segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

“Depois de África não somos os mesmos”

No dia 13 de dezembro fez um ano que abriu a cervejaria/marisqueira GOA na Avenida Eduardo Mondlane, em Maputo. Sob a alçada do pombalense de 53 anos, Leonel Monteiro, e com “casa cheia” de terça a domingo, o balanço de um ano de atividade não pode ser mais positivo.

A trabalhar no setor da restauração desde os 14 anos de idade e sedento de um novo desafio profissional foi em julho de 2014 que Leonel Monteiro decidiu avançar com o projeto da cervejaria/marisqueira Goa, em Maputo. Entre a habitual papelada necessária para legalizar o espaço e a restauração do local deixado ao abandono, foi apenas no ano passado que Leonel Monteiro conseguiu abrir o espaço com um sócio. Aberto de terça a domingo das 8h00 às 24h00, o Goa conta com 15 trabalhadores e inúmeros clientes que “trazem amigos que fazem deste um local de convívio”, diz o gerente em tom de satisfação.
“O segredo é procurar servir toda a gente pelo melhor e respeitar para ser respeitado”, afirma Leonel Monteiro acerca da filosofia de trabalho do Goa. “Todas as equipas têm altos e baixos, mas temos de nos adaptar ao país onde estamos”, diz o gerente do espaço acrescentando que “o mais difícil de gerir é os trabalhadores, cuja cultura é diferente da nossa”. Apesar disso, sabe que “todos trabalham um bem comum”.
Com o negócio em Maputo e o coração em Pombal, Leonel Monteiro admite que não é fácil lidar com as saudades que sente da mulher e dos dois filhos; o mais difícil é encontrar a solidão quando chega a casa depois do trabalho. Apesar disso, encontrou uma família de acolhimento por terras moçambicanas; “os trabalhadores que lidam comigo de manhã à noite são a minha família”, desabafa.

“Estamos num país onde tudo é diferente de Portugal, como os hábitos, a cultura, os costumes e os cheiros”, frisa Leonel Monteiro, daí que “uma percentagem muito mínima de pessoas aguenta estar aqui sem a família”. Mostrando-se versátil e adaptável a qualquer cultura devido às viagens que já fez, o gerente do Goa admite que “Moçambique é para todos, mas nem todos são para Moçambique”.

Voltar a Portugal não é uma hipótese a considerar nos próximos tempos: “agora estou preso a um grande investimento feito por mim. Só vou regressar quando for possível”, sublinha acerca de um projeto a longo prazo. Sem fazer demasiados planos para o futuro, Leonel Monteiro visita a família uma vez por ano.
“Sinto-me bem e respeitado, rodeado pelos meus trabalhadores. Afinal são estas as vitaminas necessárias a quem está longe do seu país”, diz, apesar de viver para o trabalho com o qual está 100% comprometido. “Se fosse fácil estavam aqui milhões em vez de milhares. Nunca mais somos as mesmas pessoas depois de sairmos de África”, conclui.


O melhor por lá Para Leonel Monteiro o melhor é “a simpatia, o acolhimento, o clima, a presença de tanta gente da nossa terra, o que nos faz sentir que este país nos acolhe bem. Eu entendo que é um país bom, onde temos se ser trabalhadores honestos”.
O pior por lá “As dificuldades do dia-a-dia que têm de ser entendidas e ultrapassadas”, diz o gerente do Goa.
O mais surpreendente Leonel acredita que os amigos que ganhou em Maputo é o mais surpreendente. “As pessoas, oriundas de norte a sul de Portugal juntam-se aqui para conviverem”, conclui.
Fundação | 1782 Habitantes | 1 766 823 (censos 2007) Curiosidades | Maputo - ou Lourenço Marques até 1976 - é a capital e a maior cidade de Moçambique. É o principal centro financeirocorporativo e mercantil do país. Localiza-se na margem ocidental da Baía de Maputo, no extremo sul do país, perto da fronteira com a África do Sul e da fronteira com a Suazilândia. A cidade passou a designar-se Maputo depois da independência nacional, uma decisão anunciada pelo presidente Samora Machel num comício a 03 de fevereiro de 1976 e formalizada em 13 de março desse ano.

Sem comentários:

Enviar um comentário