segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Promover marcas em tempos de pandemia

Como sabemos e como várias vezes aqui foi escrito, a pandemia mudou a vida de todos em inúmeros aspetos. Antes da pandemia já tinha feito acções de ativação de algumas marcas mas, no pós-pandemia, pela primeira vez realizei uma ação promocional num supermercado.

De máscara no rosto, com as mãos desinfetadas e com o devido distanciamento aconselhado relativamente aos clientes, aventurei-me na oferta de copos da ação promocional da Super Bock. Este capítulo - das ações promocionais do pós-pandemia - iniciou quando tive de entrar pela porta dos seguranças. 

Em primeiro lugar, desinfetei as mãos com álcool-gel. Seguidamente, troquei a máscara reutilizavél que trazia colocada, por uma máscara descartável, de uso obrigatório pelos funcionários do espaço. Depois, antes de entrar em loja, fui sujeita à medição da temperatura, como são todos os funcionários que entram em loja, diariamente. Só depois pode ir até ao armazém para pegar nos componentes da minha bancada e a montar junto às cervejas da marca.

Montada a bancada e expostos os brindes, foi preciso abordar os clientes para apresentar a acção promocional. De sorriso no rosto tapado pela máscara na cara, falava com os clientes que apareciam; uns solicitavam informações, outros preferiam fazer as suas escolhas autónomas.

Como em praticamente tudo na vida, há um antes e um pós-Covid também nas ações de ativação de marcas. Em primeiro lugar, só agora, em outubro, é que as ações promocionais voltaram a ser uma realidade, depois de março e após o "lock down" imposto pela Covid-19. Em segundo lugar, existe um reforço nas normas de higiene e segurança no trabalho, nomeadamente no que toca ao uso obrigatório de máscara e à lavagem e desinfeção recorrentes das mãos. Por último, o distanciamento social, pode proporcionar uma maior cautela ou desconfiança por parte dos clientes, sempre que se aproximam para pedir informações aos promotores. 

Veêm-se supermercados mais vazios, até aos domingos à tarde, onde a afluência, por norma, era maior antes do Covid; veêm-se pessoas com expressões faciais tapadas por máscaras; vê-se distanciamento social. Respira-se, em duas palavras, incerteza e desconforto. 

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

As Marionetas das Redes Sociais

 

"The Social Media Dilemma" é um dos novos documentários que surgiu na Netflix no início deste mês de setembro. Durante cerca de uma hora e meia somos convidados a refletir acerca dos malefícios das redes sociais e sobre o perigoso impacto das redes sociais nas pessoas, com especialistas em tecnologia a alertarem sobre as suas próprias criações. É um documentário 'polémico' e 'incómodo' que tem feito "correr muita tinta" na imprensa nacional e estrangeira. 

Numa análise ao mundo da tecnologia, mais particularmente da indústria dos social media são-nos descritos os danos causados por plataformas como o Facebook, Google, Instagram ou Twitter, com base nos testemunhos de vários ex-funcionários destas grandes empresas. Ex-funcionários esses que tentam retardar o acesso dos próprios filhos a estas plataformas tecnológicas. 

O documentário explica o impacto, cada vez mais notório, que as redes sociais têm na nossa sociedade e somos alertados, em primeira pessoa, para as repercussões destes algoritmos invasivos e para as verdadeiras intenções das redes sociais. Aquelas com que talvez nunca tenhamos sequer sonhado.

Se é verdade que as redes sociais podem ser benéficas para encurtar distâncias, encontrar amigos ou colegas de trabalho, retomar contactos antigos, promover trabalhos e divulgar eventos, tornando a vida mais acessível 'à distância de um clique', têm, também, o "outro lado da moeda", que pode não ser tão óbvio ou tão saudável quanto parece.

Todos estes problemas partem de uma simples palavra: o algoritmo. Este conjunto de operações filtra todos os interesses, pesquisas e tarefas executadas pelo usuário para que nos sejam sugeridas temáticas relacionadas com as nossas paixões. O problema? Essa tecnologia está a deixar o mundo cada vez mais polarizado. Prova disso são os extremismos políticos que cada vez se acentuam na Europa e no mundo e a disseminação das "fake news" à velocidade da luz. 

