segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Ir ali ao lado a África do Sul e voltar

Há um tempo que não escrevo e decido que é hoje, depois de no fim-de-semana passado ter ido ali, a África do Sul, e voltado. 


Não foi um passeio qualquer; esta semana tenho por cá uma amiga portuguesa que veio passar férias a África, Moçambique, Maputo. Verdade verdadinha. E sei que devo mostrar o melhor e o pior que por cá há. Por isso, depois de uma saída na sexta-feira à noite à Fundação Fernando Leite Couto, para começar, fomos dar uma voltinha a Nelspruit e ao Kruger National Park, ambos localizados num dos países vizinhos de Moçambique, África do Sul, durante o fim-de-semana. 

Os 600 e tal quilómetros a passear deram para "lavar as vistas", respirar outros ares e servir como fonte de inspiração para os textos que tenho por escrever ao longo desta semana. Além de não sair de Maputo há algum tempo, e por cá ter passado todos os fins-de-semana desde que vim das férias em Pemba, admito que tinha saudades de ir até África do Sul. 

Contei com a boleia e companhia de dois amigos que têm sido o meu braço direito nesta minha passagem por cá, e sei que tudo correu como planeado. 

Com energias retemperadas e cabeça leve agarro uma nova semana de trabalho, desejando a todos "good vibes"!

Concerto na Fundação Fernando Leite Couto
Jardim em Nelspruit
Parque Nacional do Kruger - Búfalo (um dos "big five")
Parque Nacional do Kruger - Macaco
Parque Nacional do Kruger - Girafa

Parque Nacional do Kruger - Elefantes (outro "big five")

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

O Carnaval dos Miúdos e o Carnaval dos Graúdos

 "Recordar é viver", portanto hoje recordo os meus Carnavais de 2011, 2012 e 2013 pois são estas as fotografias que encontrei nos recônditos arquivos do meu disco externo e, por isso, tenho para partilhar.


Numa pesquisa pela Internet li que o Carnaval "é exclusivamente, um período de festas profanas e de divertimento entre os Reis e a Quaresma, com o seu auge nos três dias anteriores à quarta-feira de Cinzas". Se, para uns, o "Carnaval" compreendia a terça-feira gorda, dia em que começava a proibição de ingestão de carne pela Igreja, como preparação para a Páscoa; para outros a explicação vinha do vocábulo "carnelevamen", depois "carne", "vale" - "adeus carne".


Em Portugal as características desta data festiva são, essencialmente, quatro:

Ausência completa de restrições alimentares quantitativas e qualitativas,com a ingestão de carnes de toda a espécie, desde a orelheira no Norte ao galo em outras regiões, para além das sobremesas da quadra como o arroz doce e as filhoses. Os excessos alimentares carnavalescos são entendidos, por outro lado, como contraponto aos jejuns e abstinências quaresmais. 

Uso de máscaras, essenciais nos festejos mas sem relação alguma com rituais específicos, como noutras regiões da Europa.

Exibição e destruição de manequins/bonecos de tipo burlesco, com carácter jocoso, visível nas paródias aos enterros. 


As "pulhas" carnavalescas, ou sátiras de acusação e provocação, direta e humorística, por vezes com tom ofensivo. 


Recordo Carnavais que festejei em Alcobaça (o auge dos auges!) e em Pombal, numa discoteca de passagem obrigatória. Já me disfarcei de palhaço, "menina da vida", joaninha, homem, etc e tal. Estive sempre em grupo, como numa boa celebração que se preze e faça sentido. Tenho saudades de tudo. TUDO. Mas sei que nada vai voltar a ser como antes foi.

Este ano não festejei o Carnaval mas tive oportunidade de assistir ao desfile dos mais pequenitos, dos meninos do primeiro ciclo do ensino básico da Escola Portuguesa de Moçambique. 

Se, por um lado, penso que não faz muito sentido festejar o Carnaval em Moçambique, uma vez que não há "espírito" e Maputo não se disfarça para o celebrar, por outro, penso que é uma excelente "desculpa" para divertir os mais novos. Afinal não é todos os dias que dá para ter uma manhã sem aulas!

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Artesão preserva obras de arte da EPM-CELP

Há quase um ano a Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP) conta com o artesão Pissarra Baptista Janela que está a cuidar, a limpar e a preservar as obras de arte da instituição.

O gosto pelo artesanato foi incutido desde cedo pelo pai numa altura em que trabalhava a título individual no ofício numa loja localizada na Beira: a “Artesanato Janela”. Apesar de ter dois irmãos que já exerceram a profissão, apenas Pissarra Janela continua a colocar “mãos à obra” actualmente.

Contratado pela direcção da EPM-CELP em Abril do ano passado, trabalha às terças e quintas oito horas por dia. “Encontrei as obras de arte em mau estado, algumas cujas peças estavam partidas. Não foi fácil compor tudo”, frisa. Conta que teve de preparar algumas peças em casa para as trabalhar na escola. “Todas as peças que estavam partidas foram recuperadas, mas há ainda algumas que precisam de alguma manutenção”, continua.

Pissarra Janela procura dar uma vida criativa à matéria bruta, transformando-a em algo belo.

 “Quando o meu pai faleceu fiquei a dar aulas aos funcionários da Artes Maconde [loja localizada na baixa de Maputo] que queriam aprender a trabalhar com pau preto e sândalo”, conta. “Foi nessa altura que comecei a fazer uns trabalhos como freelancer".

