quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Marisa Tavares, no Luxemburgo: “Emigrar é uma das formas mais cruéis de evolução como pessoa”


Marisa Tavares, natural da Ortigosa, distrito de Leiria, tem 34 anos de idade e reside desde 2011 numa vila luxemburguesa chamada Larochette. Com motivos suficientemente fortes para residir e trabalhar no Luxemburgo e com Portugal no coração, Marisa fala da vida, do trabalho e do negócio de um foodtruck que tem com o marido, Bruno Tavares.

Residia no distrito de Leiria quando, há sete anos, Marisa decidiu ir viver com o - na altura - namorado no Luxemburgo. A escassez de oportunidades profissionais em Portugal tornou mais que óbvia a escolha de Marisa, que atualmente trabalha num lar de pessoas idosas invisuais, em mudar-se para o Luxemburgo.

“A nossa casa é aqui, os miúdos - uma menina com seis e um menino com 12 anos - já estão integrados no sistema escolar luxemburguês e este é um país que lhes oferece muitas oportunidades no futuro”, destaca Marisa quando questionada sobre um eventual regresso a Portugal. “Num futuro próximo não existem planos para um retorno definitivo”, acrescenta.

Aos fins-de-semana Marisa e Bruno têm um pequeno negócio ligado à restauração. A ideia de criar o foodtruck “Saudade” nasceu em dezembro de 2017 mas só em julho do ano passado é que começou a ganhar forma. “Num país onde a comunidade portuguesa se faz denotar tão fortemente, não existia um foodtruck genuinamente português”, justifica Marisa sobre a lacuna existente no setor da restauração luxemburguês à qual dá resposta.

É aos fins-de-semana que Marisa e Bruno se dedicam ao negócio que está em clara expansão. Participam, com a sua “Roulotte da Saudade”, em eventos de renome no Luxemburgo e na Bélgica. É aí que, com a francesinha com batata doce, com a bifana com molho de mostarda e mel e com os tapas de Portugal matam a fome e a saudades dos petiscos lusos à comunidade emigrante portuguesa (e não só!).

O que mais adoro no Luxemburgo é, sem dúvida, o mundo de oportunidades que um país tão pequenino oferece, aqui, bem no centro da Europa”, destaca Marisa. “É possível tomar o pequeno-almoço na Bélgica, almoçar na Alemanha e jantar na França... tudo num só dia sem muito esforço ou correria!”, acrescenta.

Orgulhosa da nacionalidade portuguesa, Marisa frisa o facto de não haver comida como a nossa. “São sabores impossíveis de se encontrar onde quer que seja”, realça. Por outro lado, reconhece que “somos de uma riqueza cultural incalculável” mas que “tristemente só nos apercebemos quando saímos”.

E que ensinamentos traz a experiência internacional? “A experiência da emigração é das formas mais cruéis e brutais de evolução enquanto pessoa”, afirma Marisa Tavares. “A Saudade passa a ser o sentimento predominante. Passamos a sentir tudo de forma muito intensa”, continua. Acredita que deixamos de ser portugueses de Portugal para sermos portugueses do mundo: “quando chegamos a Portugal somos emigrantes e quando estamos no Luxemburgo, somos os portugueses”, conclui.

O melhor por lá…

“O melhor do Luxemburgo é o mundo de oportunidades que aqui se forma pela centralidade do país no espaço europeu”, diz Marisa.

O pior por lá…
Para Marisa, o pior do Luxemburgo é a neve: “não é o frio que atrapalha. É mesmo a mobilidade que se torna muito complicada. E não falo só de condução normal nas estradas...é com cada queda mesmo a pé!”

O mais surpreendente por lá…
“O mais surpreendente do Luxemburgo é a riqueza multicultural que existe”, acredita Marisa. “São tantas nacionalidades, tanta mistura de conhecimento, que penso ser mesmo esse o maior tesouro aqui perdido”, acrescenta. “E vá se lá entender, como é que os meus filhos aos seis anos já falam praticamente quatro línguas? Este país é mesmo uma caixinha de surpresas”, conclui.

