quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Relembrar as quentes praias do Índico

Saudades destes dias de frio e chuva? Nãããão. Mas se estou de volta a Portugal é com o clima luso que tenho de (con)viver novamente. Facilmente me habituo ao bom tempo, ao sol, ao abafado estonteante característicos do clima tropical. Facilmente me habituo a vestir camisola de manga curta todo o ano, aos chinelos e às sandálias e até ao mosquitos que teimam em não deixar dormir. Os mosquitos e o calor. CALOR. Só aprendi o que era calor, CALOR real, quando coloquei o pé em solo moçambicano, no dia 25 de janeiro de 2017. 

Esse 25 de janeiro estava abafado e chuvoso. Muito abafado. Cinzento. Com chuvas fortes e persistentes mas efémeras. Assim que saí do avião, o bafo abafado do clima tropical moçambicano abraçou-me com um abraço sincero. Podia acreditar: pela primeira vez saíra do continente Europeu para experimentar outros ares, outros climas, que de certo mudaram a minha vida.

Saudades, isso sim, do bom tempo. Do calor húmido que não deixa dormir, dos dias de 36º  (com uma sensação térmica de 40º) que convidam a uma "piscinada" na Vila das Mangas, dos fins-de-semana (prolongados ou não) que nos atiraram para o azul indescritível da praia do Bilene, para as águas quentes de Inhambane ou para a tranquilizante praia do Tofo. Conheci Vilankulos num fim de semana prolongado de Dezembro. Calor, águas salgadas e tranquilidade. Não precisava de estar de férias, o sal do mar das praias mais próximas de Maputo ajudavam a revigorar as forças que se esvaíam durante a semana.

Fins-de-semana que se transformaram em fins-de-semana perlongados e em férias, as no Natal passado que quero por vezes apagar da memória e (re)lembrar ao mesmo tempo. O fim de ano de 2017 que nunca irei esquecer, não só pelas pessoas, mas muito pelos locais. Visitei as Ilha do Ibo e as Ilhas Quirimbas, localizadas no norte de Moçambique, pertencentes ao distrito de Pemba. Pemba, que explorei durante quatro dias e onde conheci a Wimbi Beach. Repleta de algas, mas que me recebeu com um caloroso abraço e com a simpatia tatuada no sorriso dos habitantes locais. Há, de Pemba trouxe ainda fotos dignas de bonitos fundos de ecrã de computador que, na realidade, são ainda mais lindas.

Guardo na memória a magia e a misticidade do locar mais bonito que conheci no início de maio deste ano: a Ilha de Moçambique. Posso falar do clima irregular, das chuvas grossas, persistentes e efémeras de maio que inundavam as principais ruas e ruelas da cidade. Posso falar nas crianças rotas e descalças que saúdam os turistas com risos sinceros e tentam vender as suas artes de modos honestos. Posso falar do sol que se abria depois da tempestade a nas incertezas das águas calmas do Índico. Posso falar dos corais de uma beleza indescritível... Mas não consigo descrever o sentimento que se apoderou de mim em cada rua, cada estrada, cada sitio recôndito que descobria. 

Cada canto mais lindo que o outro. Cada casa com história e com o legado da passagem dos portugueses por "mares nunca dantes navegados". Cada esperança descortinada pela passagem em mais uma rua desconhecida. E a felicidade de, em cada ilha que visitava, ficar a conhecer um pouco mais acerca da Pérola do Índico.