segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

"Prometo falhar" apresenta nova perspectiva aos pombalenses

O livro "Prometo falhar" foi apresentado no dia 23, pelas 21h30, na Biblioteca Municipal de Pombal (BMP). O "ilusionismo linguístico" e a ideia de imperfeição fizeram parte do serão de cerca de 70 pessoas. Pedro Chagas Freitas levou a cabo um debate elucidativo e algo controverso sobre a sua mais recente obra publicada. No fim, ficou a fila para as dedicatórias e para os autógrafos. 

O primeiro desafio foi o de tentar perceber, afinal, qual era a ideia que o autor queria transmitir aos leitores, com a imagem, através das interrogações de um mundo virado ao contrário. "Ver o mundo ao contrário", "mergulhar de cabeça" e olhar a realidade sobre uma "perspectiva diferente" foram algumas das conclusões tiradas pelo público acerca da imagem da capa do "Prometo Falhar", onde aparece uma mulher virada do avesso. 

Pedro Chagas Freitas apresentou a mais recente obra 
Seguiu-se a interpretação da mensagem do título: "a promessa mais pura que posso fazer é esta, a de falhar", resumiu o autor acerca da sua própria escolha. Afinal, o ser humano enquanto ser imperfeito, que está em constante aprendizagem, merece a atenção de um escritor que se considera, também ele, imperfeito.  

A ideia de imperfeição, a honestidade, a consciência de si mesmo e a humildade, são, afinal, alguns dos traços marcantes da obra.

A reflexão sobre o amor e a condição humana são dois elementos constantes na narrativa do autor. "O amor acontece quando desistimos de ser perfeitos" fala num amor global, no que temos pelo outro, de uma ligação ao objecto. A advertência para a não criação de falsas expectativas que, no fim, acabam por desiludir, e a não idealização de um ser perfeito, porque, afinal, não existe, constituem-se, pois, como as principais mensagens subjacentes ao subtítulo.

A percepção do outro enquanto "microrealidade" e as construções de pequenos mundos que acabam por ser transversais a todos os leitores são a base que sustenta o livro. "Cada um vive a obra de uma maneira única. O que cada um sente perante determinada situação" é interpretado por cada um, enquanto ser individual, de acordo com as próprias vivências, frisou o autor. 

Um romance? Um conjunto de ideias? Um diário?

O serão de sexta-feira contou com casa cheia na BMP
"Prometo falhar" não é um romance, um policial, um histórico e muito menos um conto convencional. Consiste numa compilação de ideias, frases e até mesmo fragmentos de texto que, no seu todo tentam retratar o quotidiano de cada um de nós. Todas estas ideias surgiram das opiniões dos seguidores de Chagas Freitas que, através de uma página do facebook, tiveram a oportunidade de expor aquilo que, posteriormente, viram publicado num livro. 

"O objectivo era o de a pessoa comentar de manhã, e o texto aparecia à noite, por volta das 22h, ao longo de 365 dias. Escolhi uma linha de pensamento", explicou o autor. No fim, "as pessoas que leram o livro do principio ao fim perceberam a forma como organizei os textos", completou.

"Escrita criativa entende-se como toda aquela que nós criamos", respondeu o escritor a uma das questões que fora colocada acerca do processo criativo, momentos antes. "Todos somos escritores mas só alguns escrevem", referiu. Afinal, Pedro Chagas Freitas, entende que a capacidade de sermos felizes está associada à forma "como narramos o que vivemos". Para si é importante contar o que lhe apetece e considera que não escrever é "um desperdício da nossa sensibilidade". 

 Houve tempo para as dedicatórias e para os autógrafos
Ao longo do processo criativo o autor defronta-se com algumas dificuldades que deve enfrentar com resiliência. As principais ocorrem aquando da publicação de uma obra. Por existir sempre quem goste e quem não goste das suas obras, tornar um trabalho público não é fácil, mas, declarou o autor, "os umbigos têm de gostar" e, para que outros "umbigos" gostem, o escritor tem de ser o primeiro a admirar a própria obra. 

"Prometo falhar" conta já com 20 edições e mais de 70 mil exemplares vendidos. Em dez anos de 150 publicações, Pedro Chagas Freitas conta já com 20 obras publicadas, entre as quais: "Mata-me", 2005, "O Evangelho da Alucinação", 2006, "Já Alguma Vez Usaste o Sexo sem Necessitares de Usar o Corpo?", 2007, "Os Dias na Noite", 2008, "As Incongruências da Sorte", 2010, "Porque Ris Sabendo que Vais Morrer", 2010, "Só os Feios é Que São Fiéis", 2010, "Envelhenescer", 2010 e "In Sexus Veritas", 2013.

