sábado, 9 de julho de 2016

“Porta Aberta” incentiva empreendedores a dinamizar zona histórica

Há dois anos eram sete e vinham de áreas tão diferentes como turismo, comércio, design, entretenimento ou, até mesmo, doçaria. Partilhavam um objetivo em comum: reavivar a zona histórica da cidade de Pombal. Desses, apenas três mantém-se “vivos” desde o dia 25 de Julho de 2014. Agora, outros novos espaços estão a abrir portas.

A Culnatur é uma das primeiras lojas com que nos deparamos assim que passamos pelo rés-do-chão do nº37 da Rua Miguel Bombarda. A cargo de Rui Rua é uma empresa de animação turística que quer unir os conceitos “cultura” e “natureza”. Foi quando fez um estágio na Câmara Municipal de Pombal (CMP) que surgiu a oportunidade de criar o próprio negócio: “vendo recordações, valorizo o artesanato local e associo isso às caminhadas e aos eventos no âmbito do programa de animação turística da empresa”, explica o responsável ao REGIÃO DE LEIRIA.

O balanço de dois anos de atividade “é positivo” e, “já começo a colher os frutos do trabalho que iniciei em 2014”. Tem sido a contratação de serviços por terceiros, o fator preponderante para o mentor continuar a manter o espaço físico, localizado em frente à sapataria Mónaco. “Organizei um peddy-papper para uma festa de anos, no Vale do Poio, que proporcionou às crianças a descoberta da flora e da fauna do local enquanto brincavam”, revela acerca de um dos projetos mais recentes.

E planos? “Vamos começar com as caminhadas municipais aos domingos de manhã”, explicou acrescentando a importância do protocolo que estabelece com a CMP para “apoiar pessoas com mobilidade reduzida através de uma joelette”. Este verão a Culnatur dinamiza, também, algumas atividades no âmbito da iniciativa do município para ocupar os tempos livres dos mais pequenos, o programa “Férias Ativas”.

“Partilhar o espaço com a Ana Carvalho da Mercearia da Praça acaba por ser uma vantagem para os dois: “quem aqui vem comprar um produto regional para comer, tem, ao lado, uma recordação para levar”, afirma ressalvando o facto de as vantagens não se limitam à partilha do aluguer da loja. “É interessante ver que as pessoas levam cabazes para oferecer, isto é, aliam o artesanato aos produtos regionais”, explica Rui Rua acerca do espaço que está aberto de segunda a sábado das 10 às 19h30.

Os biscoitos com dizeres de Portugal, os sabonetes vintage, as conservas portuguesas, os licores, as ginjas, as caipirinhas e os vinhos novos enchem a alma e os olhos de quem passa pela Mercearia da Praça. “As pessoas acham tudo muito giro, talvez pelo toque de tradicionalidade da loja”, realça Ana Carvalho. Dos oito aos 80 são várias as pessoas que por lá passam.

Dois anos depois do lançamento do programa de incentivo ao arrendamento jovem, a vereadora com o pelouro da cultura, Ana Gonçalves, acredita que este se assume comogerador de confiança e de inovação para a zona histórica da cidade”, uma vez que esta zona da cidade carecia de regeneração e de dinamização.

Dos sete negócios que se iniciaram há dois anos, só três se mantêm de pé. “O Folhas Soltas, uma loja de comercialização de chás, optou por se centrar no ciclo produtivo e na comercialização do produto final em diferentes canais de distribuição; também o projeto PYTHAGORAS, que acabou por se deslocalizar, desenvolve conteúdos e jogos educativos com temas de história e cultura de Portugal e do mundo” afirma Ana Gonçalves acerca de alguns projectos que agora seguem o seu caminho "fora de portas". Também a FRAMA e a Alfaiataria Portuguesa acabaram por se deslocalizar para outras zonas para darem continuidade ao trabalho iniciado no “Porta Aberta”.

Para compensar estas ausências, há espaços que foram a concurso até meados deste mês, para encontrar novos interessados, e que podem ser vistos com “novas oportunidades para outros empreendedores”.

