segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Artesão preserva obras de arte da EPM-CELP

Há quase um ano a Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP) conta com o artesão Pissarra Baptista Janela que está a cuidar, a limpar e a preservar as obras de arte da instituição.

O gosto pelo artesanato foi incutido desde cedo pelo pai numa altura em que trabalhava a título individual no ofício numa loja localizada na Beira: a “Artesanato Janela”. Apesar de ter dois irmãos que já exerceram a profissão, apenas Pissarra Janela continua a colocar “mãos à obra” actualmente.

Contratado pela direcção da EPM-CELP em Abril do ano passado, trabalha às terças e quintas oito horas por dia. “Encontrei as obras de arte em mau estado, algumas cujas peças estavam partidas. Não foi fácil compor tudo”, frisa. Conta que teve de preparar algumas peças em casa para as trabalhar na escola. “Todas as peças que estavam partidas foram recuperadas, mas há ainda algumas que precisam de alguma manutenção”, continua.

Pissarra Janela procura dar uma vida criativa à matéria bruta, transformando-a em algo belo.

 “Quando o meu pai faleceu fiquei a dar aulas aos funcionários da Artes Maconde [loja localizada na baixa de Maputo] que queriam aprender a trabalhar com pau preto e sândalo”, conta. “Foi nessa altura que comecei a fazer uns trabalhos como freelancer".

 "Entretanto conheci pessoas na Embaixada de Portugal em Moçambique. Aí fiz e vendi uns trabalhos há cerca de 15 anos.  Na escola estou a trabalhar desde o início de 2017”, destaca, acrescentando que foi numa exposição na Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição em Maputo que surgiu a oportunidade de começar a trabalhar na EPM-CELP.

Porquê preservar as obras de arte?

É preciso manter e limpar as obras de arte para que não percam a qualidade e a beleza valorizando, assim, o sacrifício do artista e preservando os artifícios. Esta é a primeira vez que há uma intervenção nas obras de arte da escola: “o meu trabalho é fundamental para manter as obras em bom estado”, afirma Pissarra Janela.

“Várias esculturas deram muito trabalho; os anjos e as “maçãs” em pau preto foram as mais difíceis de restaurar”, diz. Por outro lado, mesmo as obras que estavam em melhor estado de preservação precisavam de ser linchadas para adquirem um novo brilho.

Um dos processos de manutenção e preservação é o polimento com um pano seco. É preciso ter em conta que algumas peças usam pomada transparente, outras preta e outras cera. As obras não podem apanhar água, correndo o risco de perderem o brilho ou de ficarem manchadas. Depois de uma intervenção mais aprofundada é preciso ir mantendo todo o espólio, com a limpeza do pó, de seis em seis meses.

“Vou ser artesão para sempre mas tenho um sonho: recolher os meninos de rua, dar aulas e poder exportar as obras de arte para fora, de forma a ter verbas para ajudá-los”, declara Janela. 

Acredita que “as artes deveriam ter mais apoio por parte do Governo. As artes plásticas deveriam movimentar-se mais para fora porque não tem muita saída dentro do país. O negócio poderia andar melhor se fossem concedidos apoios por parte do Governo para exportar para fora do país e aumentar as vendas”, conclui.

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