O redactor, publicitário, jornalista, cronista, guionista, criador de jogos, humorista, editor, chefe de redacção, operário fabril, nadador-salvador, barman e porteiro de bar, refere na sua página do facebook, que acredita que "a única coisa que deve ser levada a sério é a brincadeira". E é por isso que está já a preparar algumas surpresas para breve: o livro "666" promete marcar a diferença com 666 capítulos, cada um deles com seis palavras. 

Fotografias: Município de Pombal

sábado, 24 de janeiro de 2015

Pais exigem construção de novo Centro Escolar

Os representantes dos encarregados de educação do jardim-de-infância e da EB1 de Meirinhas exigiram respostas concretas sobre a construção de um novo Pólo Escolar, no dia 17, em Assembleia de Freguesia. Em causa está a ausência de obras de melhoramento dos espaços escolares e a eventual deslocação de cerca de 150 alunos para as instalações do Centro Escolar de Vermoil. Prespectiva-se a construção de um novo Centro Escolar em Meirinhas em 2016.

“Viemos por iniciativa própria porque se trata de uma situação muito pertinente, temo-la debatido verbalmente e queremos deixar um registo escrito da nossa posição”, assegurou Carla Parreira, Representante da Mesa da Assembleia da Associação de Pais, durante a passada Assembleia de Freguesia que se realizou no dia 17 de Dezembro na Junta de Freguesia.

Em comunicado dirigido à Assembleia pode ler-se que há necessidade de saber qual é o “ponto da situação” pois “aliado ao facto de continuar a verificar-se situações que carecem de resolução, reparamos que nos vemos privados de responder aos Encarregados de Educação que nos abordam com questões relacionadas com este assunto”.

Em causa está o papel da educação assim como a possibilidade de deslocação dos 153 alunos que, ao todo, frequentam o jardim-de-infância e da EB1 de Meirinhas, para o Centro Escolar de Vermoil.

“Queremos avançar com a maior celeridade possível o projecto do novo Centro Escolar: assim já evitávamos a cobertura na escola”, afirmou, em resposta aos pais, o Presidente da Junta de Freguesia, Avelino António. “Estão feitas as diligências para a construção. Os técnicos e o Presidente já se deslocaram e decidiram qual seria o sítio ideal: há pais que têm crianças na Escola e na Lua Nova, e têm de se deslocar, e ali estaria tudo concentrado”. Pretende-se, ainda, que haja um “acesso directo para o parque do Centro Escolar”, para que se resolvam questões de congestionamento do trânsito em horas de ponto.

No fim assegurou que o avanço da construção desta obra é uma “questão de burocracia”, que está a ser tratada em tribunal. Disse ainda que a perspectiva de colocação das crianças no centro Escolar de Vermoil não passa, neste momento, “de uma desconfiança”.

Apesar de a pretenção ter sido a de obter “respostas objectivas e concretas no que concerne ao melhoramento da rede de escolas de Freguesia de Meirinhas”, no fim as dúvidas prevaleceram: “saímos com muitas pretensões e ideias mas nada em concreto no papel”, assegurou Carla Parreira. Adiantou, ainda, acerca de um possível deslocamento para Vermoil, que “significará um empobrecimento da freguesia [de Meirinhas] ao nível económico, social e cultural.

O expoente da construção do Centro Escolar de Meirinhas será em 2016. Para 2015 há uma dotação de 200 mil euros, enquanto em 2016 são 1,3 milhões. O investimento total cabimentado para o Centro Escolar de Meirinhas é assim de 1,5 milhões.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Campanha “200 pijamas solidários” ajuda Cercipom

“Promover a reciclagem solidária e contribuir para instituir o hábito da troca e das doações” são os principais objectivos dos “Amigos da Anita”. Finda a campanha mais recente, “200 pijamas solidários”, no passado dia 22, é altura de fazer as contas a um balanço que se revelou “bastante positivo”.

“Mais uma vez provou-se que todos, sem excepção e mesmo com pequenas acções, podem ser intervenientes activos na mudança do contexto que nos rodeia”, mencionou Ana Rita Santos acerca da acção que teve como objectivo a recolha de pijamas destinados aos utentes da Cercipom, que decorreu entre os dias 8 e 22 de Dezembro.

