domingo, 14 de março de 2021

“Aprendi que não preciso de estar sempre no mesmo sítio para trabalhar”

A aventura internacional de Claúdio Silva, web designer de 31 anos, começou em 2012 quando, pela primeira vez, viajou até Londres. Este foi apenas o início de um percurso rico e completo que tem levado este jovem profissional natural da Guia, concelho de Pombal e distrito de Leiria, a somar experiências profissionais e de vida em países tão diversos como Reino Unido, Alemanha, República Checa, Eslováquia, Itália, França, Holanda, Bulgária, Azerbaijão e Espanha. 

“A primeira vez que viajei de avião foi para emigrar”, recorda Cláudio sobre quando viajou para trabalhar a “virar hambúrgueres” no McDonalds em Londres. “O nervosismo de ir viver para um país diferente, a excitação de andar de avião e a preocupação de não saber o que o meu futuro me reservava foram alguns dos sentimentos que me passaram pelo coração”, acrescenta.

A falta de emprego em Design Industrial, área em que é formado, o conselho do então Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho para que os jovens emigrassem devido à situação económica em que o país se encontrava e o espírito de aventura foram os motivos que “empurraram” Cláudio para fora de Portugal. “Pensei: se é para trabalhar num restaurante ou numa loja, vou para Londres, aprendo outra língua e obtenho alguma experiência de vida”, admite.

Depois de três anos a viver e a trabalhar em Londres, o web designer decidiu procurar um lugar mais calmo e com melhor qualidade de vida para morar. Foi então que em 2015 se instalou em Amsterdão, por um ano, altura em que trabalhou como web designer nos escritórios europeus da Staples. “A primeira coisa que fiz foi comprar uma bicicleta em segunda mão e morei alguns meses num barco encorado num lago nos subúrbios, provavelmente o lugar mais calmo onde alguma vez viverei”, conta.

As saudades dos amigos, da família e do bom tempo trouxeram Cláudio de volta a Portugal. Mas “foi com este saltitar de um lado para o outro que aprendi que não preciso de estar sempre no mesmo sítio para trabalhar”, explica. “Só preciso de um computador e de Internet”, assume. “Tenho trabalhado remotamente como web designer para uma empresa Suíça, enquanto viajo por esse mundo fora feito nómada digital”.

E é como “nómada digital” que Claúdio trabalha remotamente e viaja por países que nunca tinha “imaginado antes” e conhece lugares incríveis. “Um bunker soviético abandonado na Bulgária, vulcões de lama no Azerbaijão e as dunas de Maspalomas, um pequeno deserto nas ilhas Canarias onde raramente chove”, exemplifica.

O agora “nómada digital” não pensa voltar a trabalhar num escritório. “A liberdade de trabalhar onde quero e quando quero é algo que valorizo imenso”, afirma. “Continuar a viajar está nos meus planos e neste momento estou também a restaurar uma carrinha para poder conduzir estrada fora e trabalhar ao mesmo tempo, uma espécie de escritório ambulante”, conclui.

 

O melhor de ser um Nómada Digital… “Não perder tempo em deslocações para o trabalho e poder estar onde é Verão o ano inteiro”, diz.

O pior de ser um Nómada Digital… “Andar sempre de mala às costas e não ter aquele espaço a que possa chamar «a minha casa»”, reconhece.

O mais surpreendente de ser um Nómada Digital… “As pessoas que vamos conhecendo, alguns com ideologias diferentes das nossas que, de certa forma, nos fazem ver o mundo de outros pontos de vista”, explica.