À medida que os conteúdos divulgados na Internet se tornaram monetizados, as empresas passaram a pensar em formas de manter as pessoas online por mais tempo, garantindo assim mais visualizações e consequentemente, mais dinheiro.

São vários os sistemas e equipas que analisam as estratégias subtis para nos promoverem uma cultura onde parecemos nunca alcançar a perfeição que nos é vendida. Estejamos doentes, tristes, ansiosos ou alegres, as hashtags que usamos, os likes que damos e os posts que fazemos passam a identificar-nos como consumidor digital; são a nossa inevitável pegada digital.

"Se não pagas pelo produto, então és o produto"

Graças à Inteligência Artificial (IA), cada vez que entramos na Internet, nenhum clique passa despercebido. Quando achamos que estamos a fazer uma escolha ao visitar um link ou uma publicação, na verdade, a nossa ação já foi antecipada pela IA. Assim, os nossos comportamentos são manipulados, e as nossas ações são previstas com maior facilidade.

A Inteligência Artificial e o algoritmo trabalham de mãos dadas para identificar e direcionar os interesses pessoais de cada usuário, o que se torna perigoso e ambicioso, já que passamos a aceitar o que vemos e lemos como uma verdade absoluta. Devemos, portanto, manter uma atitude de questionamento constante, confirmar fontes de informação e analisar mais do que um ponto de vista acerca de um determinado assunto.

Quem seremos nós se não marionetas no mundo das redes sociais?

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Um regresso às aulas extremamente atípico


Dúvidas, inquetações e algumas incoerências assolam as ações e as atividades de direções de escolas, professores, alunos e encarregados de educação que se preparam para iniciar um ano letivo atípico. Em casa desde março e em regime de ensino à distância, os alunos preparam-se para embarcar neste 2020-21 presencialmente – pelo menos numa fase inicial. Neste artigo vou incidir, em particular, na experiência na Academia de Verão da Teach For Portugal que, de certa forma, serviu com “ensaio” para o novo ano letivo que se avizinha. Durante três semanas, ao longo dos meses de julho e de agosto, os participantes da organização sem fins lucrativos Teach For Portugal (TFP) foram desafiados a realizar umas atividades no âmbito das disciplinas de Português, Matemática e Inglês, com crianças com idades compreendidas entre os oito e os 14 anos, num Agrupamento de Escolas em Canelas (Vila Nova de Gaia).

Os objetivos passaram por “refrescar” os conhecimentos dos miúdos nestas três áreas e adquirir ferramentas pedagógicas – para os participantes da TFP – que possibilitem trabalhar com grupos heterogéneos, em contexto de sala de aula, em regime de co-teaching – dois professores realizam trabalho colaborativo dentro da sala de aula, de forma a tornar as aprendizagens mais efetivas e de chegar aos “edges” – extremos. Com turmas heterogéneas e com alunos com necessidades muito específicas, todas elas muito diferentes, abraçámos este desafio.

Tivemos, também, uma turma digital. Pudemos praticar ferramentas úteis para um eficaz ensino à distância, dinamizando atividades lúdicas com as crianças, incluíndo todas. Ferramentas com o Google Classroom Wordwall, (para criação de palavras cruzadas, quizz e sopas de letras, entre outras atividades) entre outras, foram úteis para a realização destas aulas virtuais que decorriam todos os dias úteis da semana.

Assim trabalhámos durante três semanas. Com segurança e sem nenhum caso de febre ou suspeita de Covid-19. E foram  semanas muito intensas, com aulas entre as 9h e as 13h onde houve espaço para “refrescar” conhecimentos, adequirir novas apendizagens, experimentar uma abordagem diferente do ensino e praticar diferentes ferramentas pedagógicas em regime de co-teaching. Foram cumpridos objetivos e foi tornado claro o propósito da Teach For Portugal, o de que “nenhuma criança fique limitada pelo seu código postal”.

Funcionou porque tínhamos poucos alunos por turma e, consequentemente, poder-se-ia manter o adequado distanciamento social. Além disso crianças, participantes e tutores pedagógicos estavam sensibilizados para o uso correto da máscara e para a desinfeção regular das mãos cumprindo, assim, todos os procedimentos de higiene necessários à interrupção da propagação do COVID-19.