Apesar de todos os anos desenvolverem iniciativas no Natal, esta foi a primeira vez que recolheram pijamas. “Esta ideia surgiu de uma forma muito intuitiva a propósito de como, sem nos desviarmos do que é o conceito do nosso projecto, poderíamos ajudar sem recurso a dinheiro crianças mais desprotegidas”, revelou a mentora.

Pijamas e brinquedos associaram-se numa acção solidária que toca a todos. “Considerámos que estes poderiam ser uma peça de vestuário importante devido ao Inverno rigoroso e à necessidade de conforto”, explicou acerca da razão principal da recolha. Apesar de ter sido a primeira iniciativa do género, o balanço revelou-se, no fim, “bastante positivo”. Os presentes foram distribuídos na passada segunda-feira, altura em que a assistente social regressou ao trabalho.

 “O projecto dos Amigos da Anita funciona como uma plataforma solidária ‘contínua’ onde se pode doar/ receber, todo o ano, de uma forma muito táctil, muito ‘intuitiva’ e neste sentido, o nosso objectivo central é ajudarmos quem precisa com aquilo que nos vai chegando pelos doadores”, explicou Ana Rita Santos.

Quem são Os Amigos da Anita?

É um grupo informal que se estabeleceu em 2010 num local cedido e partilhado pela Comissão da Capela do Casal Fernão João. “O projecto teve a sua origem com a junção de vários ‘amigos’ que partilhando das mesmas preocupações e modos de ver o contexto que os rodeia decidiu estabelecer um papel activo”, declarou a mentora.

O salão da capela do Casal Fernão João que foi cedido desde o início do projecto em 2010 é partilhado entre os voluntários, as actividades do Centro de Catequese e as festas religiosas. Devido ao aumento de pedidos de bens de primeira necessidade e porque o espaço é insuficiente para responder a todas as pessoas, é preciso procurar um sítio maior. Se isso acontecesse traduzir-se-ia “na possibilidade de nos formalizarmos como Associação sem fins lucrativos”.

Trocar e doar são dois dos conceitos que o projecto ensina. Contribuir para instituir o hábito da TROCA, “como é o caso dos artigos de criança e que podem no nosso espaço serem trocados pelos tamanhos/artigos que pretendem” e, por outro, “no caso das DOAÇÕES, poder ao desfazer-se das coisas que já não gosta/usa, ajudar quem precisa”, finalizou Ana Rita Santos.

Os artigos podem ser entregues ou solicitados pessoalmente aos sábados das 15h as 18h no Salão da Capela do Casal Fernão João ou através do contacto da página do Facebook ou do telemóvel (+351 911 809 868) para recolha ao domicílio.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

TAP termina encontro com balanço positivo

A peça "Romeu e Julieta" esteve em palco na noite de sábado passado. Fez parte de um encontro de teatro de três dias, entre 9 e 11 de Janeiro, promovido pelo Teatro Amador de Pombal (TAP). A direcção falou de "um balanço positivo", que tem dado ao grupo a hipótese de dar a conhecer o seu trabalho. "Humildade", "esforço", "trabalho" e "dedicação" estão entre as características que um candidato a actor deve ter. 

"O balanço da peça «Romeu e Julieta» é super positivo e a prova disso são as brincadeiras dos próprios actores", explicou a dirigente do grupo enquanto os colegas questionavam, em tom de divertimento, se a entrevista era para a TVI. "Esgotámos praticamente três salas em Pombal o que, até agora, não tínhamos conseguido. É um achado", reforça. "Há um reconhecimento do público pombalense pelo nosso trabalho e essa é a melhor gratificação que podemos ter". 

Opinião semelhante tem Humberto Pinto, secretário do TAP. "Tem tido um balanço positivo, quando mais não seja porque está a haver teatro. Claro que gostávamos de ter as salas esgotadas. Mas o público tem-se divertido imenso", afirmou após a apresentação da peça.

"Esta ideia surgiu um pouco da nossa necessidade de, como não temos um espaço próprio, pretendermos receber grupos com os quais possamos fazer um intercâmbio ao longo do ano", afirmou Catarina Ribeiro, directora do TAP sobre um dos objectivos desta segunda edição. Por quererem retribuir a vinda de grupos de teatro cá, como o Leirena Teatro e o ESTE - Estação Teatral, foram vindo a desenvolver esta ideia; afinal é uma forma de darem a conhecer o próprio trabalho e de "alargar a rede de contactos".

