quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Autarcas voltam a reivindicar acesso à A1 em Meirinhas/Barracão

Construir um nó de acesso à Auto-estrada 1 (A1) através do Itinerário Complementar 2 (IC2) em Barracão/Meirinhas é o objectivo da Moção que tem estado em discussão nas Assembleias de Freguesia de algumas localidades de Pombal e de Leiria. Pretende-se facilitar o acesso à A1, bem como aliviar a sobrecarga de tráfego no IC2, entre Leiria em Pombal.
                                                                                                      Foto: Jorge Pereira
A discussão é antiga, mas voltou a estar na ordem do dia nas Assembleias de Freguesia de Vermoil, Meirinhas, Carnide, Bidoeira de Cima e Bajouca. Em causa está a aprovação de uma moção que resultou de um entendimento conjunto das autarquias locais. O documento pretende chamar a atenção para a necessidade da construção de um nó de acesso à A1 no IC2 em Barracão/Meirinhas, obra esta que é apontada como “uma necessidade dado a sua localização estratégica reconhecida e assumida pelos vários quadrantes políticos, agentes económicos e cidadãos”.

“Este nó apresentará mais-valias na fluidez, diminuirá o trânsito nos actuais acessos à A1 em Pombal e Leiria, permitirá um trânsito mais eficiente, com a redução da poluição e com menos emissões de gases para a atmosfera”, pode ler-se no documento que já foi aprovado a 29 de Setembro em Vermoil, mas cujo conteúdo é similar nas restantes freguesias.

Além das vantagens ambientais que decorrem da construção do nó de acesso, os autarcas evidenciam também os impactos económico-financeiros na zona, “tendo em conta a grande concentração de empresas e indústrias nas freguesias mais próximas desse nó”. Colmeias e Memória, Santiago de Litém, São Simão de Litém, Albergaria dos Doze, Bidoeira de Cima, Boa Vista e Bajouca são outras das freguesias que poderão via a beneficiar desta proposta.

É neste contexto que pretendem “solicitar ao Governo a construção urgente deste acesso há muito prometido, dado este ser inequivocamente uma maior valia para o desenvolvimento da indústria e da economia local e regional”, bem como “solidarizar-se com o interesse económico das empresas tendo em vista a melhoria das acessibilidades”. A moção vai ser enviada às câmaras municipais de Pombal e Leiria, às assembleias municipais daqueles dois concelhos, à Assembleia da República e partidos ali representados, ao Primeiro-Ministro, aos ministros da Economia e dos Transportes e das Telecomunicações, à Brisa e Estradas de Portugal.

Recorde-se que já na Assembleia Municipal de Pombal de 29 de Dezembro de 2009, o presidente da Junta de Freguesia de Vermoil, Ilídio da Mota, pediu à Câmara Municipal de Pombal e àquela Assembleia que pugnassem “pela melhoria da segurança do IC2”, apelando a “esforços no sentido de se conseguir o nó da A1 em Meirinhas/Barracão, que é fundamental para o progresso das zonas limítrofes”.

Na altura acrescentou também que, “para potenciar mais esse nó e dar uma nova vida às freguesias mais a sul do concelho, seria importantíssima a construção de uma via que ligasse a A1, o IC2 em Meirinhas/Barracão ao IC8 na zona de Abiúl, uma via que passasse por Vermoil, São Simão, Santiago e Albergaria”, via essa que traduzir-se-ia num “novo ânimo aos empresários destas freguesias”.

IMPACTO PARA AS EMPRESAS TRANSPORTADORAS
Duas das empresas transportadoras que consideram vantajosa a construção do nó de acesso são a Transportes Antunes Figueiras e a Transportes Sousa Gomes, que se localizam em Vermoil e em Carnide, respectivamente. “As empresas de transportes poupam no tempo de viagem já que hoje em dia os motoristas têm que cumprir horários e tempos de repouso; com a actual IC2 não há condições para que os motoristas cumpram na íntegra o disposto na lei”, apontou Dário Correia, da Transportes
Antunes Figueiras.

