprefeiçoamento música, mantém uma parceria com os regimes articulados, livres e supletivos com o Agrupamento de Escolas de Pombal e Gualdim Pais, e o projecto de música no jardim de infância, que leva a música aos mais pequeninos", informou Piedade Machado. 

O sax-soprano de César Ramos fez as delícias do público
Entre as distinções recebidas pela instituição estão a da "Região de Turismo de Leiria - Rota do Sol, com medalha de prata, destinada às colectividades com mais de 100 anos de existência" e a da "Câmara Municipal de Pombal com a medalha de prata da cidade pelos serviços prestados ao ensino, aperfeiçoamento e divulgação da música", afirmou Piedade Machado aquando das intervenções durante o Concerto de Aniversário.

sábado, 7 de novembro de 2015

No dia de S. Martinho, vai um passeio(zinho)?

Dizia ontem o Instituto do Mar e da Atmosfera que hoje as temperaturas iriam atingir um valor superior a 20ºC. Comprova-se, não fosse esta a antevéspera do dia de São Martinho. Comemorada anualmente a 11 de Novembro, esta é uma das celebrações que marca o Outono e a tradição diz que é com “castanhas, pão e vinho” que se assinala a data num magusto.

Mas, afinal, que história é essa?


                                                                  DR
Reza a lenda que, certo dia, um soldado romano chamado Martinho, estava a caminho da sua terra natal. O tempo estava frio e o soldado encontrou um mendigo que tremia por não ter o que vestir, num dia tão gelado quanto aquele. Este pediu-lhe esmola: Martinho rasgou a sua capa em duas e deu uma parte ao mendigo. De repente, o frio parou e o tempo aqueceu. Acredita-se que este acontecimento sucedeu enquanto recompensa por Martinho ter sido bom para o mendigo. O bom tempo prolongou-se por três dias.

A tradição do Dia de São Martinho manda que se assem castanhas e que as acompanhem por um bom vinho, normalmente água-pé ou jeropiga, produzido com a colheita do Verão anterior. Como diz o ditado popular, “no dia de São Martinho, vai à adega e prova o vinho”. Por norma, na véspera do dia 11 de Novembro, o tempo melhora e o sol aparece, tal como sucedeu na lenda. 

De acordo com alguns autores, como José Leite de Vasconcelos e Ernesto Veiga de Oliveira, a realização dos magustos remonta a uma antiga tradição de comemoração do Dia de Todos os Santos, onde se acendiam fogueiras e se assavam castanhas. 

E se o tempo melhora nos dias que antecedem o de São Martinho, porque não fazer algo diferente ou original? Ok, ok. Bem me apetecia ir à praia. Contudo, algumas tarefas domésticas gritam mais alto e a preguiça tende a reinar depois de uma manhã solarenga de trabalho. Portanto, além do tal magusto, porque não dar uma volta até lá fora e cuidar do jardim que, tão bem, embeleza o exterior de casa?

terça-feira, 3 de novembro de 2015

"Vou continuar a viajar para conhecer novas pessoas e novas culturas"

Tem 17 anos, é belga e está a estudar no Agrupamento de Escolas da Guia no âmbito de um programa de intercâmbio. Ophelie De Ryck frequenta o 11º ano do curso de Humanidades desde o início deste ano lectivo e conta que está a gostar da experiência em terras lusas, apesar de tudo ser novidade e de nem tudo ser fácil.

Teve conhecimento do programa de intercâmbio através da "AFS infoday", quando se apercebeu de que poderia ter uma experiência internacional inesquecível. "Ouvi opiniões bastante positivas e a AFS é conhecida por proporcionar óptimas experiências de intercâmbio", contou ao Rodilha. Na altura teve a hipótese de escolher três países: Espanha, Alemanha e Portugal. Acabou por ser seleccionada para o último.
Lembra-se da primeira vez que viu a família de acolhimento: "em Lisboa apanhei o comboio para Pombal e foi aí que vi a minha família de acolhimento pela primeira vez. O primeiro encontro foi muito bom e eu tive um bom pressentimento", recordou com satisfação. Neste momento está a estudar no Agrupamento de Escolas da Guia no curso de Humanidades, no 11º ano, depois de ter deixado temporariamente o país natal, onde estudava no último ano de Linguagens Económicas.
Mas, afinal, quais são os principais propósitos do programa de intercâmbio? "Com o projecto AFS, a intenção é a de ir à escola, estagiar, visitar alguns locais e divertirmo-nos", explicou a estudante belga. Está habituada a viajar e afirmou que "todos os anos no Verão vou de férias com a minha família, e parto à descoberta de novos países". No entanto, esta é a sua primeira vez em Portugal e é também a primeira vez que viaja sozinha. "Está tudo a correr bem, sinto-me acolhida aqui e ainda não tive nenhum problema onde vivo", sublinhou.
Leiria, Pombal, Óbidos e Fátima são algumas das cidades que já visitou, apesar de ter gostado mais da última: "estão lá muitas pessoas, mais do que aquelas que eu  alguma vez vi", acrescentou.

