domingo, 28 de junho de 2020

Trabalhar na área do turismo em tempos de COVID-19

2020, um ano que se avizinhava com inúmeras novidades (boas) e prometia ser "o ano" de muitos, chegou com virús. O COVID-19 virou a vida de todos do avesso e "obrigou-nos" a adaptarmo-nos a uma nova realidade. A um quotodiano de vidros de acrílico, máscara, viseira, alcool-gel, água, sabão e desinfetante. Artigos que, com certeza, eram usados com menos frequência até março deste ano.

Chegados a meados deste ano, verificámos que diversos negócios tiveram de se adaptar a esta nova realidade e, como é óbvio, o setor do turismo e os de restauração e de bar estão, mais do que outros setores, expostos a inúmeros riscos associados ao incumprimento das normas de higiene e segurança no trabalho. Se já estavam na "Era Pré-Covid", imaginem agora. Ora, este ano a fiscalização está mais apertada e é imperativo o regrado e rigoroso cumprimento das normas de HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Points).

As notícias indicam que a retoma dos negócios no setor turístico está demorada e acontece a um ritmo muito lento e um pouco imprevisível. Os turistas são, na sua grande maioria, portugueses que estão a adoptar a máxima de "vá para fora cá dentro". Prevê-se a existência de uma queda acentuada nas remessas de estrangeiros na nossa economia, no que toca a este setor. O sub-setor do Turismo Em Espaço Rural (TER) é o que mais fica a ganhar, com os turistas portugueses a optarem pelo contacto com a natureza e o ar livre e puro longe cidade.

Afinal, se não formos nós, portugueses, a contribuir para a retoma da nossa economia, quem mais o fará? Se não investirmos no nosso turismo e não comprarmos local, como garantiremos o futuro da nossa economia? Esperar somente pelos fundos europeus para a necessária retoma não basta; é preciso "ir fora cá dentro" e contribuir, apoiando os pequenos empresários e os produtores portugueses. Falo do artesão, do pequeno comerciante de uma mercearia de bairro ou do gerente de um restaurante menos conceituado.

E reflito acerca do que mudou com tudo isto. Este verão tenho-me apercebido de como até o serviço de bar nas praias se alterou. Alguns "cafés" têm esplanadas, outros não; optam pelo serviço de take-away. Os funcionários usam, obrigatoriamente, máscara ou viseira. Lavam e desinfetam as mãos nos intervalos do atendimento entre clientes. Temos de continuar a manter o distanciamento social, de pelo menos dois metros, quer entre funcionários, quer entre clientes. Os vidros de acrílico fazem parte do dia-a-dia no atendimento ao público. Não há contacto direto entre staff e clientes. Temos de seguir à risca as normas da Direção Geral de Saúde de forma a conter a propagação do vírus e a mitigar esta pandemia que já dizimou milhões de vidas em todo o mundo.

Por agora, quem está de férias, folgas ou fins-de-semana deve, na minha opinião, aproveitar a beleza incomparável das nossas praias portuguesas ou as magníficas paisagens das serras de perder de vista por esse Portugal fora. Muitas vezes vamos para fora sem conhecermos o que temos cá dentro; por isso considero essencial aproveitar este período de tempo, em que são desaconselhadas as viagens, para conhecermos o que por cá temos.  

quarta-feira, 10 de junho de 2020

"Fake News" - o VÍRUS da DESINFORMAÇÃO

Inspirada por um tema de um trabalho de uma formação que estou a terminar, falo hoje acerca de um vírus que nos acompanha no dia-a-dia, todos os dias. E não é ao Covid-19 que me refiro. Não desta vez. Falo acerca das fake news, o vírus da desinformação. Um vírus, que nos últimos tempos e a par do Coronavírus, tem vindo a propagar-se a uma velocidade estonteante.

Em primeiro lugar, é preciso esclarecer o conceito de fake news. Não são notícias erradas nem imprecisas. São, sim, notícias falsificadas, que carecem de rigor jornalístico e cujo objetivo é manipular um grupo de indivíduos. Têm, muitas vezes fins políticos, económicos, sociais ou outros e propagam-se através de redes sociais como o Twitter ou o Facebook, ou através de aplicações mais fechadas como o Whatsapp.

Ao contrário das notícias verdadeiras, as fake news não provêm de nenhum orgão de informação oficial, sendo que muitas vezes o endereço e o formato da notícia são estranhos (.br); têm erros na escrita e parecem tradução automátuca, geralmente para português do Brasil; não apresentam o contraditório e muito menos citações das pessoas visadas; são anunciadas de uma forma estranha e, por vezes, alarmista e as imagens que ilustram a notícia parecem fabricadas (manipuladas).

Aqui estão alguns sites de fake news, cujos conteúdos muito (de mais) circulam por essas redes sociais fora:

Ora, todos sabemos que as fake news circulam pela net e que não as devemos partilhar. Contudo, talvez nem todos tenhamos a noção acerca do impacto brutal que elas têm no actual sistema democrático.

Fazendo um pequeno enquadramento internacional, o fenómeno das fake news ganhou relevo com as eleições nos EUA e à sua alegada influência na vitória de Donald Trump em 2016. Com a sua vitória, e ao contrário de todas as previsões, o termo ganhou tração e os meios de comunicação perderam mais credibilidade junto de um número significativo de eleitores.

A situação das eleições brasileiras mostrou uma nova tendência, a emergência do WhatsApp como grande fonte de informação. Através de grupos de contactos e da partilha massiva de conteúdo, a campanha de Bolsonaro demonstrou que as eleições já não se ganham com grandes comícios.

Em Portugal, apesar do fenómeno ser recente, as fake news abalam a nossa democracia. 

- Uma audiência sem pensamento crítico está mais receptiva a aceitar mentiras óbvias como verdades, a chamada pós-verdade;

 - O desinteresse dos cidadãos mostra que muitos preferem seguir cegamente líderes de opinião com quem se identificam de alguma forma;

- A abstenção é o reflexo e a prova de que o desinteresse e falta de debate construtivo não é exclusivo da política, vejam-se as reuniões de país, condomínios, associações e outras entidades da sociedade civil;

- A partilha de conteúdo extremista ganha asas nas redes sociais, muitas vezes através de pessoas que se acham traídas pela sociedade em que vivem;

- A Iliteracia Digital é terreno fértil e favorável à propagação da desinformação; é preciso ensinar a pesquisar, contrastar e transformar informação em conhecimento. Sem esse trabalho corremos o risco de vermos as democracias a serem substituídas por ditaduras sofisticadas.

É com a criação de contas, perfis falsos e com a circulação de notícias falsas que se dá um aumento do alcance das publicações de um determinado site ou líder político. Por sua vez, os elogios, muitas vezes doentios a determinada personalidade, partido ou ideia acabam por causar ódio, desinformação e levar a posições extremistas.

Para romper com ciclos viciosos como este é preciso parar de partinhar notícias suspeitas; confirmar sempre as fontes/sites das notícias que lemos; não colocar "gosto" em notícias falsas e, assim, contribuir para a diminuição do alcance das mesmas e, por último, ter uma atitude crítica face a tudo o que lemos e partilhamos. 

Só com uma atitude crítica, reflexiva e ponderada é que podemos contribuir para a extinção do vírus da desinfomação. Em situações de medo, de instabilidade política ou social, este vírus acaba por agravar situações a tensão e causar o pânico. Veja-se o exemplo do novo Covid-19 que consigo trouxe o vírus da desinformação e o impacto que, por sua vez, teve até na saúde mental das pessoas.