segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

"Prometo falhar" apresenta nova perspectiva aos pombalenses

O livro "Prometo falhar" foi apresentado no dia 23, pelas 21h30, na Biblioteca Municipal de Pombal (BMP). O "ilusionismo linguístico" e a ideia de imperfeição fizeram parte do serão de cerca de 70 pessoas. Pedro Chagas Freitas levou a cabo um debate elucidativo e algo controverso sobre a sua mais recente obra publicada. No fim, ficou a fila para as dedicatórias e para os autógrafos. 

O primeiro desafio foi o de tentar perceber, afinal, qual era a ideia que o autor queria transmitir aos leitores, com a imagem, através das interrogações de um mundo virado ao contrário. "Ver o mundo ao contrário", "mergulhar de cabeça" e olhar a realidade sobre uma "perspectiva diferente" foram algumas das conclusões tiradas pelo público acerca da imagem da capa do "Prometo Falhar", onde aparece uma mulher virada do avesso. 

Pedro Chagas Freitas apresentou a mais recente obra 
Seguiu-se a interpretação da mensagem do título: "a promessa mais pura que posso fazer é esta, a de falhar", resumiu o autor acerca da sua própria escolha. Afinal, o ser humano enquanto ser imperfeito, que está em constante aprendizagem, merece a atenção de um escritor que se considera, também ele, imperfeito.  

A ideia de imperfeição, a honestidade, a consciência de si mesmo e a humildade, são, afinal, alguns dos traços marcantes da obra.

A reflexão sobre o amor e a condição humana são dois elementos constantes na narrativa do autor. "O amor acontece quando desistimos de ser perfeitos" fala num amor global, no que temos pelo outro, de uma ligação ao objecto. A advertência para a não criação de falsas expectativas que, no fim, acabam por desiludir, e a não idealização de um ser perfeito, porque, afinal, não existe, constituem-se, pois, como as principais mensagens subjacentes ao subtítulo.

A percepção do outro enquanto "microrealidade" e as construções de pequenos mundos que acabam por ser transversais a todos os leitores são a base que sustenta o livro. "Cada um vive a obra de uma maneira única. O que cada um sente perante determinada situação" é interpretado por cada um, enquanto ser individual, de acordo com as próprias vivências, frisou o autor. 

Um romance? Um conjunto de ideias? Um diário?

O serão de sexta-feira contou com casa cheia na BMP
"Prometo falhar" não é um romance, um policial, um histórico e muito menos um conto convencional. Consiste numa compilação de ideias, frases e até mesmo fragmentos de texto que, no seu todo tentam retratar o quotidiano de cada um de nós. Todas estas ideias surgiram das opiniões dos seguidores de Chagas Freitas que, através de uma página do facebook, tiveram a oportunidade de expor aquilo que, posteriormente, viram publicado num livro. 

"O objectivo era o de a pessoa comentar de manhã, e o texto aparecia à noite, por volta das 22h, ao longo de 365 dias. Escolhi uma linha de pensamento", explicou o autor. No fim, "as pessoas que leram o livro do principio ao fim perceberam a forma como organizei os textos", completou.

"Escrita criativa entende-se como toda aquela que nós criamos", respondeu o escritor a uma das questões que fora colocada acerca do processo criativo, momentos antes. "Todos somos escritores mas só alguns escrevem", referiu. Afinal, Pedro Chagas Freitas, entende que a capacidade de sermos felizes está associada à forma "como narramos o que vivemos". Para si é importante contar o que lhe apetece e considera que não escrever é "um desperdício da nossa sensibilidade". 

 Houve tempo para as dedicatórias e para os autógrafos
Ao longo do processo criativo o autor defronta-se com algumas dificuldades que deve enfrentar com resiliência. As principais ocorrem aquando da publicação de uma obra. Por existir sempre quem goste e quem não goste das suas obras, tornar um trabalho público não é fácil, mas, declarou o autor, "os umbigos têm de gostar" e, para que outros "umbigos" gostem, o escritor tem de ser o primeiro a admirar a própria obra. 

"Prometo falhar" conta já com 20 edições e mais de 70 mil exemplares vendidos. Em dez anos de 150 publicações, Pedro Chagas Freitas conta já com 20 obras publicadas, entre as quais: "Mata-me", 2005, "O Evangelho da Alucinação", 2006, "Já Alguma Vez Usaste o Sexo sem Necessitares de Usar o Corpo?", 2007, "Os Dias na Noite", 2008, "As Incongruências da Sorte", 2010, "Porque Ris Sabendo que Vais Morrer", 2010, "Só os Feios é Que São Fiéis", 2010, "Envelhenescer", 2010 e "In Sexus Veritas", 2013.

O redactor, publicitário, jornalista, cronista, guionista, criador de jogos, humorista, editor, chefe de redacção, operário fabril, nadador-salvador, barman e porteiro de bar, refere na sua página do facebook, que acredita que "a única coisa que deve ser levada a sério é a brincadeira". E é por isso que está já a preparar algumas surpresas para breve: o livro "666" promete marcar a diferença com 666 capítulos, cada um deles com seis palavras. 

Fotografias: Município de Pombal

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