Há sensivelmente uma semana fui desafiada a experimentar uma actividade nova. Nunca antes me tinha passado pela cabeça fazer queda livre nem pará-quedismo. Foi o ponto alto do Evento de Verão da empresa onde trabalho. E, claro, aceitei.
Já passava das dez da manhã quando vestia o equipamento para dar o dito salto para o nada. Aos poucos, estava a mentalizar-me para o que aí vinha... Mas nada fazia prever o que sentiria assim que olhasse das alturas para o solo distante. Fiz parte do primeiro grupo de sete corajosos que decidiram deixar o medo em terra. Queria despachar o assunto antes que a coragem me abandonasse. Depois de me terem ajudado a equipar, ainda em terra, fui apresentada ao meu "melhor amigo", o pará-quedista que guiaria o meu salto.
Não tive de esperar muito tempo até à hora de entrar no helicóptero. Foram 15 minutos de ansiedade até que voasse até aos tais 5 000 metros de altitude de onde iria saltar. Olhava para os meus colegas do lado e de trás. Tentava evitar que a ansiedade e o medo não se apoderassem de mim. Por isso, dizia que estava "tudo bem". Só que não. Por dentro, toda eu tremelicava de um novelo de emoção, curiosidade, medo e ansiedade.
Depois de o equipamento estar bem apertado e de conferidas as medidas de segurança, chegou a hora de me aproximar da porta do helicóptero para saltar. Foi quando olhei lá para baixo, a instantes de dar o esperado salto, que o medo se apoderou de mim. Indescritível. Era esse o estado de espírito que me invadia a milésimos de segundo de saltar. Respirei fundo e atirei-me juntamente com o para-quedista que ia "colado a mim", claro.
O alívio chegou quando o pára-quedas abriu. Aí senti uma sensação única de liberdade e de segurança. É caso para dizer que "depois da tempestade vem a bonança". Veio, sim, em forma de alívio. Assim que agarrei o pára-quedas senti a força da natureza em "modo" vento. Comprovei a minha fraca força de braços, mas tentei desfrutar ao máximo do momento.
Mal conseguia falar com o meu "melhor amigo" de queda. Durante os quatro minutos que se seguiram, recuperei o fôlego que perdi num, e deixei que a adrenalina abandonasse o meu corpo aos poucos. Olhei para o céu e para a terra e apreciei a harmonia com que estes elementos se confundem no ar.
Em vários momentos da vida já fui colocada à prova. Todos fomos. Este foi apenas mais um desses desafios. Quando soube o que era para fazer, não me passou pela cabeça não saltar. De forma alguma! Assim que vi o que me esperava naquele dia de verão em Évora, a minha primeira reacção foi aceitar. Se a vida é um risco, porque não vivê-lo(a)?
Por isso fui e venci!
