Tem 36 anos e o
sonho de vingar no mundo da música. Dona
de casa e mãe de duas filhas, Sara de 7 e Ana de 5 anos, Patrícia Gameiro admite
que neste momento é o marido que sustenta a família. Decidiu participar na
primeira edição do Fator X, na SIC,
em outubro do ano passado e surpreendeu pela beleza com que interpretou La Vie en Rose, da francesa Edit Piaf. Em julho deste ano foi convidada
para brilhar nas Festas do Bodo em Pombal.
Fez o primeiro
casting para o Fator X em Setembro para entrar em palco em Outubro
de 2013. Porque decidiu participar no programa
da SIC nesta altura da sua vida?
Isso é muito fácil. O meu marido e as minhas filhas gostam muito de me ouvir cantar. Foram os primeiros a incentivar-me; disso não há dúvida. Se não fossem eles eu não me tinha inscrito no programa. No dia do primeiro casting estava uma fila enorme. Cheguei lá às 6 da manhã e saí às 3 da noite do outro dia! É custoso.
Sentiu algum
nervosismo quando estava a alguns momentos de viver o sonho de uma vida?
Não. Quando entrei [em palco] e vi os jurados, pensei assim: ‘vou-me
tramar’. Isto porque interpretei a música de uma senhora da qual fui ao
funeral: a Edit Piaf. Pensei: ‘é só
gente jovem e vão gozar comigo’. Estava um bocadinho hesitante sobre o que iria
dizer. Eles queriam que eu dissesse que era cantora, mas eu não o sou. Quando
me perguntaram o que queria ser, disse que queria ser cantora. ‘E depois quer
viver em casa?’ Eu disse que vivia em casa.
Sobre a razão
que a levou ao programa…
Disse que estava lá para ter treinos de voz, com pessoas competentes.
Houve pessoas que não perceberam isso. Eu não quis gozar com o júri, mas dar a
entender que era uma mais-valia para o programa. Quando me perguntaram o que ia
cantar e eu respondi que era La Vie en Rose,
as pessoas ficaram incrédulas. Soltei-me até dizer chega. Vi os comentários
depois de eu ter saído. A Sónia Tavares [vocalista dos The Gift] pensava que eu era uma coitadinha, mas depois de me ouvir
disse: ‘tomara eu!’. O Paulo Ventura [um dos jurados] mal me viu não
disse nada: abraçou-me como quem diz, ‘que desperdício’. Agarrou-me, parecia
que não me queria largar. Ele até disse que não era um ‘gajo preconceituoso.
Não me lixem!’
Porquê que
apenas aos 36 anos de idade decidiu mostrar o seu talento ao público?
Mais vale tarde do que nunca! É um sonho já antigo. Não é que quisesse
ser cantora, mas gostava de mostrar os meus dotes musicais às pessoas; queria
saber se realmente tinha impacto ou não.
Assim que cantou a
primeira estrofe da canção de Edit Piaf
todos se aperceberam de que era uma das vozes mais promissoras. Por que razão
não passou na terceira fase do programa?
Tinha
feito duas diretas seguidas, o que nunca me tinha acontecido. Cantei a música
quase toda; mas foi ao chegar a duas estrofes, e uma delas não cantei. Estagnei
no palco durante dois segundos, e foi a minha queda fatal. Estraguei a minha Célin Dion, com o tema Pour que tu m’aimes encore, na terceira
eliminatória. Na segunda fase passei com a música Telepatia de Lara Li.
Como se sentiu
quando foi eliminada?
Ao
princípio fiquei triste, mas depois fiquei contente por ter sido convidada para
a passagem de ano. Aí percebi que foi a melhor altura para ter saído do
programa. Quem sabe, se tivesse continuado poderia ter chegado às galas ou não.
Estou em desvantagem porque os outros candidatos têm formação musical e eu não.
Eu também me sei ver ao espelho. A voz só não conta: também tem de ser
preparada e a minha não está preparada. Tenho voz e isso é um dom, mas falta a
técnica. Um professor disse-me que tinha potencial para chegar mais longe; só
ouvir isso foi um elogio.
Desde que
(en)cantou no Fator X têm vindo a
multiplicar-se páginas de apoio no Facebook
com comentários encorajadores. É muito acarinhada pelos seus fãs?
Sou
muito acarinhada por eles. Às vezes não dou tantas notícias como gostaria de
dar, estou um bocadinho parada. Gostava de dar mais notícias, mas o que é que
vou dizer? Estou a tratar de patinhos, de ovelhas, o que é que vou dizer? Eles
também ficam todos contentes! Tenho todos os comentários dos fãs guardados.
O que mudou na
sua vida com após a participação no Fator
X?
Não mudou muito, mas fiquei a ser mais conhecida pelo público. Foi só. O
que eu fazia diariamente continuo a fazer: tratar da família, dos animais, da
casa e da rotina diária.
Como é que uma pessoa que não é conhecida lida com a fama?
Como é que uma pessoa que não é conhecida lida com a fama?
Não é muito difícil: quando sou interpelada na rua digo que é verdade que
participei no Fator X, as pessoas
ficam todas emocionadas por me verem, cumprimentam-me e gostam de me ver. Dizem
que cantei bem. Penso que dei uma boa prestação no programa.
Desde os 5
anos, altura em que começou a cantar para a família, sonha singrar no mundo da
música. Qual é o seu maior sonho hoje?
Já quase me sinto realizada: fui mãe e tenho família, o que acho que é o básico. Para mim a família está em primeiro lugar. Gostava que alguém apostasse em mim, para lançar um CD que as pessoas ouvissem. Não peço muito.
Já quase me sinto realizada: fui mãe e tenho família, o que acho que é o básico. Para mim a família está em primeiro lugar. Gostava que alguém apostasse em mim, para lançar um CD que as pessoas ouvissem. Não peço muito.
A Patrícia é a
prova viva de que o talento não se mede pela beleza. Considera que hoje a
imagem está associada ao sucesso?
Sim, considero. Eu acho que as pessoas ligam muito à embalagem e não
deveria ser, deveriam ligar mais ao conteúdo. Eu acho que não meto medo ao
susto! A beleza é o que está dentro. Tenho comentários de fans de Cabo Verde e
do Brasil que dizem que se emocionaram com a minha atuação no programa.
Atuou no palco
principal nas Festas do Bodo em Pombal, em Julho, antes do famoso cantor Quim
Barreiros, e teve casa cheia. Quem a convidou para atuar este ano nas festas do
Bodo 2014 em Pombal?
Foi a Câmara Municipal de Pombal. Viram-me no Fator X, gostaram da minha representação e convidaram-me. Cantei
seis temas: três em português e três em francês. Tive muito público: houve
gente que foi embora quando eu fui. E houve muita gente que foi de propósito só
para me ver. Foi muito gratificante para mim: o palco era enorme! Gostava
que me chamassem para outras festas mas estou à espera de convites.
(publicado na edição de Setembro do "Notícias da Sua Terra")
(publicado na edição de Setembro do "Notícias da Sua Terra")