Acredito que com o elevado número de alunos por turma (28 no máximo) e tendo em conta as reduzidas dimensões das salas de aula na maioria das escolas públicas portuguesas, não seja possível manter os adequados dois metros de distância, entre alunos, recomendados pela Direção-Geral de Saúde. Além dos constrangimentos dos espaços físicos, faltam recursos humanos – especialmente assistentes operacionais – em várias escolas, que vão ter trabalho acrescido em tarefas de limpeza e higienização dos espaços. Vai ser preciso adquirir máscaras, álcool-gel, tapetes de desinfeção e tantos outros produtos de higienização e de desinfeção por parte das escolas que, devido à escassez de recursos financeiros, poderá ser um entrave a este (re)começo.

Intervalos desfasados e de menos tempo (5 minutos), para evitar ajuntamentos de alunos;  turmas repartidas (com turnos de manhã e de tarde); menor rotatividade de salas por parte das turmas e refeições em regime de take-away, para que os alunos não se juntem todos na cantina e possam comer noutros espaços da escola ou até levar para casa, se já tiverem acabado as aulas, fazem parte de algumas medidas que podem vir a ser implementradas nas escolas – especialmente no segundo e terceiros ciclos (5º ao 9º ano de escolaridade) para que se evite ao máximo o fecho generalizado, como aconteceu em março e os alunos continuem sempre a ir às aulas.

Poderão existir outras soluções, de que são exemplos, o ensino misto (presencial e online) ou o regresso exclusivo ao ensino virtual. No cenário intermédio, as escolas têm de se organizar no sentido de garantir um ensino misto, com parte das atividades nas escolas e outras em casa, mas com prioridade de ensino presencial para os grupos mais vulneráveis e para os mais novos, que não têm autonomia para o ensino remoto. No pior dos cenários, as aulas voltarão a ser exclusivamente virtuais.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

O que é a Positividade Tóxica?

 “Vamos todos ficar bem”. “Isto é só uma fase”. “Porque não aproveitas para aprender uma língua nova ou para tirares um outro curso enquanto estás desempregado/a”? “Pensa positivo”. “Porque não redirecionas a tua vida para um outro emprego, que te dê mais dinheiro e estabilidade”? “Estás a ser overthinking“.  “Nunca devemos baixar os braços perante as dificuldades e devemos ver na crise uma oportunidade”.

Quantas e quantas vezes já ouvimos estas “frases motivacionais”, especialmente durante a atual crise pandémica que vivemos? Quantas e quantas vezes nos foi dito para nos mantermos positivos e aceitar as novas circunstâncias da vida? Quantas e quantas vezes fomos julgados por adoptarmos uma atitude mais “péssimista” face à atual realidade, tão censurada pela própria sociedade?

Sim, a “sociedade” não aceita que estejamos menos bem. Não aceita os “baixos” da vida. Não aceita o facto de termos um dia ou uma semana maus. Somos pressionados, constantemente, a “estarmos bem” e a sermos aquelas pessoas que dizemos ser nas redes sociais. Sim, porque nas redes sociais só partilhamos os bons momentos e mostramos o lado bom de tudo. Não é, de todo, aceitável que punhamos a descoberto as nossas incertezas, as nossas inseguranças, os nossos medos nem as nossas derrotas. Não, porque a sociedade nos pressiona a estarmos sempre bem e a esconder, de tudo e de todos, aquilo que nos incomoda verdadeiramente.

A isso chama-se “positividade tóxica”. De acordo com a assistente social e diretora de desenvolvimento de programas do Newport Institute, Heather Monroe, “Positividade tóxica é a ideia segundo a qual devemos nos concentrar apenas nas emoções positivas e nos aspectos positivos da vida. É acreditar que, se ignorarmos as emoções difíceis e as partes de nossa vida que não vão bem, seremos muito mais felizes.” – Só que não.

Acredito que haja opiniões que vão ao encontro desta definição e que muitas pessoas adoptem esta filosofia de vida. Na minha opinião, recalcar emoções ou esconder frustrações não falando dos nossos problemas a ninguém é muito prejudicial. Daí nascem os traumas e as neuroses; da impossibilidade de partilhar aquilo que muita gente considera condenável. Porque é que temos de falar nos maus momentos a alguém? – Porquê essa necessidade?

