terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Teresa Rodrigues preservou e restaurou os azulejos da EPM-CELP

A Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP) viu o seu património restaurado e recuperado por Teresa Rodrigues, que fez uma intervenção nos azulejos danificados do edifício da instituição escolar.

A proposta, com um prazo de execução de 30 dias, foi feita e surgiu da necessidade de recuperar e restaurar os azulejos danificados: “mais de 50% do azulejo estava irrecuperável”, destaca Teresa Rodrigues acerca de um conjunto de azulejos do Pátio das Laranjeiras. Daí surgiu a necessidade de fazer uma reintegração volumétrica e/ou cromática e a limpeza de todo o conjunto azulejar.

“Todas as juntas tiveram de ser limpas e, de novo, preenchidas. Havia um caso de muita perda de vidrado, mas todo ele foi já integrado”, explica Teresa Rodrigues acerca da sua intervenção. “Como é perda de material faz-se a reintegração volumétrica, no caso do vidrado faz-se só preenchimento”, continua.

Existem diferenças entre conservação e restauro que é importante esclarecer: enquanto que no primeiro caso se faz o tratamento do original sem introduzir novos elementos, no restauro são inseridos elementos extra, que não fazem parte do original. “A conservação e o restauro consistem no prolongamento do testemunho da história”, frisa Teresa Rodrigues. “Se as coisas não forem conservadas nem preservadas perde-se esse testemunho, assim como se perde a identidade da obra”, continua.

A intervenção no património da EPM-CELP é fulcral para a preservação e a transmissão aos alunos que chegam à instituição no futuro, já que existiam obras que estavam na eminência de serem totalmente perdidas.

Mas não é só na EPM-CELP que Teresa Rodrigues desenvolve a sua actividade. Em Moçambique tem a empresa “Arte dos Quatro Elementos”, desenvolvendo um projecto, desde 2013, com as oleiras de Motamba, em Inhambane, que “consiste na capacitação na área da cerâmica e fortalecimento".

Conservação e restauro dos azulejos – mais do que uma profissão, uma paixão

Foi há cerca de 30 anos que Teresa Rodrigues escolheu a cerâmica como modo de vida, tendo optado por procurar uma formação superior nessa área, que veio a constituir-se como uma mais valia para o trabalho de azulejaria, no qual tem vindo a trabalhar desde há 15 anos para cá.

“É impossível fazer este trabalho sem ter paixão”, afirma. “É muito desafiante ter uma coisa estragada, que eventualmente as pessoas dizem que vai para o lixo e depois conseguir pôr a obra não com um aspeto novo, porque temos de conservar a identidade estética e física das peças, mas sim dar a entender que a peça levou uma intervenção e que é possível ser útil e funcional”, destaca. 

Arrisca dizer que, por ver os alunos da EPM-CELP tão interessados no seu trabalho, alguns podem vir a interessar-se pela arte do restauro e da conservação de azulejos no futuro.

Assume o trabalho como uma terapia: “acaba por ser relaxante, pois é tão importante concentrares-te naquilo que estás a fazer que, por vezes, esqueces tudo o resto que está à tua volta. É um trabalho de que gosto muito e não me via a fazer outra coisa”, conclui Teresa Rodrigues. 

Sem comentários:

Enviar um comentário