Há
dois anos eram sete e vinham de áreas tão diferentes como turismo, comércio, design, entretenimento ou, até mesmo,
doçaria. Partilhavam um objetivo em comum: reavivar a zona histórica da cidade
de Pombal. Desses, apenas três mantém-se “vivos” desde o dia 25 de Julho de
2014. Agora, outros novos espaços estão a abrir portas.
A Culnatur é uma das primeiras lojas com
que nos deparamos assim que passamos pelo rés-do-chão do nº37 da Rua Miguel
Bombarda. A cargo de Rui Rua é uma empresa de animação turística que quer unir
os conceitos “cultura” e “natureza”. Foi quando fez um estágio na Câmara
Municipal de Pombal (CMP) que surgiu a oportunidade de criar o próprio negócio:
“vendo recordações, valorizo o artesanato local e associo isso às caminhadas e
aos eventos no âmbito do programa de animação turística da empresa”, explica o
responsável ao REGIÃO DE LEIRIA.
O
balanço de dois anos de atividade “é positivo” e, “já começo a colher os frutos
do trabalho que iniciei em 2014”. Tem sido a contratação de serviços por
terceiros, o fator preponderante para o mentor continuar a manter o espaço
físico, localizado em frente à sapataria Mónaco. “Organizei um peddy-papper para uma festa de anos, no
Vale do Poio, que proporcionou às crianças a descoberta da flora e da fauna do
local enquanto brincavam”, revela acerca de um dos projetos mais recentes.
E planos?
“Vamos começar com as caminhadas municipais aos domingos de manhã”, explicou
acrescentando a importância do protocolo que estabelece com a CMP para “apoiar
pessoas com mobilidade reduzida através de uma joelette”. Este verão a Culnatur dinamiza, também, algumas
atividades no âmbito da iniciativa do município para ocupar os tempos livres
dos mais pequenos, o programa “Férias Ativas”.
“Partilhar
o espaço com a Ana Carvalho da Mercearia
da Praça acaba por ser uma vantagem para os dois: “quem aqui vem comprar um
produto regional para comer, tem, ao lado, uma recordação para levar”, afirma
ressalvando o facto de as vantagens não se limitam à partilha do aluguer da
loja. “É interessante ver que as pessoas levam cabazes para oferecer, isto é,
aliam o artesanato aos produtos regionais”, explica Rui Rua acerca do espaço
que está aberto de segunda a sábado das 10 às 19h30.
Os
biscoitos com dizeres de Portugal, os sabonetes vintage, as conservas portuguesas, os licores, as ginjas, as
caipirinhas e os vinhos novos enchem a alma e os olhos de quem passa pela
Mercearia da Praça. “As pessoas acham tudo muito giro, talvez pelo toque de
tradicionalidade da loja”, realça Ana Carvalho. Dos oito aos 80 são várias as
pessoas que por lá passam.
Dois anos
depois do lançamento do programa de incentivo ao arrendamento jovem, a
vereadora com o pelouro da cultura, Ana Gonçalves, acredita que este se assume
como “gerador de confiança e de inovação para a zona histórica da
cidade”, uma vez que esta zona da cidade carecia de regeneração e de
dinamização.
Dos
sete negócios que se iniciaram há dois anos, só três se mantêm de pé. “O Folhas Soltas, uma loja de
comercialização de chás, optou por se centrar no ciclo produtivo e na
comercialização do produto final em diferentes canais de distribuição; também o
projeto PYTHAGORAS, que acabou por
se deslocalizar, desenvolve conteúdos e jogos educativos com temas de história
e cultura de Portugal e do mundo” afirma Ana Gonçalves acerca de alguns
projectos que agora seguem o seu caminho "fora de portas". Também a FRAMA e a Alfaiataria Portuguesa acabaram por se deslocalizar para outras
zonas para darem continuidade ao trabalho iniciado no “Porta Aberta”.
Para compensar estas ausências,
há espaços que foram a concurso até meados deste mês, para encontrar novos
interessados, e que podem ser vistos com “novas oportunidades para outros
empreendedores”.