Por sua vez, António Sousa da Transportes Sousa Gomes destacou o facto de “os veículos perderem muito tempo na nacional com rotundas e semáforos” bem como nas pesadas multas que têm de suportar devido ao facto de os motoristas ultrapassarem os “limites de velocidade na IC2”. “O IC2 tem muito tráfego, e está a tornar-se insustentável. São muitos milhões de euros que se perdem em engarrafamentos, poluição e ausência de tempo de produção”, declarou acerca da inexistência de um nó de Auto-estrada centralizado.

Considera, contudo, que a construção do nó de Auto-estrada pode ser mais favorável se se “baixar as taxas de circulação nas Auto-estradas, porque abrindo o nó facilita mais, há um maior escoamento de trânsito”, o que poderá vir a resultar em “menos acidentes e menores custos na manutenção dos veículos.”

Em jeito de conclusão, Dário Correia sublinhou a importância da desocupação da IC2 devido aos “riscos de acidente inerentes ao excesso de tráfego”, bem como a preocupação com os níveis de poluição que abundam no meio ambiente. “Numa altura em que se fala muito sobre a poluição, não se percebe como é que estes governos não tomam medidas para tirar o tráfego de dentro das vilas e das aldeias, como a Ranha, as Meirinhas ou o Barracão”, insurgiu-se. Por último, ressalvou: “não serão só os automobilistas a ganhar; a população em geral também ganha”.

sábado, 24 de outubro de 2015

2015 e as grávidas que eu conheço

Dizem que "quando nasce uma criança, renasce a esperança" e eu consigo contar pelos dedos das mãos as mulheres grávidas que conheço. Afinal, não são tantas quanto isso. Mas são pessoas que, de uma forma ou de outra, marcaram e ainda marcam positivamente a minha vida.

Refiro-me a amigas, amigas de amigas, à minha prima e à minha madrinha de crisma. Umas com os bébés já nas mãos. Outras com os pequenos nas barrigas. E, outras ainda, com os embriões em formação. São lindas, as minhas amigas que estão de bébé. E este texto serve para as homenagear.

Acredito que ser mãe ou pai seja uma das melhores coisas da vida. Um objectivo de vida inquestionável. Uma lufada de ar fresco na vida de quem o deseja. Acredito que seja um evento inédito e uma experiência indescritível poder ver, em forma de gente, o amor que se sente por alguém. Não será ao acaso que dizem que a soma do amor, é um mais um igual a três. E a mim parece-me que este é o ano, de que tenho memória, que mais mulheres grávidas conheço.  

Três, uma colega de trabalho, uma amiga e uma prima já tiveram os seus rebentos recentemente. Duas meninas e um menino. Pelo menos outras tantas aguardam a chegada do presente com que a vida as agraciou, no final deste ano. E eu estou ansiosa para conhecer esses doces bébés. 

Afinal, como está o retrato demográfico da nossa sociedade actual? Não quero ferir susceptibilidades ao acreditar ou, pelo menos tentar acreditar, que vamos ter um futuro e uma segurança sociais sustentáveis. Coloquem-se a fazer bébés, e depois veremos se somos um Portugal tão envelhecido tanto como as estatísticas nos tentam fazer crer. 

Isto é tudo muito bonito, mas... A questão não passa somente por "fazer bébés". É preciso dar-lhes atenção, dispender tempo a sossegar as suas birras e estar presente quando eles querem brincar. É preciso educá-los num ambiente familiar sereno e pacífico e mostrar-lhes que existe todo um mundo diferente, paralelo ao familiar. É preciso acompanhar os seus crescimentos e estar presente na hora da papa. É preciso saber entender que o choro é de quando têm fome é distinto do de quando têm sono. É urgente estar com eles e não os despejar, logo desde tenra idade, num"lar-para-crianças".

