É designer e viveu os primeiros anos de vida na Ilha. Neste momento é em Leiria que dá vida à marca de design de moda, “Noise Goods”. Filho de Maria Rosário Pereira e de Manuel Fernandes, Pedro Fernandes, de 32 anos, fala da sua formação, do gosto que nutre pelo design e de como é possível dar a volta à crise económico- financeira que ainda assola muitos negócios.
“Desde muito novo e com o gosto pelo desenho, fui despertando uma curiosidade pela criação e em re-imaginar aquilo que me rodeava”, começou por explicar o designer acerca do gosto que nutre pela área da moda. “Todos pensamos num mundo melhor e acho que, com o desenho, eu percebi que era mais fácil imaginar novas possibilidades”, continuou.
Não se assume como uma pessoa “socialmente activa” na Ilha, mas sabe que todos sabem quem ele é. Pai e mãe são conhecidos na aldeia: “a minha mãe é a Maria do Rosário Pereira, da famílias dos Helenos, e o meu pai é o Manuel Fernandes; muitos lembram-se dele pelo seu contributo no futebol da Ilha e de outros clubes da região de Leiria”, frisou Pedro Fernandes.
Licenciado em design de equipamento pela Escola Universitária das Artes de Coimbra - ARCA, lançou-se ao projecto “Noise Goods” nos finais de 2013. “Começou como um projeto pessoal, sem objectivos comerciais. Explorava a criação de acessórios, carteiras e outros pequenos objectos de bolso”, começou por explicar. As motivações pessoais impulsionaram o negócio. “Achei que poderia melhorar a oferta do mercado, procurando criar melhores condições para um produto mais honesto e com materiais mais naturais”, afirmou. “Perceber que as outras pessoas acreditavam no mesmo que eu, foi a aceitação de que precisava para trabalhar numa marca”, sublinhou.
Neste momento a “Noise Goods” está sedeada na Ilha, mas a sua acção abrange toda região centro e vai além-fronteira. Depois da ideia, a empresa foi estabelecida em 2014, com a ajuda de Nuno Pinto e de Armindo Alberto, ambos da Ilha.“A pesquisa dos materiais, todo o processo de manufatura, e, mais tarde, a publicação dos resultados online foi a combinação que me levou a crer que os pequenos objectos de bolso faziam sentido para outras pessoas. As pessoas começaram a querer o produto antes de ser um objecto comercial”, continuou o mentor do projecto.
Revolucionar o mundo da publicidade e da moda não é um objectivo do designer. Quer, por sua vez, dar respostas a necessidades que o mercado não dá. “A maioria da indústria, internacionalmente e de quase todas as áreas, está deslocada das motivações das pessoas de dentro e de fora das empresas ou marcas”, justificou. Na era da Internet, as pessoas dispõem de todas as informações à distância de um clique e, portanto, “se as entidades corporativas não descobrirem porque é que fazem o que fazem, porque é que acordam de manhã para trabalhar naquilo que fazem, não vão conseguir convencer ninguém a adquirir os resultados”.
Um negócio com os olhos postos além-fronteiras
À semelhança de muitos outros jovens que iniciam um negócio próprio, também Pedro Fernandes trabalhou como designer e ilustrador em algumas zonas do pais. “Trabalhei numa fábrica de móveis em Soure como designer. Depois, como ilustrador independente em Lisboa, e, recentemente, numa empresa de importação de produtos promocionais em Cantanhede, como designer”, disse.
A “Noise Goods” funciona, actualmente, como uma sociedade, com o mentor Pedro Fernandes e os sócios Nuno Pinto e Armindo Alberto. “Na gestão da empresa estou apenas eu, o único funcionário, mas conto com a ajuda de artesãos de Alcanena, Manteigas e Braga para obter materiais e mão-de- obra.
No que se refere aos clientes, são maioritariamente do sexo masculino, vivem em grandes metrópoles, de que são exemplo, Nova Iorque, São Francisco, Londres, Amesterdão e Tóquio. Estes consumidores “têm um gosto mais fundamentado, estão informados e actualizados relativamente às tendências e às correntes da moda”.
Quanto a desafios, como a marca é “muito nova e precisa de se afirmar”, colocá-la “nas grandes metrópoles mundiais é o grande desafio neste momento para conseguir essa afirmação”, revelou Pedro Fernandes.
“Arriscar é perceber que a crise abala qualquer negócio, são as pessoas que sofrem e precisamos de todos para a combater. Temos de contribuir para uma sociedade que não é para nós, é para todos”, afirmou, em jeito de conclusão, o designer. “À medida que vou avançando fico mais convencido de que contribuir para os que nos rodeiam é melhor do que retirar”, finalizou.
Para ficar a conhecer melhor a “Noise Goods” e os productos e serviços que oferece, basta aceder ao site http://noisegoods.com/.