2020, um ano que se avizinhava com inúmeras novidades (boas) e prometia ser "o ano" de muitos, chegou com virús. O COVID-19 virou a vida de todos do avesso e "obrigou-nos" a adaptarmo-nos a uma nova realidade. A um quotodiano de vidros de acrílico, máscara, viseira, alcool-gel, água, sabão e desinfetante. Artigos que, com certeza, eram usados com menos frequência até março deste ano.
Chegados a meados deste ano, verificámos que diversos negócios tiveram de se adaptar a esta nova realidade e, como é óbvio, o setor do turismo e os de restauração e de bar estão, mais do que outros setores, expostos a inúmeros riscos associados ao incumprimento das normas de higiene e segurança no trabalho. Se já estavam na "Era Pré-Covid", imaginem agora. Ora, este ano a fiscalização está mais apertada e é imperativo o regrado e rigoroso cumprimento das normas de HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Points).
As notícias indicam que a retoma dos negócios no setor turístico está demorada e acontece a um ritmo muito lento e um pouco imprevisível. Os turistas são, na sua grande maioria, portugueses que estão a adoptar a máxima de "vá para fora cá dentro". Prevê-se a existência de uma queda acentuada nas remessas de estrangeiros na nossa economia, no que toca a este setor. O sub-setor do Turismo Em Espaço Rural (TER) é o que mais fica a ganhar, com os turistas portugueses a optarem pelo contacto com a natureza e o ar livre e puro longe cidade.
Afinal, se não formos nós, portugueses, a contribuir para a retoma da nossa economia, quem mais o fará? Se não investirmos no nosso turismo e não comprarmos local, como garantiremos o futuro da nossa economia? Esperar somente pelos fundos europeus para a necessária retoma não basta; é preciso "ir fora cá dentro" e contribuir, apoiando os pequenos empresários e os produtores portugueses. Falo do artesão, do pequeno comerciante de uma mercearia de bairro ou do gerente de um restaurante menos conceituado.
E reflito acerca do que mudou com tudo isto. Este verão tenho-me apercebido de como até o serviço de bar nas praias se alterou. Alguns "cafés" têm esplanadas, outros não; optam pelo serviço de take-away. Os funcionários usam, obrigatoriamente, máscara ou viseira. Lavam e desinfetam as mãos nos intervalos do atendimento entre clientes. Temos de continuar a manter o distanciamento social, de pelo menos dois metros, quer entre funcionários, quer entre clientes. Os vidros de acrílico fazem parte do dia-a-dia no atendimento ao público. Não há contacto direto entre staff e clientes. Temos de seguir à risca as normas da Direção Geral de Saúde de forma a conter a propagação do vírus e a mitigar esta pandemia que já dizimou milhões de vidas em todo o mundo.
Por agora, quem está de férias, folgas ou fins-de-semana deve, na minha opinião, aproveitar a beleza incomparável das nossas praias portuguesas ou as magníficas paisagens das serras de perder de vista por esse Portugal fora. Muitas vezes vamos para fora sem conhecermos o que temos cá dentro; por isso considero essencial aproveitar este período de tempo, em que são desaconselhadas as viagens, para conhecermos o que por cá temos.