Nesta edição, o TAP contou com alguns apoios: a Câmara Municipal de Pombal cedeu o espaço, os equipamentos e ajudou com a publicidade, a Junta de Freguesia ajudou com as estadias e com as refeições e o INATEL também apoiou o evento. A maneira utilizada pelo grupo para obter receitas é a cobrança de um preço simbólico pelos bilhetes, quando se trata, principalmente, de entidades públicas.  

Catarina Ribeiro acredita que é importante existir um "trabalho contínuo" pela divulgação do teatro junto aos miúdos e aos graúdos. "Tem de haver um trabalho bem pensado para a cidade", algo que só é possível se for árduo, contínuo e persistente. "Usamos a publicidade em papel e as redes sociais, pois é a forma mais global para divulgar mais eficientemente." O boca-a-boca e o convite pessoal, claro, não são objectos de divulgação descurados.

"A primeira coisa pela qual luto em relação ao teatro é que Pombal tenha uma programação mensal e coerente, em que haja teatro uma vez por mês e em que as pessoas venham ver", realçou Humberto Pinto, que também faz parte do elenco. "Acho que isso ia ajudar porque traria mais público e as salas estariam mais cheias."

O que é e como actua o Teatro Amador de Pombal?

O TAP já existe desde 1976 e a sua criação remete para "um grupo de estudantes da Escola Secundária que decidiu fazer um grupo extra-curricular", explica a mentora, acrescentado que o professor Eusébio foi um dos fundadores deste grupo. "Esse trabalho foi prolongado e foi melhorado. Neste momento os nossos objectivos são trabalhar com encenadores profissionais, já trabalhamos com pessoas de uma grande experiência, como o professor José Carlos Garcia, director técnico do Chapitô e o Nuno Pinto Custódio que é o director artístico da ESTE. Já estamos a trabalhar com pessoas ligadas ao mais alto teatro profissional", referiu.

Neste momento o TAP conta com 12 a 15 elementos, mas está aberto à recepção de novos que queiram aprender. "Cada um de nós dá cerca de 40 horas semanais ao grupo", embora não seja fácil conciliar o tempo de trabalho com uma outra actividade profissional, reconheceu a directora do TAP. "Para fazermos as coisas acontecerem temos de nos dedicar". Humberto Pinto deixou uma mensagem a todos os que queriam participar no grupo a aparecer nos ensaios: "normalmente temos ensaios às sextas-feiras à noite e aos sábados à tarde no Teatro-Cine. Somos um grupo aberto, e basta fazer um contacto para vir ter connosco".


Cortesia: Teatro Amador de Pombal
O trabalho em grupo é fundamental para que se possam organizar. "Conseguimos melhores preços e melhores condições com os parceiros que temos", explicou Humberto Pinto. Depois é necessário mobilizar meios diversos para dar a conhecer todo um trabalho que tem vindo a ser realizado ao longo do tempo e que não estagna. 

"O teatro traz-nos um conhecimento de nós próprios completamente diferente daquilo a que estamos habituados", referiu Catarina Ribeiro. "Obriga-nos a ter uma percepção física com o espaço e com o outro. Leva-nos a fazer uma auto-reflexão, porque quando estamos perante o público temos de nos mostrar, é uma conquista e uma luta para ultrapassar obstáculos".

"Persistência, capacidade de trabalho, mas acima de tudo, humildade" são algumas das características que um aspirante a actor deve reunir, nas palavras de Catarina Ribeiro. "No dia em que acha que sabe que pode fazer tudo, que não tenha noção de que possa melhorar e tem de errar muito, para crescer, nesse momento não cresce mais como actor. Humildade é o factor principal", sublinhou.

"Qualquer aspirante a actor deve ver teatro. Isso é tudo: ao estares a ver estás a aprender. Ao ver umas coisas aqui e outras ali, tu mesmo podes usar um pouco o que é dos outros", declarou Humberto Pinto. A sua convicção é a de que a vida real e o teatro andam de mãos dadas. "Dá-nos algumas ferramentas para o dia-a-dia, para o trabalho, para lidar com a família, ferramentas que o teatro nos dá e nos ajuda a gerir conflitos. A vida do teatro e a vida real misturam-se um pouco e ambas têm um bocadinho de cada", explicitou acerca daquela que é uma paixão há mais de dez anos. 

E quanto aos projectos para 2015?

