A afirmação é assertiva mas não deixa de me causar desconforto: "só te divertes se beberes até caíres". Querem mesmo saber porquê? Então não se reservem a ler os próximos parágrafos.
Esta reflexão surge na sequência de um episódio triste, em que a bebedeira interferiu negativamente na vida de uma pessoa que eu conheço. Aliás, devo conhecer várias pessoas cujo facto de beberem em demasia acabou por as prejudicar de alguma forma. Mas agora falo de um caso muito concreto, que tive a infelicidade de presenciar.
Apesar de o conhecer mal, sei que é bom rapaz. No entanto, no que toca a copos, não se reserva a beber "só mais um", de preferência "até cair". Não falo em "beber socialmente", o que implica que a pessoa esteja consciente daquilo que está a fazer e saiba perfeitamente quando parar, mesmo que "os amigos" lhe perguntem porque não bebe mais um copo.
Falo de um "beber-até-cair-como-se-não-houvesse-amanhã". Em sentido literal. E sim, os alcoólicos, tal como os fumadores, sempre me causaram uma certa revolta, principalmente quando deixam que o(S) vício(S) interfiram directamente na minha vida. Confesso. Apesar de já ter experimentado beber um copo, ou o fumar um cigarrito "socialmente" sempre considerei que esses "vícios" devem ter "conta-peso-e-medida".
Será que só te divertes mesmo se beberes até caires? Será mesmo? Muito sinceramente eu acho que não. Eu divirto-me se estiver com pessoas de quem gosto, a conversar, a correr, a conviver, mesmo com uma garrafa de água na mão.
Um "copo a mais" pode ser tão mau para o desempenho profissional de uma pessoa no dia seguinte, principalmente quando a ressaca reina, quanto para a imagem com que os outros ficam dessa mesma pessoa. Entenda-se que "outros" são os amigos-da-onça que insistem para que ele ou ela beba mais um copo, mesmo sabendo que essa pessoa não está em condições, sequer, de raciocinar, para tomar uma decisão consciente. Ou para dizer "não" a um "copito", que é sempre o último.
Aflige-me saber que os amigos dos copos, ou pelo menos, alguns deles, não são verdadeiros. Querem que o amigo "bêbado" beba mais um para gozarem com ele. E isso é triste de se ver, acreditem. Mais triste ainda é ver que a pessoa, no dia seguinte, ainda não recuperou, e tem a seu cargo tarefas de responsabilidade inadiáveis. É triste a triplicar.
Beber como se não houvesse amanhã tem muito que se lhe diga. Repugnam-me as pessoas que estão sempre com o copito na mão: quer seja por influência de "amigos", quer seja para que o grupo não o coloque de parte; quer seja porque se gosta. Como se esse fosse o único objectivo de vida.
"E se não aguentares não vales nada", dizem os "amigos-da-onça". Pessoas ainda mais desprezíveis que incentivam à degradação do amigo a quem pagam "mais um copo" para o tornarem inconsciente e puderem fazer a chacota que bem lhes apetecer porque, no dia seguinte, de certeza que o gozado não se vai lembrar.
O sol, o calor e o Verão convidam ao consumo abusivo, desmesurado e impensado de bebidas alcoólicas. Eu, que detesto álcool (e mesmo que não detestasse...), apelo apenas à consciência daqueles que bebem, para não se fazerem à estrada, de modo a evitarem ceifar vidas inocentes, sacrificadas pelas suas acções impensadas!
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