terça-feira, 19 de abril de 2016

Gala dos Mestres e Campeões enalteceu Atletismo

Homenagear treinadores e atletas do atletismo português e “inspirar os atletas actuais em ano olímpico” foram dois dos principais objectivos da primeira Gala dos Mestres e Campeões que a Federação Portuguesa de Atletismo realizou no sábado, 2 de Abril, na Expocentro, em Pombal.

Francis Obikwelu, Nelson Évora, Rosa Mota, Naide Gomes, Susana Feitor, Ana Dulce Félix e Sara Moreira foram apenas alguns dos nomes homenageados que marcaram presença na Expocentro de Pombal, local que tem acolhido inúmeras provas ao nível nacional.






“A nossa modalidade tem um paradoxo dentro de si própria: temos 10 campeões olímpicos, mas na realidade a nossa modalidade padece de lacunas que são inconcebíveis nos tempos actuais”, frisou Jorge Vieira, presidente da Federação Portuguesa de Atletismo. “Temos o problema das infraestruturas, a falta de apoios financeiros, temos problemas com a falta de treinadores e a falta-nos apoios materiais aos jovens talentos”.

Ao longo do seu discurso, Jorge Vieira, enalteceu o papel do presidente da Mesa da Assembleia Municipal de Pombal, Narciso Mota, que “colocou à disposição esta infraestrutura em que estamos reunido [pista coberta] para que pudéssemos usufruir de uma pista coberta que precisávamos para as realizar as nossas provas”. Também destacou a acção do vereador do desporto Fernando Parreira que “coordenou uma equipa extraordinária de funcionários da Câmara que contactaram a Federação para a organização da Gala”, acrescentando o valor de um evento que se realiza de 15 em 15 anos. 

Além de querer homenagear os agentes desportivos que se têm vindo a destacar ao longo do tempo, na Gala dos Mestres e Campeões fez-se uma retrospectiva de 40 anos de atletismo. Stephanie Rodrigues e Lea Silva abrilhantaram os intervalos com duas interpretações musicais e o grupo “Art Movement” e “Dance Spirit” fizeram as delícias da abertura e do fecho do espectáculo.

A Gala, aberta ao público em geral, foi apresentada por Isabel Figueira e João Moleira e contou com dezenas de pessoas. O valor angariado com os bilhetes reverteu a favor de uma Instituição de Solidariedade Social do Concelho de Pombal. 


quinta-feira, 14 de abril de 2016

Saudade...

É uma palavra que aparece sem pedir autorização
Entranha-se em nós ao de leve
Até que toma a forma de uma dor insuportável
Ao ponto de nos doer fisicamente.

Vai crescendo, lentamente,
Sem avisar que vai magoar.
E assim que chega, temos de acolhê-la como se de uma coisa boa se tratasse.
Chega, fica, intensifica-se de dia para dia.

Porquê? Porque doí tanto?
Porque é aquela palavra que existe exclusivamente em Língua Portuguesa
Porque quando a mencionamos sentimos precisamente o seu significado
Porque dói, dói muito, quando o passado foi feliz,

Reviver? Complicado! Esquecer? Impossível!
Ai saudade, saudade... Porque existes se o meu passado foi tão feliz?
Porque me fazes querer ter lá ficado em vez de me transportares dolorosamente
Para um presente que eu preferia desconhecer?

Saudade, saudade... Deixas-me deprimida e entristecida
Mas também me dás a certeza de que no passado ficou um final feliz.
Complicado, mas fervorosamente feliz.
Indubitavelmente aquilo que gostaria de estar hoje a viver.

Saudade, ai saudade...
Traz-me de volta o passado que não permitiu que eu fosse triste.
Traz-me de volta o passado que me quer ver bem.
Traz-me de volta o passado que não me deixou verter uma lágrima,
Mas que hoje não me deixa dormir descansada.

Sê simpática, trás de volta a felicidade.
Não permitas que a solidão habite os meus dias sombrios!
Traz-me coisas boas....
Saudade, ilude-me e faz-me ser parte de ti...

domingo, 10 de abril de 2016

"O mais recompensador é ver o público motivado a ouvir a banda tocar"

Fundou os Desbundixie, faz parte da Big Band da Nazaré, é organista em igrejas e é maestro da Sociedade Filarmónica Nossa Senhora da Piedade, em Monte Redondo. Aos 37 anos de idade, o maestro André Venâncio, que já conta com um extenso currículo musical, depara-se com desafios exigentes mas acredita que as bandas filarmónicas estão a ser cada vez mais valorizadas pelo público. 


Ana Mendes (AM) - Como e quando surgiu o seu percurso na música?
André Venâncio (AV) - O meu percurso começou com um convite de um amigo meu que me propôs aprender música. O meu pai estava farto de me chatear, mas eu nunca quis. Esse meu colega convidou-me, fui ver como era e comecei a aprender a tocar órgão.

AM - Começou, portanto, com o órgão...
AV -  Tinha aulas de órgão electrónico e, um ano e meio depois, surgiu a trompete. Foi então que deixei o órgão. Nessa altura tinha 16 anos.