E é neste ponto que "a porca torce o rabo". Pois. Não condeno o facto de as pessoas terem os filhos. Condeno é o facto de não as saberem educar. Afinal, sempre ouvi dizer que "não se pode dar aquilo que não se tem". 

Mas para não me estender muito nas considerações acerca do que é ou não é correcto, já que cada pessoa formula, subjectivamente, um conceito de "educação" para si mesmo, limito-me a desejar as maiores felicidades às seis grávidas (ou ex-grávidas) que conheço ou, mais do que conhecer, significaram algo importante para mim. 

Felicidades, futuras Mamãs!

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Cortes na Música despedem professores e deixam alunos em espera



Há alunos do ensino de regime articulado que estão em lista de espera para iniciarem as aulas no Conservatório de Música David de Sousa, em Pombal. Em causa estão os cortes no financiamento do ensino por parte do Ministério da Educação e Cultura (MEC), que, comparativamente ao ano passado e feitas as contas, representam menos de 200 mil euros anuais para os Conservatórios de Pombal, Figueira da Foz e Coimbra.

Rescisões de Contrato, horários incompletos e alunos em lista de espera são algumas das consequências que decorrem do lançamento das Listas Provisórias, de 27 de Agosto, sobre o financiamento do Ensino Artístico Especializado da Música. Em causa estão os cortes que se verificam no resultado das Listas Provisórias, que variam de escola para escola.

A portaria 224-A/2015 de 29 de Julho 2015, que descrevia as (novas) normas de contratos de patrocínio a celebrar entre o MEC e as escolas do ensino artístico especializado "uniformizava o financiamento das escolas tendo só em linha de conta as regras de cálculo de custo por aluno, esquecendo o tempo de serviço e o escalão dos professores", explicou a directora pedagógica do Conservatório de Música David de Sousa, do Pólo de Pombal, Cristina Loureiro.

Em consequência disso, apenas 13 dos 39 alunos aptos a frequentar o Ensino Artístico Especializado (EAE) nos Agrupamentos de Escolas Gualdim Pais e Marquês de Pombal estão a ter as aulas cumulativamente às do ensino regular. Cristina Loureiro falou nas consequências decorrentes dos cortes que se verificaram "serem desastrosos" para o ensino articulado. "Defraudaram-se expectativas de pais e de alunos, as direcções das escolas e as comissões de horários vêm-se obrigadas a repensar horários de alunos e de docentes, e no que se refere ao EAE, muitos professores viram os seus horários reduzidos e alguns deles viram os seus contratos a serem rescindidos", explicou ao Pombal Jornal.

O financiamento para o ensino articulado da música era da competência do Programa Operacional de Potencial Humano (POPH), que previa que 100% das escolas incluídas em zonas de convergência fossem co-financiadas pelo Fundo Social Europeu. Contudo, referiu Cristina Loureiro, já se chegou à conclusão de que este modelo de financiamento "não é adequado às escolas, sim às empresas, pois existem custos fixos nas escolas que devem ser colmatados". Apesar disso, "não há lucro, já que os alunos em regime articulado não têm de pagar nenhuma mensalidade e não existe auto-financiamento". Por sua vez, são 25 mil crianças e jovens com "aptidões fortíssimas" ao nível nacional, aptas a frequentar o EAE.

O que os professores reivindicam é o facto de, "neste sub-sistema de ensino não ter havido um estudo cuidadoso que antecipasse e previsse o desastre que foi o resultado que constatámos nas Listas Provisórias", adiantou a directora pedagógica. É de se salientar que "houve uma reunião de definição da Rede Escolar da Delegação Nacional da DGESTE, em Coimbra, onde foram aprovadas as turmas para o EAE para o ano lectivo 2015/2016", altura em que as duas turmas de 5º ano de ensino articulado ficaram aprovadas e antes de saírem as Listas Provisórias. A dúvida prevalece: "se elaborámos os contraditórios, porque razão não temos respostas?"

