"The Social Media Dilemma" é um dos novos documentários que surgiu na Netflix no início deste mês de setembro. Durante cerca de uma hora e meia somos convidados a refletir acerca dos malefícios das redes sociais e sobre o perigoso impacto das redes sociais nas pessoas, com especialistas em tecnologia a alertarem sobre as suas próprias criações. É um documentário 'polémico' e 'incómodo' que tem feito "correr muita tinta" na imprensa nacional e estrangeira.
Numa análise ao mundo da tecnologia, mais particularmente da indústria dos social media são-nos descritos os danos causados por plataformas como o Facebook, Google, Instagram ou Twitter, com base nos testemunhos de vários ex-funcionários destas grandes empresas. Ex-funcionários esses que tentam retardar o acesso dos próprios filhos a estas plataformas tecnológicas.
O documentário explica o impacto, cada vez mais notório, que as redes sociais têm na nossa sociedade e somos alertados, em primeira pessoa, para as repercussões destes algoritmos invasivos e para as verdadeiras intenções das redes sociais. Aquelas com que talvez nunca tenhamos sequer sonhado.
Se é verdade que as redes sociais podem ser benéficas para encurtar distâncias, encontrar amigos ou colegas de trabalho, retomar contactos antigos, promover trabalhos e divulgar eventos, tornando a vida mais acessível 'à distância de um clique', têm, também, o "outro lado da moeda", que pode não ser tão óbvio ou tão saudável quanto parece.
Todos estes problemas partem de uma simples palavra: o algoritmo. Este conjunto de operações filtra todos os interesses, pesquisas e tarefas executadas pelo usuário para que nos sejam sugeridas temáticas relacionadas com as nossas paixões. O problema? Essa tecnologia está a deixar o mundo cada vez mais polarizado. Prova disso são os extremismos políticos que cada vez se acentuam na Europa e no mundo e a disseminação das "fake news" à velocidade da luz.
À medida que os conteúdos divulgados na Internet se tornaram monetizados, as empresas passaram a pensar em formas de manter as pessoas online por mais tempo, garantindo assim mais visualizações e consequentemente, mais dinheiro.
São vários os sistemas e equipas que analisam as estratégias subtis para nos promoverem uma cultura onde parecemos nunca alcançar a perfeição que nos é vendida. Estejamos doentes, tristes, ansiosos ou alegres, as hashtags que usamos, os likes que damos e os posts que fazemos passam a identificar-nos como consumidor digital; são a nossa inevitável pegada digital.
"Se não pagas pelo produto, então és o produto"
Graças à Inteligência Artificial (IA), cada vez que entramos na Internet, nenhum clique passa despercebido. Quando achamos que estamos a fazer uma escolha ao visitar um link ou uma publicação, na verdade, a nossa ação já foi antecipada pela IA. Assim, os nossos comportamentos são manipulados, e as nossas ações são previstas com maior facilidade.
A Inteligência Artificial e o algoritmo trabalham de mãos dadas para identificar e direcionar os interesses pessoais de cada usuário, o que se torna perigoso e ambicioso, já que passamos a aceitar o que vemos e lemos como uma verdade absoluta. Devemos, portanto, manter uma atitude de questionamento constante, confirmar fontes de informação e analisar mais do que um ponto de vista acerca de um determinado assunto.
Quem seremos nós se não marionetas no mundo das redes sociais?