domingo, 4 de fevereiro de 2018

“Vim para Maputo pelo desafio que mudar de vida representou na altura”

Está há onze anos em Maputo e não tem data marcada para regressar a Leiria. Apesar de saber que um dia vai regressar às origens, Manuel Jacinto Rocha, 39 anos, pensa em apostar na vida profissional e pessoal como emigrante, aproveitando ao máximo a experiência de viver e trabalhar no estrangeiro.

“Quando decidi vir para Moçambique já vivia com a minha namorada em Leiria. Estávamos os dois empregados, mas, como tínhamos dois amigos a trabalhar na Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP) surgiu a oportunidade de vir”, destaca o informático. Na altura havia necessidade de contratar uma pessoa que gerisse a informática da escola e Manuel Rocha não hesitou na altura de decidir rumar a África.

A implementação de uma rede informática estruturada foi um dos principais projetos em que esteve envolvido. “Havia uma variedade de coisas a fazer aqui. Quando cá cheguei só havia internet em algumas salas, havia menos computadores e a rede não estava estruturada”, comenta o informático. “A escola tem vindo a evoluir em termos informáticos. Várias coisas foram desenvolvidas com o meu contributo”, acrescenta. O número de solicitações foi crescendo e, com isso, alargou-se a equipa e foi criado um espaço para o departamento de informática.

Desde um de setembro de 2017 Manuel Rocha colabora a part-time na EPM-CELP pois decidiu agarrar um novo desafio profissional, trabalhando, agora, a tempo inteiro com grupo Sendys, do qual faz parte a Alidata (empresa sediada em Leiria).

Atualmente, Manuel Rocha vive em Maputo com a mulher Ana Castanheira e as duas filhas Sara e Inês, que fazem parte do projeto de vida do casal. “Quando tivemos a primeira filha já estávamos cá [em Moçambique] há três anos”, frisa o informático acrescentando que “quando decidimos vir para Moçambique ainda não pensávamos em ter filhos”.

As saudades são atenuadas pela evolução constante da informática. “Quando cheguei não tinha a facilidade que tenho hoje em falar com a família que está em Portugal”, afirma. “É um olá que se vai dizendo e ajudando a matar as saudades”, acrescenta acerca das possibilidades proporcionadas pela Internet, que encurta distâncias.

“Faço um balanço positivo da minha experiência cá”, reflete. “Não vim por causa da crise e já poderia ter ido embora se não gostasse de cá estar”, continua. Contudo, a opção é ficar por agora, apesar de o custo de vida em Moçambique ter vindo a aumentar, especialmente desde 2008. “Claro que um dia vamos [família] voltar a Portugal, quer seja a Leiria quer seja a outra zona do país, só não sabemos quando”, conclui.

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O melhor por cá…
Manuel Jacinto Rocha considera que o mais positivo é “o clima tropical e a qualidade de vida, pelo facto de podermos ir à praia muitas vezes por ano, por exemplo. Também passamos muito tempo com os amigos, o que pode colmatar a falta que a família faz”, acrescenta.

O pior por cá…
Para o informático “anoitecer muito cedo, até no verão” é um ponto menos positivo. “Sinto falta da noite às 22 horas, como em Portugal”, diz. Por outro lado, pouco positivo é o facto de “sentir que, várias vezes tentam enganar-te e, por isso, ter de estar «de pé atrás» no dia-a-dia”, acrescenta.

O mais surpreendente…
“Quando cheguei há 11 anos o primeiro impacto foi a degradação do aeroporto e da zona circundante. À medida que me dirigia para o centro da cidade verifiquei que o espaço era mais agradável e a vida seguia com normalidade”, recorda. Manuel Jacinto Rocha é da opinião de que “os amendoins de Moçambique são os melhores do mundo!”

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