Este ano prevê-se chorudo e recheado de novidades. Há muito trabalho pela frente: "vamos correr o país este ano com o «Romeu e Julieta», temos imensos pedidos de espectáculos para esta peça", explicou Catarina Martins.  "Vamos estar em cooperação com a organização de um Festival de Teatro, que se realizará em Março", desvendou. "Estamos a preparar uma nova produção infantil que vai estrear no dia 30 de Maio. Vamos continuar a fazer espectáculo e a organizar o nosso aniversário que será em Junho", concluiu. 

Humberto Pinto também acrescentou que iriam estar em Gaia. "Temos o Festival de Teatro de Pombal, que organizamos em parceria com a CMP, temos a organização do nosso aniversário. Vamos iniciar uma nova produção infantil". Os espectáculos são sempre feitos a pensar em todos, mesmo quando têm como foco os miúdos. 

Os elementos que constituem o TAP estão abertos a novas propostas e a novos projectos que surjam bem como a colaborar com as entidades que o solicitem.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

"Je suis Charlie"

Foi há dois dias, no passado 7 de Janeiro, quarta-feira num jornal francês satírico "Charlie Hebdo", que ocorreu um ataque terrorista no interior das  instalações. A informação veiculada pelos meios de comunicação social nacionais e internacionais mostrou um ataque infame, levado a cabo por jihadistas franceses, cujo objectivo seria o de "vingar Maomé". Ora, penso que nenhuma crença, nenhuma religião e muito menos nenhum profeta desejaria que se morresse em nome dele. Falamos de extremistas, quando nos referimos àqueles que levam a crença tão longe, que a veneram, amam-na mais do que a própria vida, e sacrificam-na em nome da religião. Três extremistas vitimaram cerca de 12 pessoas, duas das quais polícias. Foi há dois dias. Mas a memória prevalece viva, presente e ferida.

A recordação tem de permanecer presente e estar actual. Ontem, hoje e sempre. Isto para bem e em nome da liberdade de expressão que, mais uma vez, foi ameaçada. Não podemos ter medo, nós, os ocidentais que tanto lutámos pela liberdade. É preciso agirmos e não nos calarmos perante as armas que tentam aniquilar os lápis destemidos. A sátira inconveniente. A verdade incómoda. Continuo a acreditar que o lápis e a liberdade de expressão são as melhores (e as maiores!) armas que uma sociedade dita livre e democrática pode ter. Mesmo que menos poderosas que as armas aterrorizadoras dos que não têm argumentos para combater a liberdade de expressão e que as usam, impiedosamente, contra os que lutam por uma conquista não muito antiga.

Perante aquele que foi um ataque crasso aos ideais que estão subjacentes à revolução francesa de 1789, liberté, égualité et fraternité, tenho a dizer que, numa sociedade democrática, é mais do que inaceitável. Dizer "não" a qualquer tipo de extremismo, quer seja de direita, quer seja de esquerda, é gritar "sim" à e pela democracia. 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Pombalenses estão pouco optimistas para 2015

Já aí está o ano novo e com ele chegaram novos cortes na educação e impostos mais gravosos sobre os combustíveis, o tabaco e as bebidas alcoólicas. Muita da austeridade de 2014 vai manter-se e com ela também prevalecem medidas que desfavorecem a função pública, de que é exemplo o congelamento das progressões de carreira.  

Chega 2015 e, com ele, novos impostos. Os combustíveis, o tabaco e o álcool são os principais alvos de aumentos. Os cortes na educação e no abono de família vão agravar as dificuldades sociais. As boas notícias vão para os reformados e os pensionistas, que apenas vão cooperar com a contribuição extraordinária de solidariedade se auferirem um rendimento superior a 4.611,42 euros. Os funcionários públicos vão ver devolvidos 20% dos cortes salariais.

Há menos dinheiro para o abono de família porque o Orçamento de Estado para 2015 canaliza menos 6,49 milhões de euros para esta prestação social, o que significa que há famílias que a vão perder ou ver reduzido o valor. O maior corte da despesa do Estado para o Orçamento do próximo ano é de aproximadamente 750 milhões de euros na educação, ao nível do ensino básico e secundário. O preço dos combustíveis vai subir: trata-se de um aumento de 20 euros por cada mil litros de gasolina, gasóleo e GPL que visa as gasolineiras que acabam por fazer refletir o que pagam ao estado no que cobram aos contribuintes. O imposto sobre o tabaco já existe, mas vai ser alargado ao rapé (pó para inalar), tabaco de mascar, tabaco aquecido, cigarros electrónicos, charutos e cigarrilhas.
           