A POSITIVIDADE TÓXICA em nada beneficia; bem pelo contrário, prejudica. Omitir o que nos aflige e não partilhar isso com ninguém, fugindo, constantemente, “para a frente” pode até trazer problemas mais complicados no futuro. Este tipo de positividade tão prejudicial acaba por nos “culpabilizar” por estarmos a sentir “emoções más” e, por outro lado, serve para “maquilhar” ou “adiar” o sofrimento, pois ao não nos permitirmos sofrer e sentir mal por algo que esteja a acontecer naquele momento, vamos acabar por “cair” mais tarde. E aí pode ser mais difícil superar.

Não vai ficar tudo bem nem tem de ficar tudo bem. Para já. É bom que tenhamos noção disso. Penso que o melhor a fazer é aceitar que existem emoções negativas e sentimentos desgastantes e ingratos. Nem tudo é perfeito nem tem de ser. Aceitar que não estamos bem quando não estamos, receber esses sentimentos, percebê-los,  “desconstruí-los” e fazer o luto dos mesmos é meio caminho andado para aceitar, superar e seguir em frente! *

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Praia Fluvial ou Praia Convencional?

Praia de pedra ou praia de areia? Praia de águas geladas ou praia de águas amenas? Praia de vegetação e de sombra ou praia de rocha e de sol? Praia de água doce ou praia de água salgada? Praia de verde ou praia de amarelo? Praia sem ondas ou praia com ondas? Tudo isto são formas diferentes de perguntar: PRAIA FLUVIAL ou PRAIA CONVENCIONAL?

Ora, portanto começemos com as vantagens de ambos estes diferentes tipos de praia. Temos as praias fluviais, muitas vezes (mas com excepções) localizadas nas zonas mais interiores do país, a largos quilómetros do litoral. De acesso nem sempre fácil, muitas vezes contém passadiços de longos quilómetros que nos guiam até às suas belezas naturais. Águas cristalinas, geladas, sem ondas e misteriosas podem ser encontradas nas “praias fluviais” que, não raras vezes, nos surpreendem com um ou outro pormenor diferente da vez anterior que as visitámos. Praias fluviais podem estar rodeadas de rochas, areias ou relva, mas não o deixam de ser pois contêm água doce do rio. Algumas vezes consumíveis e com propósitos medicinais.

Do outro lado da “balança” temos as praias convencionais. Aquelas ricas em mar salgado e areia fina, suave e amarela. Localizadas no litoral do país, temo-las de norte a sul e de sul a norte. Devido à permanente ondolação e constante movimento, a água, por norma é menos “gelada” do que as dos rios. Afinal o mar é onde desaguam os rios. Apesar de fria é menos do que nas praias fluviais e prova disso são as águas salgadas do nosso querido Algarve. Águas limpas, frias, com ondas mais pronunciadas no norte e mais “soft” de Lisboa ao Sul, podem ser encontradas nas ditas “praias convencionais” que encantam pela forma como nos proporcionam um bronze duradouro e consistente, devido ao iodo presente no próprio mar. Nas praias convencionais abunda um areal mais ou menos extenso e largo, dependendo se a praia se encontra numa zona mais “selvagem” ou urbana.

De bandeira erguida vislumbro um horizonte sem fim. Por cá, nas ditas praias “convencionais”, do centro ao norte, abundam as bandeiras amarelas e vermelhas. E não estou a falar das da ocupação, porque delas falaremos abaixo. De Lisboa ao Algarve temos, não raras vezes, bandeira verde, indicando que se pode nadar livremente e usufruir do mar com bastante segurança. Nas fluviais, deparamo-nos, não raras vezes com a bandeira verde, mas com algumas limitações nas áreas vigiadas, dado que um “rio sem fundo” às vezes é mais perigoso que o mar.

Não posso deixar de mencionar que tenho um carinho especial pelas praias convencionais. Mar, ondas, liberdade de movimentos, espaço e água salgada são os fatores que fazem com que a minha escolha recaia sobre este tipo de praia. Em tempos de Covid-19 assistimos a algumas alterações nas regras para usufruto dos espaços comuns quer nas praias convencionais como nas praias fluviais. Temos as bandeiras verdes a indicar a baixa ocupação, as bandeiras amarelas e indicar a elevada ocupação e as bandeiras vermelhas a indicar a ocupação plena.

