Já passou por São Tomé e Príncipe, Moçambique e agora está em Macau. Aos 41 anos, Catarina Faustino é professora de Inglês na Escola Portuguesa de Macau e professora de Português como Língua Estrangeira numa escola particular da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM).
Natural da Benedita, concelho de Alcobaça, a professora pensa ficar, pelo menos, mais quatro anos na “Las Vegas da Ásia”, altura em que a filha completará o 12º ano de escolaridade. “Todas as experiências que tive fora do país [Portugal] me enriqueceram enquanto ser humano bem como no campo profissional, mudando completamente a minha perspetiva da vida e da do outro”, destaca.
Viajante incansável e apaixonada pelo ensino, Catarina não tem medo de agarrar as oportunidades que lhe aparecem pelo caminho. Há cerca de um ano e meio “no espaço de 15 dias e com uma mala de 20 kg, deixei o país onde residia Moçambique, cidade de Maputo e abracei uma nova aventura, agora na China”, afirma.
Por agora, regressar a Portugal não faz parte dos
planos de Catarina. “Depois de conseguirmos conter
a saudade vamos abraçando novas experiências e novas vivências, isto é, o
espírito emigrante “vai-se entranhando”. Mas o futuro ditará o próximo passo”,
frisa a docente.
As saudades existem; “do cheiro a
terra, das caminhadas com paragem para apanhar figos nas árvores, no fundo o
contato com a natureza”, afirma a professora que também recorda as “sonecas que
dormia à lareira”. A distância da família e o desfasamento, no fuso-horário, de
oito horas que dificulta a comunicação são outros aspetos que interferem na
vida de Catarina.
A professora conta que a experiência da emigração está
recheada de episódios caricatos, entre os quais, um que ocorreu num
supermercado: “queria apenas comprar fruta, mas não conseguia ler o preço de
nenhuma das frutas, nem saber se era o preço de uma unidade ou do quilo...”.
Mas, como encara todos os obstáculos como desafios, Catarina encontrou
estratégias para superar as dificuldades do dia-a-dia e, para si, o Inglês, a
linguagem gestual e o Google tradutor são os seus maiores aliados.
E o que para si define a experiência da emigração? “Tolerância é a palavra que melhor define a experiência extracontinental. Refiro-me a questões culturais, religiosas e políticas”, diz. “Percebemos que não somos «donos da verdade» e respeitamos com naturalidade todos na sua diferença”, acrescenta. AIM