Apesar das más notícias, o Conservatório de Música David de Sousa vai ser abrangido pelo Orçamento de Estado: "o concurso é válido por três anos lectivos", mencionou a directora pedagógica. Vai resultar numa reorganização interna dos conservatórios e academias, o que conduzirá a uma recuperação financeira dessas instituições. Por fim, há uma grande dedicação por parte de pais, professores e alunos e este é um tipo de "ensino muito acarinhado pela comunidade", finalizou.

Regime Articulado

 – 78 alunos do ensino básico (6º ao 9º ano)
- Formação Musical, Classe de Conjunto e Instrumento
- Ensino gratuito

Regime Supletivo

– 7 alunos do ensino secundário (10º ao 12º)
- Formação Musical, Classe de Conjunto, Instrumento, Análise e Técnicas de Composição e História e Cultura das Artes
- Ensino financiado em 50% pelo OE. Os outros 50% rondam os cerca de 1700€ anuais, dos quais os Pais apenas têm que pagar 55% do valor da propina, uma vez que a FAP comparticipa 35% e o CMDS 10%
do valor, respectivamente.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Vai uma fast-running?

Comer para treinar ou treinar para comer? Heis a questão. Não fosse o restaurante de fast-food Burger King, encontrar um lugar privilegiado no andar de cima do edifício do também recentemente inaugurado ginásio Move up. E tudo isto foi pensado para nos baralhar os neuróniosA ironia não deixa de pairar na mente de quem, pela rua dos Bombeiros Voluntários de Pombal, passa: 'bora carregar uns quilos e perder uma calorias? ... Ou 'bora enfardar uns bons quilos e esperar que um milagre queime as calorias de hoje amanhã? 

O dilema é muito aborrecido e nunca foi tão difícil fazer uma escolha tão acertada. Afinal, as opções acabam por ser só duas, para quem está inscrito no ginásio. Ou uma, depende do ponto de vista. Se estou inscrito penso que, para não perder dinheiro, mais vale ir 'carregar uns quilos', nem que seja por uns míseros 30 minutos. Assim opto pela opção de adoptar um estilo de vida saudável e cumprir a promessa que fiz no Natal passado de chegar aos 50 kg. Ou de, pelo menos, não passar os 55. 

Ora se, mesmo inscrita no ginásio, opto pela tentadora mas muito pouco saudável opção de me baldar ao exercício para ir comer um hambúrguer bem recheado de calorias e de coisas 'boas' para a saúde, já conto com duas opções: a contar com esta, do estilo de vida pouco saudável. Oh! Lá se vão os merecidos e irrealistas 50 kg. Mas, afinal, ainda há outra! Porque não fazer um dois-em-um? Depois de um dia de trabalho de cão, 'bora levantar uns pesos ao gym. Depois até posso ligar ao amigo para ir comer umas batatas fritas comigo. Assim os remorsos passam a ser menos e já conto com três alternativas possíveis.

Mas há aqueles que não estão inscritos no ginásio e aí é que 'a porca torce o rabo'. Certamente ir petiscar uns nuggets quentinhos me ficará mais barato do que ir mandar umas corridas para nada. Delicio-me e não tenho de sofrer! Pois, o corpo ideal requer, além do sacrifício alimentar, o sofrimento associado ao cumprimento de objectivos que o personal trainer traça, logo no início do plano. Mas coiso e tal... Porquê não comer hoje se posso emagrecer amanhã?

