Está
há onze anos em Maputo e não tem data marcada para regressar a Leiria. Apesar
de saber que um dia vai regressar às origens, Manuel Jacinto Rocha, 39 anos, pensa
em apostar na vida profissional e pessoal como emigrante, aproveitando ao máximo a experiência
de viver e trabalhar no estrangeiro.
“Quando
decidi vir para Moçambique já vivia com a minha namorada em Leiria. Estávamos
os dois empregados, mas, como tínhamos dois amigos a trabalhar na Escola
Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP)
surgiu a oportunidade de vir”, destaca o informático. Na altura havia
necessidade de contratar uma pessoa que gerisse a informática da escola e
Manuel Rocha não hesitou na altura de decidir rumar a África.
A
implementação de uma rede informática estruturada foi um dos principais
projetos em que esteve envolvido. “Havia uma variedade de coisas a fazer aqui.
Quando cá cheguei só havia internet
em algumas salas, havia menos computadores e a rede não estava estruturada”,
comenta o informático. “A escola tem vindo a evoluir em termos informáticos. Várias
coisas foram desenvolvidas com o meu contributo”, acrescenta. O número de
solicitações foi crescendo e, com isso, alargou-se a equipa e foi criado um
espaço para o departamento de informática.
Desde
um de setembro de 2017 Manuel Rocha colabora a part-time na EPM-CELP pois decidiu
agarrar um novo desafio profissional, trabalhando, agora, a tempo inteiro com
grupo Sendys, do qual faz parte a Alidata (empresa sediada em Leiria).
Atualmente,
Manuel Rocha vive em Maputo com a mulher Ana Castanheira e as duas filhas Sara
e Inês, que fazem parte do projeto de vida do casal. “Quando tivemos a primeira filha já
estávamos cá [em Moçambique] há três anos”, frisa o informático acrescentando
que “quando decidimos vir para Moçambique ainda não pensávamos em ter filhos”.
As
saudades são atenuadas pela evolução constante da informática. “Quando cheguei não tinha a facilidade que tenho hoje em falar com a família que está em
Portugal”, afirma. “É um olá que se vai dizendo e ajudando a matar as
saudades”, acrescenta acerca das possibilidades proporcionadas pela Internet, que encurta distâncias.
“Faço um balanço positivo da
minha experiência cá”, reflete. “Não vim por causa da crise e já poderia ter
ido embora se não gostasse de cá estar”, continua. Contudo, a opção é ficar por
agora, apesar de o custo de vida em Moçambique ter vindo a aumentar, especialmente desde 2008.
“Claro que um dia vamos [família] voltar a Portugal, quer seja a Leiria quer
seja a outra zona do país, só não sabemos quando”, conclui.
...
O
melhor por cá…
Manuel Jacinto Rocha considera
que o mais positivo é “o clima tropical e a qualidade de vida, pelo facto de
podermos ir à praia muitas vezes por ano, por exemplo. Também passamos muito
tempo com os amigos, o que pode colmatar a falta que a família faz”, acrescenta.
O
pior por cá…
Para o informático “anoitecer
muito cedo, até no verão” é um ponto menos positivo. “Sinto falta da noite às 22 horas, como em Portugal”, diz. Por outro lado, pouco positivo é o facto de “sentir
que, várias vezes tentam enganar-te e, por isso, ter de estar «de pé atrás» no
dia-a-dia”, acrescenta.
O
mais surpreendente…
“Quando cheguei há 11 anos o
primeiro impacto foi a degradação do aeroporto e da zona circundante. À medida que
me dirigia para o centro da cidade verifiquei que o espaço era mais agradável e
a vida seguia com normalidade”, recorda. Manuel Jacinto Rocha é da opinião de que “os
amendoins de Moçambique são os melhores do mundo!”