Sem que nada o fizesse prever, voltamos aos tempos da telescola devido a um virus que deixou Portugal em Estado de Emergência e o Mundo em suspenso. Tal como os diversos setores da sociedade portuguesa, também o da Educação teve de se adaptar aos "novos tempos", estes em que temos de (con)viver com um virús.
O ensino teve de se reinventar e adaptar-se a tempos em que devemos estar todos em casa e, após 33 anos, altura em que terminaram as emissões regulares da primeira telescola (1965-1987), a RTP voltou a emitir uma outra. Mais moderna e mais tecnológica. Vejamos em que aspectos esta nova telescola, #EstudoEmCasa, difere da primeira que se conhece:
O ensino teve de se reinventar e adaptar-se a tempos em que devemos estar todos em casa e, após 33 anos, altura em que terminaram as emissões regulares da primeira telescola (1965-1987), a RTP voltou a emitir uma outra. Mais moderna e mais tecnológica. Vejamos em que aspectos esta nova telescola, #EstudoEmCasa, difere da primeira que se conhece:
- Desta vez assistimos a uma telescola diferente, que abrange os três ciclos de escolaridade (do 1º ao 9º ano), quando a de meados do século XX se dirigia apenas aos alunos do quinto e sexto anos de escolaridade.
- Assistimos a emissões entre as 9h00 e as 18h00 quando, em tempos idos, as "teleaulas" eram transmitidas, nos dias úteis, entre as 14h e as 19h00.
- Hoje os alunos assistem às "teleaulas" ÚNICA e EXCLUSIVAMENTE a partir de casa, com ou sem acompanhamento dos pais/encaregados de educação. Na "antiga" telescola, os alunos assistiam às "teleaulas" dentro da sala de aula, tendo acompanhamento presencial de dois professores; um da área das ciências e outro da área das letras. Jorge Neves, ex-aluno na telescola da Cartaria, acredita que hoje "a falta do professor para tirar as dúvidas em casa pode provocar distrações nos mais novos".
- De acordo com a professora Maria Repolho, que leccionou na Telescola - CPTV Ciclo Preparatório TV - no Louriçal, concelho de Pombal, entre os anos letivos 1984 e 1987, "devido à obrigatoriedade de confinamento social, os alunos não têm o professor junto a si a ajudá-los na atenção/concentração durante as emissões e, esse facto, pode ser um encargo difícil para os pais. Actualmente o ensino é mesmo «distanciado»". No que se refere aos recursos técnicos, a docente acredita que os "estúdios de gravação, equipas de profissionais de comunicação—som e imagem - ao dispôr dos professores/apresentadores são indiscutivelmente uma mais-valia, considerando os constrangimentos de cada época".
- De acordo com a professora Maria Repolho, que leccionou na Telescola - CPTV Ciclo Preparatório TV - no Louriçal, concelho de Pombal, entre os anos letivos 1984 e 1987, "devido à obrigatoriedade de confinamento social, os alunos não têm o professor junto a si a ajudá-los na atenção/concentração durante as emissões e, esse facto, pode ser um encargo difícil para os pais. Actualmente o ensino é mesmo «distanciado»". No que se refere aos recursos técnicos, a docente acredita que os "estúdios de gravação, equipas de profissionais de comunicação—som e imagem - ao dispôr dos professores/apresentadores são indiscutivelmente uma mais-valia, considerando os constrangimentos de cada época".
- Esta telescola destina-se aos alunos das áreas urbanas e rurais quando, no passado, este sistema de ensino destinava-se a jovens que residiam em áreas rurais e que não podiam assistir às aulas nas escolas das cidades. As limitações financeiras e a dificuldade das deslocações devido a uma deficiente rede de transportes, levavam a que muitas crianças abandonassem a escola após quatro anos de estudos - o ensino primário (obrigatório). De acordo com Jorge Neves, "há quase quarenta anos, o problema era a distância para aceder ao ensino; não havia transportes públicos, muitos alunos deslocavam-se a pé vários quilómetros e a telescola surgiu para atenuar essa limitação. Havia a vantagem de existir na televisão material que faltava em algumas escolas convencionais", acrescenta.
- Esta telescola recorre a inovações tecnológicas que não existiam no passado, entre as quais, computadores, quadros interativos, projetores e tantos outros que, obviamente, não eram utilizados em 1965. Apesar disso, as aulas, "embora fossem visualizadas a preto e branco e usando televisores antiquados, eram enriquecidas com ótimos professores e apresentadores, em aulas muito bem preparadas, pois as sessões seriam gravadas as vezes necessárias à transmissão de uma boa aula", esclarece a professora Maria Repolho.
