sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Patrícia Gameiro: um talento escondido no mundo da música

Tem 36 anos e o sonho de vingar no mundo da música. Dona de casa e mãe de duas filhas, Sara de 7 e Ana de 5 anos, Patrícia Gameiro admite que neste momento é o marido que sustenta a família. Decidiu participar na primeira edição do Fator X, na SIC, em outubro do ano passado e surpreendeu pela beleza com que interpretou La Vie en Rose, da francesa Edit Piaf. Em julho deste ano foi convidada para brilhar nas Festas do Bodo em Pombal.

Fez o primeiro casting para o Fator X em Setembro para entrar em palco em Outubro de 2013. Porque decidiu participar no programa da SIC nesta altura da sua vida?

Isso é muito fácil. O meu marido e as minhas filhas gostam muito de me ouvir cantar. Foram os primeiros a incentivar-me; disso não há dúvida. Se não fossem eles eu não me tinha inscrito no programa. No dia do primeiro casting estava uma fila enorme. Cheguei lá às 6 da manhã e saí às 3 da noite do outro dia! É custoso.

Sentiu algum nervosismo quando estava a alguns momentos de viver o sonho de uma vida?

Não. Quando entrei [em palco] e vi os jurados, pensei assim: ‘vou-me tramar’. Isto porque interpretei a música de uma senhora da qual fui ao funeral: a Edit Piaf. Pensei: ‘é só gente jovem e vão gozar comigo’. Estava um bocadinho hesitante sobre o que iria dizer. Eles queriam que eu dissesse que era cantora, mas eu não o sou. Quando me perguntaram o que queria ser, disse que queria ser cantora. ‘E depois quer viver em casa?’ Eu disse que vivia em casa. 

Sobre a razão que a levou ao programa…

Disse que estava lá para ter treinos de voz, com pessoas competentes. Houve pessoas que não perceberam isso. Eu não quis gozar com o júri, mas dar a entender que era uma mais-valia para o programa. Quando me perguntaram o que ia cantar e eu respondi que era La Vie en Rose, as pessoas ficaram incrédulas. Soltei-me até dizer chega. Vi os comentários depois de eu ter saído. A Sónia Tavares [vocalista dos The Gift] pensava que eu era uma coitadinha, mas depois de me ouvir disse: ‘tomara eu!’. O Paulo Ventura [um dos jurados] mal me viu não disse nada: abraçou-me como quem diz, ‘que desperdício’. Agarrou-me, parecia que não me queria largar. Ele até disse que não era um ‘gajo preconceituoso. Não me lixem!’
 
Porquê que apenas aos 36 anos de idade decidiu mostrar o seu talento ao público?

Mais vale tarde do que nunca! É um sonho já antigo. Não é que quisesse ser cantora, mas gostava de mostrar os meus dotes musicais às pessoas; queria saber se realmente tinha impacto ou não.

Assim que cantou a primeira estrofe da canção de Edit Piaf todos se aperceberam de que era uma das vozes mais promissoras. Por que razão não passou na terceira fase do programa?

Tinha feito duas diretas seguidas, o que nunca me tinha acontecido. Cantei a música quase toda; mas foi ao chegar a duas estrofes, e uma delas não cantei. Estagnei no palco durante dois segundos, e foi a minha queda fatal. Estraguei a minha Célin Dion, com o tema Pour que tu m’aimes encore, na terceira eliminatória. Na segunda fase passei com a música Telepatia de Lara Li.
Como se sentiu quando foi eliminada?

Ao princípio fiquei triste, mas depois fiquei contente por ter sido convidada para a passagem de ano. Aí percebi que foi a melhor altura para ter saído do programa. Quem sabe, se tivesse continuado poderia ter chegado às galas ou não. Estou em desvantagem porque os outros candidatos têm formação musical e eu não. Eu também me sei ver ao espelho. A voz só não conta: também tem de ser preparada e a minha não está preparada. Tenho voz e isso é um dom, mas falta a técnica. Um professor disse-me que tinha potencial para chegar mais longe; só ouvir isso foi um elogio.

Desde que (en)cantou no Fator X têm vindo a multiplicar-se páginas de apoio no Facebook com comentários encorajadores. É muito acarinhada pelos seus fãs?

Sou muito acarinhada por eles. Às vezes não dou tantas notícias como gostaria de dar, estou um bocadinho parada. Gostava de dar mais notícias, mas o que é que vou dizer? Estou a tratar de patinhos, de ovelhas, o que é que vou dizer? Eles também ficam todos contentes! Tenho todos os comentários dos fãs guardados.