Novidades importas pelos novos tempos. Tenhamos noção. Tenhamos consciência de que é preciso respeitar o espaço individual e coletivo. Não entremos em confronto com alguém que nos queira avisar sobre o desrespeito de alguma regra.

Não é apenas por TI. Nem por MIM. É por TODOS que devemos respeitar as recomendações da Direção Geral de Saúde. Tenhamos noção. “Dois dedos” de testa para compreender que a vida mudou desde março passado e que isto não é uma brincadeira. Não, apesar de não estarmos todos no mesmo barco todos podemos fazer a DIFERENÇA com atitudes corretas e conscientes. Respeitemos a distância de segurança, usemos a máscara ou a viseira em espaços fechados e RESPEITEMO-NOS UNS AOS OUTROS.

domingo, 28 de junho de 2020

Trabalhar na área do turismo em tempos de COVID-19

2020, um ano que se avizinhava com inúmeras novidades (boas) e prometia ser "o ano" de muitos, chegou com virús. O COVID-19 virou a vida de todos do avesso e "obrigou-nos" a adaptarmo-nos a uma nova realidade. A um quotodiano de vidros de acrílico, máscara, viseira, alcool-gel, água, sabão e desinfetante. Artigos que, com certeza, eram usados com menos frequência até março deste ano.

Chegados a meados deste ano, verificámos que diversos negócios tiveram de se adaptar a esta nova realidade e, como é óbvio, o setor do turismo e os de restauração e de bar estão, mais do que outros setores, expostos a inúmeros riscos associados ao incumprimento das normas de higiene e segurança no trabalho. Se já estavam na "Era Pré-Covid", imaginem agora. Ora, este ano a fiscalização está mais apertada e é imperativo o regrado e rigoroso cumprimento das normas de HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Points).

As notícias indicam que a retoma dos negócios no setor turístico está demorada e acontece a um ritmo muito lento e um pouco imprevisível. Os turistas são, na sua grande maioria, portugueses que estão a adoptar a máxima de "vá para fora cá dentro". Prevê-se a existência de uma queda acentuada nas remessas de estrangeiros na nossa economia, no que toca a este setor. O sub-setor do Turismo Em Espaço Rural (TER) é o que mais fica a ganhar, com os turistas portugueses a optarem pelo contacto com a natureza e o ar livre e puro longe cidade.

Afinal, se não formos nós, portugueses, a contribuir para a retoma da nossa economia, quem mais o fará? Se não investirmos no nosso turismo e não comprarmos local, como garantiremos o futuro da nossa economia? Esperar somente pelos fundos europeus para a necessária retoma não basta; é preciso "ir fora cá dentro" e contribuir, apoiando os pequenos empresários e os produtores portugueses. Falo do artesão, do pequeno comerciante de uma mercearia de bairro ou do gerente de um restaurante menos conceituado.

E reflito acerca do que mudou com tudo isto. Este verão tenho-me apercebido de como até o serviço de bar nas praias se alterou. Alguns "cafés" têm esplanadas, outros não; optam pelo serviço de take-away. Os funcionários usam, obrigatoriamente, máscara ou viseira. Lavam e desinfetam as mãos nos intervalos do atendimento entre clientes. Temos de continuar a manter o distanciamento social, de pelo menos dois metros, quer entre funcionários, quer entre clientes. Os vidros de acrílico fazem parte do dia-a-dia no atendimento ao público. Não há contacto direto entre staff e clientes. Temos de seguir à risca as normas da Direção Geral de Saúde de forma a conter a propagação do vírus e a mitigar esta pandemia que já dizimou milhões de vidas em todo o mundo.

Por agora, quem está de férias, folgas ou fins-de-semana deve, na minha opinião, aproveitar a beleza incomparável das nossas praias portuguesas ou as magníficas paisagens das serras de perder de vista por esse Portugal fora. Muitas vezes vamos para fora sem conhecermos o que temos cá dentro; por isso considero essencial aproveitar este período de tempo, em que são desaconselhadas as viagens, para conhecermos o que por cá temos.  

quarta-feira, 10 de junho de 2020

"Fake News" - o VÍRUS da DESINFORMAÇÃO

Inspirada por um tema de um trabalho de uma formação que estou a terminar, falo hoje acerca de um vírus que nos acompanha no dia-a-dia, todos os dias. E não é ao Covid-19 que me refiro. Não desta vez. Falo acerca das fake news, o vírus da desinformação. Um vírus, que nos últimos tempos e a par do Coronavírus, tem vindo a propagar-se a uma velocidade estonteante.