AM - Onde e porque razão se iniciou na trompete?
AV - Iniciei na filarmónica em Monte Redondo. Comecei com a trompete por engano, porque o que eu queria mesmo era saxofone. O maestro na altura, Gualdino Branco (actual maestro da Filarmónica da Guia), disse-me que 'para a semana me dava o saxofone'. Hoje ainda estou à espera dessa semana.

AM - Outros desafios musicais levaram-no para a direcção de uma banda. Em que altura da sua vida apareceu a batuta?
AV - Antes de ser convidado a vir para a banda, já tinha feito vários cursos de direcção, entre os quais com o maestro Alberto Roque. Foi a convite do antigo presidente da banda, Manuel Oliveira e de Paulo Gomes, actual executante de tuba, que me tornei maestro. Foi pela amizade e por saber das minhas capacidades e da mais-valia que poderia trazer à filarmónica, que me convidaram já há sete anos.

AM - Com quantos músicos conta a filarmónica na actualidade? Quando são ensaios?
AV - 34. Às sextas-feiras das 21h30 às 23h30.

AM - A média de idades dos elementos da filarmónica ronda os 20 anos. Como se lida com pessoas tão jovens e como se dirige um grupo tão heterogéneo de músicos (dos 10 aos 55 anos)?
AV - Eu tento fazer com que o objectivo principal seja sempre a música e cativar os músicos para um reportório mais variado e mais conhecido. Às vezes, deixo até que sejam os músicos a escolherem aquilo que querem tocar.

AM - Quais são os motivos da desmotivação?
AV - Tem um pouco que ver com o aspecto geográfico, devido à centralidade e à variedade de oferta. Os músicos preferem ir a outros lados em vez de irem aos ensaios.

AM - Além de ser, actualmente, a sede da filarmónica, o antigo palacete Dr. Luís Pereira da Costa, abriga, durante a semana e aos fins-de-semana, aulas de música e de dança. A que horas?
AV - Aos sábados a escola e música abre às nove da manhã e fecha às 18 horas. Existem aulas todos os dias da semana, repartidas por vários instrumentos. O edifício tem as valências de filarmónica, escola de música, escola de dança Staccatto, Yoga, Step Ginástica Localizada, Aeróbica, entre outras.

AM - No concelho de Leiria existem 11 filarmónicas. Que futuro para as bandas?
AV - Anteriormente havia o mito da "banda do garrafão". Hoje já não há porque, ao surgirem escolas de música, os executantes começaram a ter outra qualidade e começaram a ser alertados para outra realidade. Puderam ver como, sendo músicos da filarmónica, podem estudar e seguir a via profissional como músico; é só estudar. Antes as pessoas iam à filarmónica só porque gostavam de música, para se divertirem e pelo convívio. Hoje isso ainda acontece, mas o meu papel é fazer a melhor música com as capacidades de cada um.

AM - Como se lida com diferentes níveis musicais?
AV - Motivando para estudar durante a semana, que nem sempre é fácil por causa das actividades profissionais e da escola. Nos ensaios tento trabalhar com os músicos as partes mais complicadas das peças. tento ter em atenção a escolha do reportório pois sei quais são os naipes que estão mais fragilizados.

AM - São conhecidas as rivalidades históricas existentes entre filarmónicas. Tem sentido isso? De que forma?
AV - Não, de forma alguma. Não sinto isso nem faz sentido. Todos nós trabalhamos para o mesmo e ajudamo-nos uns aos outros, tanto maestros como músicos. Se for necessário, posso ir buscar um músico à filarmónica do lado. No entanto, antigamente, era impensável fazer isso. Não havia trocas de músicos.

AM - Além de maestro desta banda, foi fundador do Desbundixie, faz parte da Big Band da Nazaré e é organista na Barosa. Como se encaram papeis musicais tão díspares e complementares entre si?
AV - Para o papel de maestro, todo o estilo de música que se possa executar vai beneficiar a sua formação. Gosto imenso de Jazz e tenho a possibilidade de o puder fazer e ser organista numa igreja possibilita-me aperfeiçoar aspectos ao nível harmónico e não só...

AM - Qual é a sua maior dificuldade como maestro?
AV - É ter os músicos todos no ensaio.

AM - E qual é a maior conquista?
AV - O que é recompensador como maestro é ver o público motivado a ver a banda tocar. Como músico, são os aplausos.

AM - Será que a população rural tem o ouvido educado para apreciar as Bandas Filarmónicas?
AV - Voltamos ao aspecto geográfico... No Norte, qualquer aldeia dá imenso valor às bandas filarmónicas. Quanto mais a Sul, menos filarmónicas existem e menos interesse existe nelas. Leiria é um caso raro; não existem tantas filarmónicas num concelho como no de Leiria.

AM - Até onde quer levar a sua música?
AV - O objectivo principal é levar a minha música a quem a quiser ouvir.

AM - Que conselhos deixa a candidatos a músicos e a maestro?
AV - Aos músicos, muito espírito de sacrifício e muitas horas de trabalho, que vão dar os seus frutos mais tarde. Aos maestros, uma das principais virtudes é a paciência e saber lidar com diversos graus de cultura e faixas etárias; é saber estar com todos ao mesmo tempo.