Bombons e crepes convivem no mesmo espaço

O percurso continua e, mesmo em frente à Farmácia Barros, está um espaço por ocupar: pertencia à loja de jogos RanTanPlan. A 6ª fase de candidaturas do Programa de Incentivo ao Arrendamento Comercial a jovens na Zona Histórica da Cidade de Pombal decorreu de 1 a 15 de Junho. Quem se candidatou vai beneficiar dos apoios do município, entre os quais, benefícios nos preços das rendas e isenções de algumas taxas.

Nesse mesmo edifício localizam-se duas lojas ligadas ao setor doceiro. A cargo de Carla Brandão, a Qsabores, um negócio de venda de crepes, gelados e sobremesas, que conta apenas oito meses de existência, localiza-se ao lado do Bombons do Marquês. “A resolução do problema do desemprego, o gosto pela área da doçaria e a oferta de uma alternativa aos doces de fabrico industrial, que contribuem para promover os produtos locais” foram fatores determinantes para a mentora ponderar concorrer à quarta fase de candidaturas do “Porta Aberta”.

Mas não é só de crepes e de doces conventuais que vive a Qsabores. Os néctares naturais (manga/laranja, cenoura, maçã, papaia/laranja), os batidos e os smothies de diversas frutas, fazem parte da oferta da doçaria artesanal. Entre os doces de sobremesa contam-se a mousse de limão, a de manga, a de maracujá, a de chocolate, o semifrio e os bolos de fatia: amendôa c/ merengue, brigadeiro, noz c/ doce de ovos, cheesecake de frutos vermelhos, maracujá, lima, e morango.

Porquê Qsabores? “O nome resulta precisamente do facto de as pessoas perguntarem o que por cá tenho, logo, que sabores há”, frisa a responsável pelo espaço. Além da presença no espaço das 11h00 às 19h30, Carla Brandão já participou em eventos gastronómicas, como o que decorreu recentemente em Alvaiázere, a Feira do Chícharo e vai estar nas Tasquinhas de Pombal, em setembro.

Do lado direito estão os “Bombons do Marquês”, a cargo de Ilda Mendes. Aqui pode saborear-se todos os géneros de chocolates: trufas, amêndoas, bombons de chocolate artesanais locais, chocolate quente, ginja em copo de chocolate e muitos outros doces personalizados.

Na altura em que esteve desempregada, conta a administrativa, fez um workshop de bombons de chocolate e trufas “para experimentar”. Foi nessa altura que viu divulgado o incentivo da CMP e que, então, se aventurou no mundo dos chocolates. Tudo o que vende é produzido artesanalmente e é, principalmente na Páscoa e no Natal, que o público mais acorre à loja. Os dias especiais (como o da criança, o dos namorados, o do pai e o da mãe) são, também, os pretextos perfeitos para que as vendas subam a pique na loja.

Além das participações recorrentes em eventos gastronómicos, Ilda Mendes realiza workshops em escolas, e colabora com as “Férias Ativas” dinamizadas pela CMP, até porque uma das condições para os empreendedores beneficiarem dos apoios do município é “colaborar na realização de atividades de animação cultural, artística e temática que se venham a realizar na zona histórica”, como se pode ler numa das cláusulas do programa.

Volvidos dois anos desde o início do “Porta Aberta”, a vereadora Ana Gonçalves acredita que “verificaram-se novas dinâmicas na ocupação de espaços comerciais na zona histórica da cidade”. Por sua vez admite que, “a instalação do projecto “Porta Aberta”, a produção de várias atividades de cariz cultural, as instalações artísticas realizadas em parceria com os comerciantes, escolas e IPSS, os incentivos fiscais atribuídos aos proprietários e a deslocalização da feira semanal para o largo do Arnado, contribuíram para o renascer desta zona da cidade”.

Em breve está prevista a extensão do “Porta Aberta” às freguesias do concelho, “para darem continuidade ao projecto, em espaços comerciais nas sedes das suas freguesias”, adianta, ainda, Ana Gonçalves.

Números:


02 anos é o tempo que existe o programa “Porta Aberta”
04
projetos estão a funcionar atualmente
07 foram os projetos que iniciaram no âmbito do programa

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