 "Entretanto conheci pessoas na Embaixada de Portugal em Moçambique. Aí fiz e vendi uns trabalhos há cerca de 15 anos.  Na escola estou a trabalhar desde o início de 2017”, destaca, acrescentando que foi numa exposição na Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição em Maputo que surgiu a oportunidade de começar a trabalhar na EPM-CELP.

Porquê preservar as obras de arte?

É preciso manter e limpar as obras de arte para que não percam a qualidade e a beleza valorizando, assim, o sacrifício do artista e preservando os artifícios. Esta é a primeira vez que há uma intervenção nas obras de arte da escola: “o meu trabalho é fundamental para manter as obras em bom estado”, afirma Pissarra Janela.

“Várias esculturas deram muito trabalho; os anjos e as “maçãs” em pau preto foram as mais difíceis de restaurar”, diz. Por outro lado, mesmo as obras que estavam em melhor estado de preservação precisavam de ser linchadas para adquirem um novo brilho.

Um dos processos de manutenção e preservação é o polimento com um pano seco. É preciso ter em conta que algumas peças usam pomada transparente, outras preta e outras cera. As obras não podem apanhar água, correndo o risco de perderem o brilho ou de ficarem manchadas. Depois de uma intervenção mais aprofundada é preciso ir mantendo todo o espólio, com a limpeza do pó, de seis em seis meses.

“Vou ser artesão para sempre mas tenho um sonho: recolher os meninos de rua, dar aulas e poder exportar as obras de arte para fora, de forma a ter verbas para ajudá-los”, declara Janela. 

Acredita que “as artes deveriam ter mais apoio por parte do Governo. As artes plásticas deveriam movimentar-se mais para fora porque não tem muita saída dentro do país. O negócio poderia andar melhor se fossem concedidos apoios por parte do Governo para exportar para fora do país e aumentar as vendas”, conclui.

domingo, 4 de fevereiro de 2018

“Vim para Maputo pelo desafio que mudar de vida representou na altura”

Está há onze anos em Maputo e não tem data marcada para regressar a Leiria. Apesar de saber que um dia vai regressar às origens, Manuel Jacinto Rocha, 39 anos, pensa em apostar na vida profissional e pessoal como emigrante, aproveitando ao máximo a experiência de viver e trabalhar no estrangeiro.

“Quando decidi vir para Moçambique já vivia com a minha namorada em Leiria. Estávamos os dois empregados, mas, como tínhamos dois amigos a trabalhar na Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP) surgiu a oportunidade de vir”, destaca o informático. Na altura havia necessidade de contratar uma pessoa que gerisse a informática da escola e Manuel Rocha não hesitou na altura de decidir rumar a África.

A implementação de uma rede informática estruturada foi um dos principais projetos em que esteve envolvido. “Havia uma variedade de coisas a fazer aqui. Quando cá cheguei só havia internet em algumas salas, havia menos computadores e a rede não estava estruturada”, comenta o informático. “A escola tem vindo a evoluir em termos informáticos. Várias coisas foram desenvolvidas com o meu contributo”, acrescenta. O número de solicitações foi crescendo e, com isso, alargou-se a equipa e foi criado um espaço para o departamento de informática.

Desde um de setembro de 2017 Manuel Rocha colabora a part-time na EPM-CELP pois decidiu agarrar um novo desafio profissional, trabalhando, agora, a tempo inteiro com grupo Sendys, do qual faz parte a Alidata (empresa sediada em Leiria).

Atualmente, Manuel Rocha vive em Maputo com a mulher Ana Castanheira e as duas filhas Sara e Inês, que fazem parte do projeto de vida do casal. “Quando tivemos a primeira filha já estávamos cá [em Moçambique] há três anos”, frisa o informático acrescentando que “quando decidimos vir para Moçambique ainda não pensávamos em ter filhos”.

As saudades são atenuadas pela evolução constante da informática. “Quando cheguei não tinha a facilidade que tenho hoje em falar com a família que está em Portugal”, afirma. “É um olá que se vai dizendo e ajudando a matar as saudades”, acrescenta acerca das possibilidades proporcionadas pela Internet, que encurta distâncias.

“Faço um balanço positivo da minha experiência cá”, reflete. “Não vim por causa da crise e já poderia ter ido embora se não gostasse de cá estar”, continua. Contudo, a opção é ficar por agora, apesar de o custo de vida em Moçambique ter vindo a aumentar, especialmente desde 2008. “Claro que um dia vamos [família] voltar a Portugal, quer seja a Leiria quer seja a outra zona do país, só não sabemos quando”, conclui.

...

O melhor por cá…
Manuel Jacinto Rocha considera que o mais positivo é “o clima tropical e a qualidade de vida, pelo facto de podermos ir à praia muitas vezes por ano, por exemplo. Também passamos muito tempo com os amigos, o que pode colmatar a falta que a família faz”, acrescenta.

O pior por cá…
Para o informático “anoitecer muito cedo, até no verão” é um ponto menos positivo. “Sinto falta da noite às 22 horas, como em Portugal”, diz. Por outro lado, pouco positivo é o facto de “sentir que, várias vezes tentam enganar-te e, por isso, ter de estar «de pé atrás» no dia-a-dia”, acrescenta.

O mais surpreendente…
“Quando cheguei há 11 anos o primeiro impacto foi a degradação do aeroporto e da zona circundante. À medida que me dirigia para o centro da cidade verifiquei que o espaço era mais agradável e a vida seguia com normalidade”, recorda. Manuel Jacinto Rocha é da opinião de que “os amendoins de Moçambique são os melhores do mundo!”