As poucas boas notícias vão ser para os reformados, que apenas vão contribuir para a CES (contribuição extraordinária de solidariedade) se auferirem um rendimento superior a 4.611,42 euros. Também os funcionários públicos vão reaver 20% dos cortes salariais. Descem, ainda, o IRC e as taxas moderadoras.    


Os funcionários públicos vão reaver 20% dos cortes salariais. O aumento das pensões mínimas de invalidez e de velhice é mínimo, de apenas 1%, o que equivale a mais 2,59 euros na carteira ao final do mês. Por sua vez, a contribuição extraordinária de solidariedade (CES), que até aqui penalizava as pensões de 1.500 euros, continua a existir, mas só para pensões a partir de 4.611,42 euros.
                          
Estas medidas vão pesar na carteira e na vida dos pombalenses. Com mais ou menos influência, todos vão sentir a diferença. Afinal quais são as perspectivas para 2015? O que pensam acerca do novo ano? Como vão responder às dificuldades que se lhes vão impôr?

Opiniões_________________________________________


Fernanda Alegrete, 58 anos Professora do 1º ciclo aposentada

Ao tomar conhecimento do Orçamento de Estado para o ano 2015, do montante do corte na área da Educação e dos ciclos (básicos e secundário) em que estes iam incidir, pensei “o ensino básico ainda é grande pobre da educação”. Mais uma vez se confirma. Com a redução das verbas acrescem as dificuldades para todos os envolvidos: pessoal docente e não docente, pais e encarregados de educação. Apesar do meu optimismo, a minha opinião pessoal é que 2015 não vai ser um ano melhor, infelizmente! Com estas pespectivas quem trabalha por gosto e com gosto? Eu não trabalhava! 
Os reformados e os aposentados vão ser bastante beneficiados porque vai desaparecer a contribuição extraordinária de solidariedade (CES). Nesse aspecto, eu e muitos na minha situação irão sair beneficiados. Também irá beneficiar a função pública por causa dos 20% da reposição dos salários. Penso que serão poucas das coisas positivas que aí vêm.


Paulo Ferro, 45 anos Funcionário Público da Câmara Municipal de Pombal

Em relação à questão dos cortes nos abonos de família é evidente que esta situação se vai reflectir no bolso de muitas famílias, além do custo de vida estar já excessivamente caro há menos apoios no que diz respeito a pessoas que têm filhos nas escolas. O aumento indirecto dos combustíveis é muito mau, principalmente para quem trabalha ou cuja vida profissional depende de veículos, em relação aos combustíveis, porque vai fazer com que aumente muito mais as coisas que nós adquirimos, nomeadamente os bens essenciais. Eu nunca concordei muito com “o imposto mais fácil” sobre o tabaco, porque as pessoas não deixam de fumar efectivamente pelo preço tabaco subir, muito pelo contrário, continuam a fumar na mesma. Sendo uma pessoa da área da cultura, eu noto que as pessoas que continuam a fumar cortam noutros bens, como por exemplo na área cultural: deixam de ir ver espectáculos e teatros, porque o dinheiro não dá para tudo. 


Mikael Lopes, 27 anos Professor de Música na Big’s School

Eu penso que não vai ser um ano muito facilitado, mas creio que poderá haver algumas melhorias. Aquilo que eu acho é que principalmente cada vez mais as pessoas acabam por optar pela qualidade. Quem trabalha e tenha alguma qualidade no que faz, irá vingar no mercado de trabalho mais tarde. Hoje em dia é tudo incerto: temos famílias que estão bem e conseguem ter os filhos a ter aulas de música, e dar-lhes alguns luxos e, de um momento para o outro ficam desempregados, com muitas contas por pagar e é um pouco incerto. A perspectiva para o ano que vem é quase sempre a mesma, não espero ter mais nem menos.         
           

Liliana Domingues, 29 anos Animadora Sócio-Cultural

Eu penso que as pessoas estão a tentar recuperar em termos económicos e eu espero que o ano seja verdadeiramente positivo, mesmo sendo filha de pais comerciantes. O que eu vejo é que torna-se mais fácil se todos gastarmos um tostãozinho, para que a economia volte à normalidade. Penso que em 2015 isso vai ser possível, pelo menos melhor. Com a actualização na contribuição para a CES penso que a economia poderá dar uma reviravolta, uma vez que as pessoas reformadas vão ficar com um maior poder de compra. Gostava de continuar a trabalhar como animadora, neste momento estou a trabalhar temporariamente, vamos ver o que o futuro me reserva, mas espero que coisas boas.