Depois chego à conclusão de que não é assim tão mau ter um restaurante de fast-food no mesmo edifício do gym. Afinal faz-se um tudo-em-um. Ah, e tal... Não me apetece fazer o jantar e quero comer alguma coisa de digestão rápida. 'Bora ao Burger King, que funciona sete dias por semana, abre antes da hora do almoço e fecha completamente Fora d'Horas!                                                                           Felizmente, a oferta de 'comida-de-plástico' não se fica por aqui. Depois de um intensivo treino de cycling, porque não tomar um banho e andar uns cinco metros (desde a saída da porta principal do ginásio) até à Pizza Hut (que se localiza por debaixo da loja Shop China Maria, no andar superior do Intermarché), e pedir uma pizza com tudo aquilo a que se tem direito? Decerto, o sentimento de culpa não será assim tão grande. Se queimei, posso recuperar. E de forma bem acelerada. Não garanto é que o organismo, no seu pleno funcionamento metabólico, vá transformar em energia tudo o que se consumiu depois do treino. Até porque é de noite e algo vai ficar para a reserva (leia-se, para a banha).                                                         
Não falo em comer o hambúrguer antes do treino no ginásio, pois já experimentei e não correu nada bem. Fazer step com a comida a saltitar no estômago é uma sensação, no mínimo, pouco confortável. 'Ah, mas consomes e depois gastas logo', dizem os entendidos na matéria. Sim, ok, vamos fazer uma fast-running? Vão vocês. Está tudo pensado, meus amigos, mas eu fico-me pelo hambúrguer suculento e estravagantemente delicioso para depois do treino, obrigada. 

terça-feira, 13 de outubro de 2015

“Assisti a uma evolução nas infraestruturas e nas mentalidades”


Docente há 16 anos no Centro Educativo da Ilha e professora de muitas crianças que a aldeia viu nascer, Lucinda Pereira, 46 anos, tem dedicado praticamente toda a vida ao ensino. Residente em Carvide e com uma filha, já é professora do 1º Ciclo do Ensino Básico há 24 anos, desde que tirou o curso de Educação, na Escola Superior de Educação de Torres Novas, tendo-se licenciado, mais tarde, na Universidade Aberta de Lisboa. O RodIlha falou com a professora que conta a que transformações têm vindo a assistir os seus olhos desde que é docente na Ilha.


RodIlha: Apesar de residir em Carvide, é à Ilha que tem dedicado o seu trabalho. A que mudanças tem assistido desde há 16 anos até aos dias de hoje, na localidade onde lecciona?
Lucinda Pereira (LP): Durante todos estes anos, assisti a uma evolução a todos os níveis, especialmente no que concerne às infraestruturas e às mentalidades. Ao nível das infraestruturas, foram construídos o Centro de Dia, o Lar, o edifício da Pré e, posteriormente, o Centro Educativo. Estas valências vieram proporcionar uma maior assistência à família, tanto a idosos como a crianças.
A implementação dos refeitórios nas escolas primárias, bem como o alargamento do período de permanência na escola, das crianças da pré e do primeiro ciclo, através, quer da antecipação da hora de entrada, quer do prolongamento da hora de saída, vieram facilitar a vida profissional dos progenitores.
Ao nível das mentalidades, sentiu-se um aumento quantitativo e qualitativo da participação dos pais/comunidade nas escolas, bem como do acompanhamento em casa aos educandos.

RodIlha: Desde os 22 anos de idade exerce a profissão que é considerada por muitos a base de todas as outras, sendo um trabalho nobre. Quais são os principais desafios com que se depara, actualmente, ao nível do ensino?
LP: Motivar “crianças da era tecnológica”, extremamente “assediadas” pelas novas tecnologias, televisão, Internet e jogos não é tarefa fácil. Exige um constante apelo à sua concentração, de forma a obterem o maior sucesso escolar possível.