O que mudou na sua vida com após a participação no Fator X?

Não mudou muito, mas fiquei a ser mais conhecida pelo público. Foi só. O que eu fazia diariamente continuo a fazer: tratar da família, dos animais, da casa e da rotina diária.

Como é que uma pessoa que não é conhecida lida com a fama?

Não é muito difícil: quando sou interpelada na rua digo que é verdade que participei no Fator X, as pessoas ficam todas emocionadas por me verem, cumprimentam-me e gostam de me ver. Dizem que cantei bem. Penso que dei uma boa prestação no programa. 

Desde os 5 anos, altura em que começou a cantar para a família, sonha singrar no mundo da música. Qual é o seu maior sonho hoje?

Já quase me sinto realizada: fui mãe e tenho família, o que acho que é o básico. Para mim a família está em primeiro lugar. Gostava que alguém apostasse em mim, para lançar um CD que as pessoas ouvissem. Não peço muito.

A Patrícia é a prova viva de que o talento não se mede pela beleza. Considera que hoje a imagem está associada ao sucesso? 

Sim, considero. Eu acho que as pessoas ligam muito à embalagem e não deveria ser, deveriam ligar mais ao conteúdo. Eu acho que não meto medo ao susto! A beleza é o que está dentro. Tenho comentários de fans de Cabo Verde e do Brasil que dizem que se emocionaram com a minha atuação no programa.

Atuou no palco principal nas Festas do Bodo em Pombal, em Julho, antes do famoso cantor Quim Barreiros, e teve casa cheia. Quem a convidou para atuar este ano nas festas do Bodo 2014 em Pombal?

Foi a Câmara Municipal de Pombal. Viram-me no Fator X, gostaram da minha representação e convidaram-me. Cantei seis temas: três em português e três em francês. Tive muito público: houve gente que foi embora quando eu fui. E houve muita gente que foi de propósito só para me ver. Foi muito gratificante para mim: o palco era enorme! Gostava que me chamassem para outras festas mas estou à espera de convites.

(publicado na edição de Setembro do "Notícias da Sua Terra") 

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Quarta edição do Big’s School enche de cor e alegria teatro-cine de Pombal

O que há em comum entre a Branca de Neve e os Sete Anões, o Capuchinho Vermelho e o Lobo Mau, a Rapunzel, o Aladino e a Jasmin? Este foi o mote para a apresentação de um espetáculo levado a cabo pela quarta vez pela Big’s School. Nos dias 6 e 7 de agosto o teatro-cine recebeu, pelas 22h15, os protagonistas d’ “A verdadeira história da Branca de Neve” que juntou no espaço cerca de 300 espectadores.


A voz do narrador, os intervalos para a música, as luzes e as cores, todos os pormenores fizeram parte de uma noite diferente: aquela em que os mais novos mostraram aos familiares todo um trabalho que têm vindo a realizar desde Dezembro do ano passado. “Tentamos sempre inovar e apresentar espetáculos diferentes”, referiu o responsável pela academia de música sedeada no Louriçal, Micael Lopes. Pretende, com este género de espetáculos, “quebrar o ritmo das famosas audições das escolas de música, que são conhecidas por um aluno tocar uma peça num instrumento e os pais estarem horas a fio, a ver as audições, à espera que o seu filho toque”.

Quem são e de onde vêm estes alunos? Paião, Guia, Louriçal e Pombal são os locais para onde a escola tem “vindo a alargar os seus horizontes” em termos de uma maior abrangência de alunos. Qualquer pessoa se pode inscrever na Big’s School e não há restrições de idades: é caso para dizer que esta é uma academia que acolhe dos oito aos 80. 

Rotina é uma palavra que não existe no dicionário do grupo. “Pretendemos dar a estes alunos a oportunidade de terem lembranças no futuro e momentos inesquecíveis como este em que participaram num musical”, afirmou o diretor da escola. Por outro lado, “é óbvio que queremos agradar aos pais”. Os cinco professores que lecionam na escola querem “dinamismo e iniciativas novas. Queremos mostrar aos pais que eles têm lá os seus educandos, que queremos agarrar neles e lançá-los no mundo da música”. 