Bombons e crepes
convivem no mesmo espaço
O
percurso continua e, mesmo em frente à Farmácia Barros, está um espaço por
ocupar: pertencia à loja de jogos RanTanPlan. A 6ª fase de candidaturas do Programa de Incentivo ao Arrendamento Comercial a
jovens na Zona Histórica da Cidade de Pombal decorreu de 1 a 15 de
Junho. Quem se candidatou vai beneficiar
dos apoios do município, entre os quais, benefícios nos preços das rendas e
isenções de algumas taxas.
Nesse mesmo
edifício localizam-se duas lojas ligadas ao setor doceiro. A cargo de Carla Brandão, a Qsabores, um negócio de venda de
crepes, gelados e sobremesas, que conta apenas oito meses de existência,
localiza-se ao lado do Bombons do
Marquês. “A resolução do problema do desemprego, o gosto pela área da
doçaria e a oferta de uma alternativa aos doces de fabrico industrial, que
contribuem para promover os produtos locais” foram fatores determinantes para a
mentora ponderar concorrer à quarta fase de candidaturas do “Porta Aberta”.
Mas
não é só de crepes e de doces conventuais que vive a Qsabores. Os néctares
naturais (manga/laranja, cenoura, maçã,
papaia/laranja), os batidos e os smothies
de diversas frutas, fazem parte da oferta da doçaria artesanal. Entre os
doces de sobremesa contam-se a mousse de limão, a de manga, a de maracujá, a de
chocolate, o semifrio e os bolos de fatia: amendôa c/ merengue, brigadeiro, noz
c/ doce de ovos, cheesecake de frutos
vermelhos, maracujá, lima, e morango.
Porquê Qsabores? “O nome resulta precisamente do facto
de as pessoas perguntarem o que por cá tenho, logo, que sabores há”, frisa a
responsável pelo espaço. Além da presença no espaço das 11h00 às 19h30, Carla
Brandão já participou em eventos gastronómicas, como o que decorreu
recentemente em Alvaiázere, a Feira do Chícharo e vai estar nas Tasquinhas de
Pombal, em setembro.
Do lado direito estão os “Bombons
do Marquês”, a cargo de Ilda Mendes. Aqui pode saborear-se todos os
géneros de chocolates: trufas, amêndoas, bombons de chocolate artesanais
locais, chocolate quente, ginja em copo de chocolate e muitos outros doces personalizados.
Na altura em que esteve desempregada, conta a
administrativa, fez um workshop de
bombons de chocolate e trufas “para experimentar”. Foi nessa altura que viu
divulgado o incentivo da CMP e que, então, se aventurou no mundo dos
chocolates. Tudo o que vende é produzido artesanalmente e é, principalmente na
Páscoa e no Natal, que o público mais acorre à loja. Os dias especiais (como o
da criança, o dos namorados, o do pai e o da mãe) são, também, os pretextos
perfeitos para que as vendas subam a pique na loja.
Além das participações recorrentes em eventos
gastronómicos, Ilda Mendes realiza workshops
em escolas, e colabora com as “Férias Ativas” dinamizadas pela CMP, até
porque uma das condições para os empreendedores beneficiarem dos apoios do
município é “colaborar na realização de atividades de animação cultural,
artística e temática que se venham a realizar na zona histórica”, como se pode
ler numa das cláusulas do programa.
Volvidos
dois anos desde o início do “Porta Aberta”, a vereadora Ana Gonçalves acredita
que “verificaram-se novas dinâmicas na ocupação de espaços
comerciais na zona histórica da cidade”. Por sua vez admite que, “a instalação
do projecto “Porta Aberta”, a produção de várias atividades de cariz cultural,
as instalações artísticas realizadas em parceria com os comerciantes, escolas e
IPSS, os incentivos fiscais atribuídos aos proprietários e a deslocalização da
feira semanal para o largo do Arnado, contribuíram para o renascer desta zona
da cidade”.
Em breve
está prevista a extensão do “Porta Aberta” às freguesias do concelho, “para
darem continuidade ao projecto, em espaços comerciais nas sedes das suas
freguesias”, adianta, ainda, Ana Gonçalves.
Números:
02 anos é o tempo
que existe o programa “Porta Aberta”
04 projetos estão a funcionar atualmente
07 foram os projetos que iniciaram
no âmbito do programa