RodIlha: Quais são as principais transformações no ensino com que se debate desde que chegou à Ilha?
LP: O avanço rápido da sociedade, a nível científico e tecnológico, “exigiu” mudanças a vários níveis. Consequentemente, desde 2000, operaram-se grandes reformas curriculares no ensino, mais concretamente:
- As alterações na organização do currículo, consubstanciadas, primeiramente, na definição das competências gerais/essenciais ou transversais, e, posteriormente (em 2010), na formulação de metas de aprendizagem, com alargamento substancial do programa a leccionar em cada um dos anos do 1º ciclo;
- A implementação das Actividades de Enriquecimento Curricular;
- A atribuição de tempos mínimos para a leccionação das Áreas Curriculares;
- Os apoios especializados;
- Os currículos alternativos;
- A implementação dos exames nacionais em substituição das provas de aferição;
- A inclusão da Língua Inglesa no currículo do terceiro ano, medida implementada, pela primeira vez, este ano lectivo.
O ensino, à semelhança de outras áreas da sociedade, tem sido objecto de constantes transformações e adaptações, inerentes a todo um processo evolutivo.

RodIlha: Há 16 anos a ensinar na Ilha, certamente já se deparou com episódios caricatos. Há algum que queira partilhar?
LP: Um grupo de três ou quadro alunos do 3º e 4º anos deixaram, propositadamente e sem que ninguém se apercebesse, uma porta das traseiras da escola aberta e após a saída das professoras, no final das aulas, voltaram a entrar na escola para acederem na Internet a sites para adultos. Apenas no dia seguinte, uma professora, quando contava uma história no computador, se apercebeu que tinham acedido aos referidos sites.

RodIlha: Neste momento leciona no ensino básico do Centro Educativo da Ilha, apesar de já ter estado antes numa escola básica. Porquê a Ilha?
LP: Desde 2000, ano em que fui colocada na Ilha, em concurso distrital, concorri sempre à mesma escola e tive a sorte de não ter colegas com maior graduação profissional interessadas nesta escola. A Ilha, porque gostei do ambiente da escola: alunos, pais, comunidade envolvente e, claro, o bom ambiente de trabalho com os colegas/amigos com quem tive e tenho o prazer de trabalhar, foram factores preponderantes na minha decisão de lecionar na Ilha. 

RodIlha: O ensino é uma escolha ou uma vocação?
LP: O ensino, para mim, é simultaneamente uma escolha e uma vocação. É uma escolha, porque, há 27 anos, a via do ensino era uma carreira a seguir, uma vez que a entrada no mercado de trabalho, por esta via, estava praticamente assegurada. É uma vocação, porque sempre gostei imenso de crianças, e trabalhar com elas é muito gratificante. Identifico-me com a minha profissão, sou feliz com o que faço.

RodIlha: O ensino (formal e informal) é um pilar fundamental na vida das pessoas. Quais são os principais desafios e obstáculos com que se depara um professor actualmente?
LP: Numa era em que a “artificialidade social e humana” é cada vez maior, com a consequente perda crescente dos valores fundamentais (pilares) da sociedade humana, nomeadamente, a família, o humanismo e o altruísmo, o professor tem uma responsabilidade acrescida, traduzida na necessidade de se adaptar a esta nova realidade, de forma que possa fazer bom uso e tirar partido das “ferramentas” e recursos que esta “Nova Era” disponibiliza, para transmitir/ensinar, não só as matérias curriculares, mas, também, aqueles valores fundamentais na sociedade humana. O professor tem que ser o “agente mobilizador/catalisador” na batalha contra a desumanização e o artificialismo do “Homem do Amanhã” (os seus alunos).

RodIlha: Na sua opinião, que características deve reunir um bom professor para que responda positivamente às tarefas a que se propõe?         
LP: Um bom professor deve possuir conhecimento do que vai ensinar, ser competente na “arte” de transmitir esse conhecimento (ensinar), promover a igualdade entre os seus alunos, estimular a curiosidade e a vontade de aprender, procurar fazer algo de inovador e seguir as tendências da educação, estando aberto à formação contínua. Paralelamente à sua actividade pedagógica, um bom professor deve estar, também, num processo dinâmico de aprendizagem permanente, pois só assim poderá optimizar as suas aptidões e os seus recursos.