- Os objetivos desta telescola passam por colmatar a ausência de professores e de alunos nas salas de aula, devido ao encerramento dos estabelecimentos de ensino, mantendo os alunos a estudar os conteúdos formais de cada ano de escolaridade (1º ao 9º ano). As aulas da telescola de outrora completavam a rede de ensino, mas as lições eram vistas também por outras pessoas que, mais tarde, se propunham a exame externo de modo a completarem os graus de ensino - 5º e 6º anos.
- A telescola actual não avalia com "testes" os conhecimentos dos alunos. Os conhecimentos adquiridos pelos alunos com telescola de antigamente eram avaliados em testes de avaliação. "Os testes eram como o totoloto, havia a pergunta e várias opções de resposta e nós escolhíamos a certa. Escrevíamos no livro e respondíamos oralmente", como explica uma ex-aluna da telescola, Maria Alice Vaz. No que se refere à eficácia desse sistema de ensino, Jorge Ferreira, ex-aluno na telescola em Abiúl (Pombal) acredita que "foi muito boa. Eu penso que fui mais ou menos preparado quando entrei no secundário".
As vantagens...
De acordo com a professora Maria Repolho, as vantagens da telescola "antiga" passavam por atenuar os problemas de acessibilidade dos alunos residentes em áreas rurais ao sistema de ensino devido aos "estúdios de gravação apropriados, materiais didáticos usados pelos professores nas gravações das aulas a serem emitidas, imagens filmadas em locais variados, adequadas à lecionação das várias matérias".
Isabel Guerreiro, professora do primeiro ciclo do ensino básico, que leccionou na telescola nas localidades de Ilha-Guia-Pombal, nos anos de 1972 a 1974 em regime de acumulação, acredita que, no passado, a "telescola tinha vantagens pois tornava-se um ensino mais completo. Além das aulas transmitidas via televisão, tinham, depois o aprofundamento por outro professor, que estava dentro da sala de aula".
O ex-aluno da telescola Jorge Ferreira destaca que "hoje os alunos recebem as aulas em casa não só pela televisão, como pela Internet, nos vários ciclos de escolaridade". Contudo, acredita que apesar de este novo de este novo método de ensino ser um "bom recurso, falta o convívio e a interação entre colegas. Era bom que voltássemos à normalidade e este método poderia continuar como apoio".
As desvantagens...
As desvantagens da antiga telescola, na opinião de Maria Reponho, passariam pelo "distanciamento dos alunos de outras realidades, ficando privados de vivências mais diversificadas, especialmente os que queriam prosseguir estudos". Por outro lado, "também os recursos a usar pós-emissão eram muito reduzidos, em relação aos utilizados no Ciclo Preparatório convencional".
No que se refere à telescola atual, a professora considera-a uma "ideia actual muito razoável e poderia, quanto a mim, ser aproveitada de melhor maneira". Acrescenta, ainda que "se o professor da turma tiver acesso aos conteúdos, antecipadamente, poderá fazer a ponte com os seus alunos, aproveitando das emissões o que considera mais importante, numa lógica de flexibilidade curricular, como o Ministério da Educação preconiza". Acredita, ainda, que "o professor poderia sempre adaptar as sessões de #EstudoEmCasa aos seus alunos, no tempo pós-TV".
Opinião diferente tem a professora Isabel Guerreiro que duvida da eficácia da actual telescola: "nem todos os alunos têm acesso ao material que é essencial à prática deste ensino à distância", explica. "Também devo salientar que o local onde os alunos se encontram neste momento está muito longe do seu "habitat" normal que são as suas salas de aulas".
Há vozes a favor e contra a actual telescola. A verdade é que ela faz parte dos dia-a-dia de muitos alunos, professores e famílias e, com os constrangimentos que a ela estão associados, foi a solução mais plausível e razoável que o Governo encontrou para proporcionar a todos um razoável Ensino À Distância (mais ou menos eficaz).
Opinião diferente tem a professora Isabel Guerreiro que duvida da eficácia da actual telescola: "nem todos os alunos têm acesso ao material que é essencial à prática deste ensino à distância", explica. "Também devo salientar que o local onde os alunos se encontram neste momento está muito longe do seu "habitat" normal que são as suas salas de aulas".
Há vozes a favor e contra a actual telescola. A verdade é que ela faz parte dos dia-a-dia de muitos alunos, professores e famílias e, com os constrangimentos que a ela estão associados, foi a solução mais plausível e razoável que o Governo encontrou para proporcionar a todos um razoável Ensino À Distância (mais ou menos eficaz).