sábado, 23 de maio de 2020

A vida recomeça com um novo "normal"

Desde o dia 14 de março, o que tinha escrito na minha agenda, acabou por não se cumprir. Não fui trabalhar no dia 15 (dia, em que por acaso, tinha folga). Já não vi o horário da semana seguinte e voltei à minha cidade-natal. À minha casinha no campo. Tudo mudou, no espaço de uma semana, num "abrir e fechar de olhos". E nada fazia antever isto. Nada nos tinha preparado para isto.

Acabei por não realizar o que tinha escrito na agenda nas semanas seguintes. Tinha um aniversário marcado, que acabou por não se concretizar presencialmente. Ia começar uma formação de massagens de relaxamento, mas não cheguei a inscrever-me. Acabou por ser adiada. Ao invés, tudo aquilo que ia fazer presencialmente, acabei por adiar ou por fazer via Internet. Se antes usava muito as redes sociais, passei a usá-las ainda mais.

Os eventos adidados deram lugar a formações online, a entrevistas online, a convívios online e a muitos, muitos mais telefonemas e incontáveis video-chamadas. O Skype, no qual já nem sei há quanto tempo tocava, voltou a fazer parte do meu dia-a-dia. Tive fomações em línguas - Espanhol, Inglês e Italiano - por Skype e alguns "meetings" via Zoom. Descobri as funcionalidades do Microsoft Teams e aprofundei os meus conhecimentos em programas de vídeo gratuitos.

Não desdizendo tudo aquilo que escrevi no post anterior, aproveitei este tempo em que a vida me/nos trocou os planos para ler, escrever, aprofundar conhecimentos em determinadas áreas e em obter uma certificação para poder dar formação. Aproveitei, tenho aproveitado o tempo de uma forma produtiva, que não havia estado planeada. Tenho aproveitado para fazer aquilo que, noutras circunstâncias, não teria tempo para fazer.

Tenho tentado manter o espírito positivo. Mas não é fácil, principalmente quando se está há algum tempo sem obter qualquer tipo de rendimento. Aprender, aprender, aprender tem sido o meu lema, diariamente. 

Tudo mudou. Quase de um dia para o outro. É por isso que nos temos de adaptar. Sem que ninguém nos tivesse avisado e sem preparação prévia para tudo o que está a acontecer, é tempo de dizer que "Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças", como disse Leon C. Megginson.

E agora... Desde o inicio deste mês, estamos a assistir a um desconfinamento gradual e faseado. De máscara, de luvas e de viseira, vamos saindo aos poucos de casa. Mantendo o distanciamento a que a pandemia nos obriga, é aos poucos que retomamos os contactos sociais. Ao vivo!  É a vida a recomeçar com um novo "normal". Aquele que não conhecíamos antes. Aquele que, aos poucos, vamos construíndo passo-a-passo.  

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Por favor, parem de romantizar esta pandemia!

É isso mesmo que eu quero dizer. "Por favor, não romantizem esta pandemia! Sim, sei que as crises são ciclicas; as crises económicas são ciclicas, as crises políticas são ciclicas e as crises pandémicas também. Muito se tem escrito, dito, lido e refletido acerca do momento atual. Desta pandemia que virou do avesso todas as nossas vidas. Desta pandemia que adiou sonhos e cancelou planos. Desta pandemia que veio para ficar (não se sabe por quanto tempo) e  que alterou a forma como nos relacionamos uns com os outros.



Temos vários exemplos de crises pandémicas que, ao longo dos séculos, assolaram países, desolaram sociedades e ceifaram inúmeras vidas. 

Temos o exemplo da Peste Negra, também conhecida como Peste Bubónica, Grande Peste, Peste ou Praga que, até à data, foi a pandemia mais devastadora registada na história humana, tendo resultado na morte de 75 a 200 milhões de pessoas, atingindo o pico na Europa entre os anos de 1347 e 1351 (meados do século XIV). Temos o exemplo da Gripe Espanhola, também conhecida como gripe de 1918, que foi uma vasta e mortal pandemia do vírus influenza. De janeiro de 1918 a dezembro de 1920, infectou 500 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população mundial na época. Temos um exemplo mais recente da pandemia de gripe A de 2009, que foi uma pandemia de uma variante de gripe suína cujos primeiros casos ocorreram no México em meados do mês de março de 2009.Veio a espalhar-se pelo mundo, tendo começado pela América do Norte, atingindo pouco tempo depois a Europa e a Oceania. 

Com uma duração de cerca de 20 meses, de janeiro de 2009 a agosto de 2010, foi a segunda das duas pandemias que envolveu o vírus da gripe H1N1 - a primeira foi a pandemia de gripe espanhola de 1918–1920. O vírus foi identificado como uma nova cepa do já conhecido Influenza A subtipo H1N1, o mesmo vírus responsável pelo maior número de casos de gripe entre humanos, o que tornou possível também a designação nova gripe A, em oposição à gripe A comum. 