Larochette

Luxemburgo

Fundação: 15 de março de 1815

Área: 15,40 km2

Habitantes: 2.141(sensos de 2013)


Curiosidades:  Larochette é uma comuna do Luxemburgo, pertence ao distrito de Luxemburgo e ao cantão de Mersch. Está situada no rio WhiteErnz . A cidade é dominada pelo Castelo Larochette que está parcialmente destruído.

Como plataforma cultural, a cidade do Luxemburgo é abundante em locais de expressão artística, como museus, teatros e salas de concerto. A oferta cultural que compõe o Luxemburgo é representativa dos habitantes da cidade: multilingue, multicultural, criativa e eclética.  A região central do país abriga cerca de 170 nacionalidades diferentes que escolheram morar na capital. A antiga cidade de Luxemburgo e sua fortaleza faz parte do Património Mundial da UNESCO.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Quando a vida nos dá uma oportunidade para mudar...


Já não escrevo neste blogue há cerca de um mês. Por falta de tempo, de organização, de inspiração ou de disponibilidade mental, não tem havido um motivo suficientemente forte que me traga a este espaço de reflexão. A verdade é que janeiro foi, para mim um mês de mudança. Este ano não fugi à máxima de "Ano Novo, Vida Nova".

Novos recomeços traçaram-se na minha história de vida. E, por isso, pouco tempo me tem sobrado para me debruçar sobre essas mudanças. É tudo novo, a cidade, o trabalho, o estilo de vida, o tempo e até mesmo a paciência! Mudar é bom e é preciso saber aproveitar quando a vida nos dá uma oportunidade para recomeçar. 

Decidi recomeçar assim que voltei de Moçambique, em maio passado. Depois de muitos meses de turbulência profissional e instabilidade pessoal, de muitas quedas e de muitos "nãos" a fecharam-me a porta, lá aparece no meu caminho a oportunidade de iniciar um estágio profissional numa empresa em Lisboa. Fui, arrisquei, esperei e hoje não me arrependo. 

Tenho aprendido muito todos os dias! Saí do meu "habitat" natural e sinto que dei um passo muito positivo na minha (ainda curta) carreira profissional. Arrisquei numa área que não é a minha, embora com algumas "pontes de contacto" com o jornalismo e não me arrependo de ter começado algo novo, que pode vir a ser muito importante num futuro próximo, para a minha carreira profissional e para o meu percurso pessoal.

Mudar não é fácil; sair da zona de conforto também não. Mas li há uns tempos que "a zona de conforto é um óptimo sítio para se estar; é pena que não se aprenda lá nada". E não. A vida começa fora do nosso "habitat natural", quer se trate da mudança de casa, de trabalho, de emprego, de área profissional, de cidade, de país ou de vida!

Quando a vida nos dá uma oportunidade para mudar, não a devemos desperdiçar, à espera que surja uma oportunidade ainda melhor, pois essa pode nunca vir a surgir. Depois vem o arrependimento. O "E Se"? Ás vezes esperamos, desesperamos e voltamos a esperar sem que nada aconteça. E, logo de repente, assim do nada, surgem duas boas oportunidades! Plim! É preciso decidir. Abrir mão de uma para apostar noutra. Isso aconteceu-me este ano.

Sempre apostei em mim e sempre continuarei a fazê-lo. A dar mais à minha vida, à minha carreira profissional, à minha formação, aos meus estudos! Por vezes falta-me a confiança em mim, nas minhas capacidades no "eu consigo"! Às vezes o receio da mudança bate-me à porta, juro que sim! Mas é nessas alturas que tento ter mais fé e confiança em mim para trilhar um caminho desconhecido, por vezes assustador mas, no fim, muito recompensador.

Afinal, se eu não acreditar em mim, quem acreditará?