Em primeiro lugar, é preciso esclarecer o conceito de fake news. Não são notícias erradas nem imprecisas. São, sim, notícias falsificadas, que carecem de rigor jornalístico e cujo objetivo é manipular um grupo de indivíduos. Têm, muitas vezes fins políticos, económicos, sociais ou outros e propagam-se através de redes sociais como o Twitter ou o Facebook, ou através de aplicações mais fechadas como o Whatsapp.

Ao contrário das notícias verdadeiras, as fake news não provêm de nenhum orgão de informação oficial, sendo que muitas vezes o endereço e o formato da notícia são estranhos (.br); têm erros na escrita e parecem tradução automátuca, geralmente para português do Brasil; não apresentam o contraditório e muito menos citações das pessoas visadas; são anunciadas de uma forma estranha e, por vezes, alarmista e as imagens que ilustram a notícia parecem fabricadas (manipuladas).

Aqui estão alguns sites de fake news, cujos conteúdos muito (de mais) circulam por essas redes sociais fora:

Ora, todos sabemos que as fake news circulam pela net e que não as devemos partilhar. Contudo, talvez nem todos tenhamos a noção acerca do impacto brutal que elas têm no actual sistema democrático.

Fazendo um pequeno enquadramento internacional, o fenómeno das fake news ganhou relevo com as eleições nos EUA e à sua alegada influência na vitória de Donald Trump em 2016. Com a sua vitória, e ao contrário de todas as previsões, o termo ganhou tração e os meios de comunicação perderam mais credibilidade junto de um número significativo de eleitores.

A situação das eleições brasileiras mostrou uma nova tendência, a emergência do WhatsApp como grande fonte de informação. Através de grupos de contactos e da partilha massiva de conteúdo, a campanha de Bolsonaro demonstrou que as eleições já não se ganham com grandes comícios.

Em Portugal, apesar do fenómeno ser recente, as fake news abalam a nossa democracia. 

- Uma audiência sem pensamento crítico está mais receptiva a aceitar mentiras óbvias como verdades, a chamada pós-verdade;

 - O desinteresse dos cidadãos mostra que muitos preferem seguir cegamente líderes de opinião com quem se identificam de alguma forma;

- A abstenção é o reflexo e a prova de que o desinteresse e falta de debate construtivo não é exclusivo da política, vejam-se as reuniões de país, condomínios, associações e outras entidades da sociedade civil;

- A partilha de conteúdo extremista ganha asas nas redes sociais, muitas vezes através de pessoas que se acham traídas pela sociedade em que vivem;

- A Iliteracia Digital é terreno fértil e favorável à propagação da desinformação; é preciso ensinar a pesquisar, contrastar e transformar informação em conhecimento. Sem esse trabalho corremos o risco de vermos as democracias a serem substituídas por ditaduras sofisticadas.

É com a criação de contas, perfis falsos e com a circulação de notícias falsas que se dá um aumento do alcance das publicações de um determinado site ou líder político. Por sua vez, os elogios, muitas vezes doentios a determinada personalidade, partido ou ideia acabam por causar ódio, desinformação e levar a posições extremistas.

Para romper com ciclos viciosos como este é preciso parar de partinhar notícias suspeitas; confirmar sempre as fontes/sites das notícias que lemos; não colocar "gosto" em notícias falsas e, assim, contribuir para a diminuição do alcance das mesmas e, por último, ter uma atitude crítica face a tudo o que lemos e partilhamos. 

Só com uma atitude crítica, reflexiva e ponderada é que podemos contribuir para a extinção do vírus da desinfomação. Em situações de medo, de instabilidade política ou social, este vírus acaba por agravar situações a tensão e causar o pânico. Veja-se o exemplo do novo Covid-19 que consigo trouxe o vírus da desinformação e o impacto que, por sua vez, teve até na saúde mental das pessoas.