Temos estes e outros exemplos. E temos a pandemia de hoje. O Coronavirus, o Covid-19. Tal como disse uns parágrafos atrás, muito se tem dito e escrito acerca deste assunto. Muito se tem romantizado este assunto. Eu acho isso ridículo. Não vejo nada de "romântico" nas vidas que este vírus levou. Não vejo nada de "romântico" nos infetados que este virus continua a "eleger". Não vejo nada de "romântico" no facto de ter de ir às compras de máscara e de viseira. Não vejo nada de "romântico" no facto de não poder viver em LIBERDADE. Não vejo nada de "romântico" no desemprego que este virus causou e continua a causar.

E é acerca disso que quero refletir. Tal como eu, há imensas pessoas desempregadas à conta deste vírus. Pessoas a quem foi levado o direito de trabalhar, de ter um salário ao final do mês e uma vida digna de quem suou muitas horas para receber (por vezes uns trocos) ao final do mês. Ah e tal, "vê na crise uma oportunidade". Ah e tal, "porque não começas o teu próprio negócio?". Ah e tal, "aguarda, que melhores dias virão". Ah e tal, "estamos mal mas podia ser pior".

O quê??? Please, é fácil falar quando se está empregado, quando se está em teletrabalho ou quando ainda se mantém alguma fonte de rendimento (mesmo que mais reduzida) em tempos de pandemia. Dizem-me que "melhores dias virão". Então e como continuo a pagar as minhas despesas, sem um salário ao final do mês? Boa vontade aqui não resulta, meus amigos, desculpem-me. Estamos mal mas podíamos estar pior. Claro, podíamos sempre estar pior... Começar o meu próprio negócio? Como? Se nem experiência de vida e de trabalho tenho neste momento? Ver na crise uma oportunidade? Qual? Digam-me, por favor, talvez assim fique mais animada. 

Agora, por favor, PAREM DE ROMANTIZAR ESTA PANDEMIA. 

terça-feira, 5 de maio de 2020

"A minha pátria é a Língua Portuguesa"

Celebra-se hoje, pela primeira vez, o Dia Mundial da Língua Portuguesa. Essa que é a quarta língua mais falada em todo o mundo e a mais falada no hemisfério sul. O dia de hoje foi decretado em novembro do ano passado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e celebra-se no mesmo dia que o da Cultura nas Comunidades dos Países da Língua Portuguesa (CPLP). 
O português é falado por mais de 260 milhões de pessoas nos cinco continentes, ou seja, por 3,7% da população mundialÉ língua oficial dos nove países-membros da CPLP - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste e Macau, bem como língua de trabalho ou oficial de um conjunto de organizações internacionais como a União Europeia, a União Africana ou o Mercosul.

É a língua de Camões, de Mia Couto, de José Rodrigues dos Santos, de Miguel Sousa Tavares, de Margarida Rebelo Pinto e de tantos outros autores que tanto aprecio e leio. É a língua de José Cid, de Mariza, de Fernando Daniel, de Ana Moura, de Carolina Deslandes e de tantos outros cantores que, todos os dias, ouço. É a língua da Filomena Cautela, do Ricardo Araújo Pereira, de Nuno Markal, de Marina Mota, de Pedro Tochas  e de tantos outros humoristas que nos fazem rir. Em PORTUGUÊS.

Essa minha língua que "é a minha pátria". Como disse no século passado Fernando Pessoa, "a minha pátria é a Língua Portuguesa". Penso que quando se referia a esta "pátria", o poeta falava na "pátria" além-fronteiras; além dos limites físicos deste nosso pequeno GRANDE Portugal. A "pátria" onde o PORTUGUÊS é falado fora de Portugal. E foi há dois e três anos que, pela primeira e segunda vezes, celebrei este bonito dia fora de Portugal,  em Maputo, na Escola Portuguesa de Moçambique. Aí, fez ainda mais sentido a celebração deste dia, que ainda não era o Dia Mundial da Língua Portuguesa, mas que era o dia da CULTURA na CPLP.

Senti, como nunca antes havia sentido, a força da celebração do dia da Cultura nas Comunidades dos Países da Língua Portuguesa, aqueles em que se fala PORTUGUÊS. Em contexto de trabalho internacional, trabalhava numa Escola Portuguesa Internacional, onde se ensina a Língua Portuguesa. Essa língua tão bonita que é tão minha, que é tão tua, que é tão nossa, que é tão deles.

Essa língua em que podes expressar a SAUDADE, como não o podes fazer em mais língua nenhuma. Essa língua com um SENTIMENTO e com uma INTENSIDADE incomparável à de tantas outras espalhadas pelo mundo. Essa língua em que o AMOR pode ser ROMA, em que LUAR pode ser RAUL, em que ANOTARAM pode ser MARATONA, que em SERVIL pode ser LIVRES. Sim, sejamos LIVRES para falar a Língua Portuguesa, todos os dias da nossa vida!