domingo, 6 de dezembro de 2015

O Natal e os constantes apelos ao consumo desmedido


Chegou Dezembro que, consigo, trouxe as luzes cintilantes, os cheiros estonteantes e os sons melódicos nas músicas que se fazem ouvir na rádio, na cidade. Chegou o mês da gratuitidade, do voluntariado, do dar sem esperar nada em troca. Chegou o mês do nascimento do menino Jesus e da chegada do Pai Natal, tão ansiado pela crianças, durante todo o ano. Chegou o mês que nos lembra como é importante ajudar o próximo sem ter, necessariamente, de tirar dividendos das boas acções. Chegou o mês do frio insuportável e da lareira aconchegante. Chegou o mês de pedir desculpa a alguém que magoámos. Chegou o mês de agradecer a quem nos fez o bem e de esquecer as mágoas que os inimigos nos infligiram. Chegou o mês em que tudo é bonitinho.

Mas como não há bela sem senão, chegou o outro lado de Dezembro. O mês, por excelência, do consumismo. O mês dos extravagantes jantares e das compras desmedidas. O mês do subsídio de Natal que, sem queremos, gastamos num estalar de dedos. O mês em que pensamos na mães, no pai, nos irmãos, nos tios, nos primos, nos avós e nos netos. Mas esquecemos-nos que eles existem durante todo o ano. O mês em que, vezes sem conta e mais do que o habitual, somos constantemente "bombeados" com publicidades de perfumes, de roupas, de brinquedos e de bombons. A publicidades, mais agressivas que nos outros meses do ano, entram-nos casa a dentro e sem pedir autorização pela Internet, pela televisão, pela rádio, pelo tablet e pelos demais mais que possam imaginar (e de que não me recordo agora).

E este é o lado menos natalício do Natal. O lado do consumo desmedido e das compras precipitadas. Comprar como se não houvesse amanhã e não esquecer as prendas do cão e do gato são algumas regras que reinam na cabeça de algumas pessoas. Ok. Há coisas que estão em promoção e, por isso, ficam mais baratas. Ok. Fica sempre bem dar a tal prendinha para que o amigo não se esqueça, ou como forma de agradecer o facto de estar, o ano todo, ao nosso lado. Mas, caramba! Há limites para a decência. E, apesar de saber que as promoções dos supermercados são sempre um chamariz ao consumo, não percebo como é que, durante a semana, certas superfícies comerciais estão, literalmente, "às moscas" e, aos fins de semana, quase não se consegue entrar. Pessoas, distribuam-se!

E é assim que acontece o consumismo desmedido. Numa altura em que as pessoas supostamente vivem em 'crise' e não têm dinheiro para os bens básicos à sobrevivência. E assim se vive num Natal de contrastes: aquele, em que, por um lado, é suposto ser uma época de solidariedade, de gratuitidade e de dar sem esperar nada em troca e o outro, o "Natal" do consumo desmedido e dos gastos precipitados e desnecessários. - Ah, e tal. Mas 'tá em promoção. E? - Se não preciso não sou "obrigada" a levar. Será a necessidade que obriga? Ou a publicidade que cria as necessidades que, na realidade, não existem e que, realmente, obrigam?

Eu cá fico-me na minha. Adoptando a filosofia da lista de compras, tento não me deixar levar por publicidades, além de manipuladoras e, por vezes, falaciosas, desnecessárias à minha sobrevivência e à minha felicidade. E não me considerem uma moralista ou (pior que isso, falsa moralista). Exponho somente aquilo que sinto nesta época e a tristeza por sentir que, infelizmente, para muita gente, o Natal, o verdadeiro Natal! Sim, esse Natal do fazer o bem e do dar sem esperar nada em troca não acontece todos os dias... Ou melhor, nem no DIA DE NATAL, existe! Afinal "Natal não é em Dezembro/ Nem noutro dia qualquer/ Natal é sempre que o Homem/ Sempre que o Homem quiser"...

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