RodIlha: Se pudesse, o que mudaria hoje na sua profissão?
LP: Mudaria a instabilidade existente na profissão. Em relação à prática pedagógica diminuiria a extensão do programa, a carga horária dos alunos e aumentava os apoios educativos.

Ana Isabel Mendes

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Passeio reavivou memória sobre doença de Alzheimer



Foi no âmbito do Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer que dezenas de pessoas se juntaram no dia 21, no Jardim do Cardal, para realizar o “Passeio da Memória”. Sensibilizar a população em geral e cuidadores e dementes em particular, bem como angariar fundos para a Associação Alzheimer Portugal foram os principais objectivos da caminhada que começou e terminou no Jardim do Cardal, com passagem pelo Açude. A quinta edição deste passeio solidário teve lugar de 19 a 21 de Setembro, e aconteceu em várias cidades do país. 


“Começamos a realizar este género de acções em Pombal, desde o segundo ano da edição do “Passeio da Memória”, para alertar para a doença, advertir que existem formas de travá-la, melhorar a performance do doente face aos desafios do dia-a-dia e dar competências ao cuidador”, frisou a Presidente da Delegação Centro da Alzheimer Portugal, Isabel Gonçalves, sobre os objectivos da caminhada.

Cinco euros foi o valor da inscrição para todos aqueles que quiseram caminhar por uma doença que ainda tem muito por descobrir e está envolta de alguns preconceitos. “Independentemente de termos muitas ou poucas pessoas, quisemos homenagear os doentes, os que já faleceram, os cuidadores e os técnicos e foi por isso que decidi manter o dia 21, apesar de ser uma segunda-feira”, explicou a Presidente. “Quisemos assinalar o dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer”, acrescentou. 
 
 “Há um projecto a nascer mas ainda não posso divulgar”, afirmou Isabel Gonçalves sobre uma novidade da Delegação Centro da Alzheimer Portugal, acrescentando que, por vezes, “as pessoas são um pouco resistentes a ideias fora do vulgar em Pombal”.

“Neste momento já somos cerca de 82 mil, dentro de 10 ou 15 anos seremos cerca do dobro e todas as ajudas são bem-vindas. Um cuidador doente é um doente ao quadrado”, sublinhou Isabel Gonçalves enquanto se dirigia às pessoas que faziam o aquecimento para iniciar a caminhada. 

Relativamente às valências da instituição em Pombal existem o Centro de Dia e o Apoio ao Domicílio. Há, ainda, o apoio directo às famílias, aos doentes e às colectividades. “Neste momento temos 15 utentes do Centro de Dia e 90 a quem prestamos serviços de acordo com o estado em que estão: apoio ao domicílio, fisioterapia, terapia ocupacional, entre outros”, continuou a médica no Centro de Saúde. 

“Fazemos sempre campanhas de sensibilização e continuamos com elas; temos formações, workshops e campanhas de rua”, explicou. Não houve distinção de idades ou de sexos para quem quis fazer parte desta caminhada solidária: a única condição para participar foi o facto de “as pessoas estarem em boa forma física para caminhar”.

No que se refere a números e de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, “existirão, actualmente, 35,6 milhões de pessoas afectadas em todo o mundo com a doença de Alzheimer estimando-se que o número duplique até 2030”. Ao nível mundial, a demência afecta 1 em cada 80 mulheres, com idades compreendidas entre os 65 e 69 anos, sendo que no caso dos homens a proporção é de 1 em cada 60. Nas idades acima dos 85 anos, para ambos os sexos, a demência afecta aproximadamente 1 em cada 4 pessoas.


250 euros/mês é o valor necessário para tratar um doente com Alzheimer;
35,6 milhões de pessoas estão afetadas pela demência em todo o mundo;
82 mil pessoas sofrem da doença de Alzheimer em Portugal.