Apesar de a experiência de um mês e de uma semana estar a ser inesquecível,  Ophelie deparou-se com alguma dificuldades: "não conhecia a língua, não conhecia ninguém e foi preciso adaptar-me a uma nova cultura e a uma nova vida", afirmou, acrescentando que o último ponto pode ser também uma vantagem. Quanto às vantagens de uma experiência fora do país, "para mim é mais fácil fazer novos amigos pois muita gente quer conhecer-me por ser a rapariga nova ", continuou.
A viagem de regresso está marcada para o próximo dia 29 de Novembro. No entanto, ainda vai participar, juntamente com outros estudantes do programa, num "campo em Bruxelas", pelo que o regresso a casa a Ghent (Bélgica) será apenas a três de Dezembro. Ophelie sabe que vai voltar no próximo ano, pois está a gostar "da experiência, da gastronomia e das pessoas portuguesas". "Vou voltar para visitar os meus amigos e a minha família de acolhimento", frisou.
Quando foi questionada sobre se o seu futuro iria passar pelas viagens, não hesitou em responder: "eu gostaria de viajar quando fosse mais velha para descobrir outras culturas, outros locais, outras pessoas e gastronomias diversificadas".

domingo, 1 de novembro de 2015

O Inverno e as famosas "Night Runnigs"

Até podia começar o novo mês com um mítico e tradicional texto sobre o Dia-de-Todos-os-Santos. Já me bastou o "Halloween" na escola e os toque ansioso de campainha dos vizinhos mais novos para pedirem o Bolinho. Óptimos argumentos para me afastar da temática. O que vou mesmo fazer é escrever um textinho acerca das vantagens de fazer exercício físico. 

Todos sabemos que o exercício físico faz bem ao corpo e à mente. Ao corpo, porque permite fazer com que nos libertemos daqueles quilinhos indesejados a mais, aumenta a resistência e permite-nos competir com os demais praticantes da nossa modalidade, sem que nos sintamos mal por desistir nos primeiros cinco minutos. 

Por sua vez, faz bem à mente pois, ao praticarmos exercício físico libertamos uma hormona chamada endorfina, uma substância química que, transportada pelo sangue, faz comunicação com outras células e é responsável pelo prazer e pelo bem estar. Sim, parecendo que fazer desporto é sinónimo de sofrimento, não é. Durante e no fim acabamos por nos sentirmo-nos bem e libertar a consciência depois de termos comido aquele croissant de chocolate delicioso ao lanche. Aumenta, portanto, a auto-estima individual.

Já que falámos de algumas vantagens físicas e psicológicas decorrentes da prática desportiva, a questão impõem-se: que exercício praticar no Inverno (leia-se dias deprimentes e chuvosos)? Vou falar acerca da minha experiência do ano passado nos próximos dois parágrafos e da minha experiência actual nos dois seguintes.

Era Outubro de 2014 quando decidi experimentar, pela primeira vez, umas aulinhas no ginásio perto de casa. Por se localizar a uns escassos passos a pé da minha zona de residência e a mensalidade não ser nada de mais, apostei em experimentar algo novo, impelida por uma vizinha. Depois das primeiras aulas de grupo e de alguns exercícios individuais dos primeiros dias, não posso dizer que detestei. Até porque já tinha na cabeça a tal ideia de que "não gostava de ginásios". 

Decidi inscrever-me já em Janeiro deste ano. Fiz contrato e tudo (lá me convenceram de que o contrato seria a solução mais vantajosa). No entanto e passadas dezenas de aulas de cycling (a minha modalidade preferida) desisti. Além de, realmente, comprovar a ideia de que, efectivamente, não gostava mesmo de ginásios, encontrei uma forma mais económica de me sentir bem comigo mesma e em grupo. Foi por isso que aderi às night runnings depois da rescisão de contrato com o ginásio, em Setembro.

Não sei bem em que mês comecei a correr à noite. Mas acho que foi antes de Outubro de 2015. Depois de saber que existia um grupo de pessoas que, durante a noite, corria aqui por perto, decidi ir experimentar. Desta vez não fui aconselhada por ninguém até porque, depois de realizar um trabalho para o Pombal Jornal sobre a Associação da Charneca, abri os meus horizontes para uma forma alternativa de continuar a praticar desporto, pelo menos duas vezes por semana, sem gastar um único cêntimo. 

Comecei nas night runnings, a ver se a não-obrigatoriedade de pagamentos me deixava mais livre para decidir como e quando treinar. Resulta. Tenho ido correr quase todas as terças e quintas e, apesar de não ser federada nem de ter disponibilidade para participar nos Trails de fins-de-semana, acabo por me sentir bem física e psicologicamente. Admito que custa sair de casa nos dias em que está muito frio ou que pinga esporadicamente. Mas, afirmo também, que compensa bastante em termos físicos e emocionais. Libertarmo-nos do stress do quotidiano faz-nos bem. Ponto.

Continuo a correr mas admito que, se chover torrencialmente, não o vou fazer por mero prazer de ficar gripada. Há sempre outras alternativas para ficar em casa (e não é de ver filmes nem de ficar agarrada à TV nem ao Facebook de que estou a falar). As famosas flexões, os rígidos abdominais e o minuto doloroso em "prancha" podem ser algumas das soluções adequadas e dias chuvosos. Nem me atrevo a falar em passadeiras ou em máquinas de ginásio que acabam por ficar a um canto depois dos primeiros dias de utilização, lá na cave ou no sótão. Restrinjo-me a falar do que vale a pena e que, de uma forma económica e eficaz, pode mostrar que não há desculpas para dizer "não" ao exercício físico!