“O sonho do meu filho é seguir música”

José Cardoso, 49 anos, é um dos pais de um dos cerca de 130 alunos que frequenta a Big’s School. Conhecia Micael Lopes quando o filho, Renato Cardoso, 13 anos, lhe pediu para entrar na academia, há cerca de dois anos. Toca teclado e, desde então, a música tem sido o motor da mudança: “ao nível da educação, da música; não há dúvidas de que tem sido tempo bem aproveitado”, José Cardoso fala com orgulho, do único dos três filhos que decidiu aprender música. Sabe que, afinal, o sonho do seu “filho é seguir música”. “Tem um excelente professor [Micael] e penso que ele também é um bom aluno”, admite.

Licenciado em música pela Escola Superior de Educação de Coimbra e finalista do 8º grau do conservatório de música, Micael Lopes, 27 anos, está certo de que quer fazer da vida música. “A Big’s School é um projeto que iniciou em 2010. Quando terminei a licenciatura já andava com a ideia de criar uma academia de música no Louriçal com um teor diferente”. Esta foi a quarta apresentação de um trabalho realizado por alunos com idades compreendidas entre os três e os 70 anos. A academia pretende ser a continuação de um outro projeto que os pais iniciaram nos anos 80, denominado “Tropical 98”. 

A ideia de criar um musical com a história da Branca de Neve não surgiu em vão: “eu sempre quis conseguir fazer algo diferente com os alunos e algo que estivesse relacionado com uma história infantil. Daí surgir a ideia da Branca de Neve, de nós conseguirmos alterar a história e termos ali personagens de outras misturadas, criar um cenário diferente e engraçado”. Entre narrativas, apresentações e momentos musicais, o espetáculo que durou cerca de uma hora e meia contou com a criatividade dos mais novos e dos séniores.

Piano, guitarra, baixo, bateria, flauta transversal, canto, acordeão e a concertina (vertente tradicional) são os instrumentos que o aluno pode escolher aprender. Claro, não esquecendo a vertente da formação musical. “Na escola temos uma forma diferente de trabalhar: pretendemos sempre ir ao encontro do gosto musical dos alunos”, refere Micael Lopes. A academia prima pela singularidade com que se adapta ao ensino de cada aluno: “qualquer aluno anda mais motivado se conseguir tocar uma música que passe o dia todo a ouvir e que goste. Moldamo-nos e adaptamos os nossos conhecimentos e a nossa teoria musical para ensinar ao aluno aquele tipo de música”. 

No final do evento houve tempo para os agradecimentos. Micael Lopes não pôde deixar de destacar os patrocínios da Câmara Municipal de Pombal, da Freguesia do Louriçal, do Sindotex e da Papelaria Marques que forneceram alguns materiais para o cenário.


Eventos e novas iniciativas


Além da apresentação no teatro-cine de Pombal, este foi o primeiro ano em que se realizou o jantar anual da academia de música da Big´s School, que juntou cerca de 348 pessoas, na Páscoa. “Fizemos uma festa dos anos 80 com os alunos e tocámos apenas música portuguesa dessa altura”, afirma o organizador Micael Lopes acerca do evento que se realizou no Louriçal.
 
O projecto associa-se, ainda, aos escuteiros do Louriçal, com quem já realizaram algumas actividades. “A academia de música da Big’s School tem uma parceria com os escuteiros do Louriçal, em que um dia por semana, três alunos da escola se deslocam à sede dos escuteiros do Louriçal e vamos trabalhar com eles”. O balanço desta parceria é bastante positivo: “já foram tocar a uma missa, a Missa das Promessas no Louriçal”, afirma acerca dos alunos participantes. 

Foi no ano letivo 2010-2011 que o projeto iniciou com um novo fôlego, com o tema “Audição de Verão” e já no Centro de Estudos Musicais Big’s School. No ano seguinte o tema “Uma viagem pelo mundo” foi o aval do espetáculo de verão. Com uma expressão bem mais acentuada, “Uma viagem pelo tempo da música” foi o tema do ano letivo 2012/2013 que fez alunos e espectadores recuarem no tempo para perceberem como era a música na pré-história e como tem evoluído até aos dias de hoje.  

Durante o ano há alguns eventos. Um exemplo é o do Natal. O tema do ano passado foi “Música Portuguesa dos Anos 80”. “Os pais vão, sentam-se numa mesinha e assistem a músicas da atualidade, pop/rock e bebem um café, uma água e são os próprios filhos que animam aquela noite”, explica Micael Lopes. “Temos tido sempre sala cheia, a última vez foi na associação do Louriçal. A lotação esgotou”, conclui com orgulho. 

(publicado na edição de Setembro do "Notícias da Sua Terra")