terça-feira, 1 de outubro de 2019

Memórias dos tempos de "Caloira"


Um de Outubro de 2019. Inicia o mês que precede o do começo das aulas, Setembro. E com os primeiros dias de Outono, chegam os estudantes, residentes ou descolados, às "cidades universitárias". De mais longe ou de mais perto, consigo trazem as recordações e as memórias de 18 (ou mais) anos de vida. São os "caloiros" do ano lectivo 2019/2020. E já lá vão quase 10 anos desde o dia em que era eu a "caloira" do curso de Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa (ESCS).

Com saudade recordo aquele dia de meados de Setembro, em que me fui inscrever na ESCS. Nesse dia levantei-me bem cedo e rumei com o meu pai à capital. Seguidas as indicações do GPS, facilmente encontrámos a instituição de ensino superior na qual havia sido admitida. Dúvida, medo, receio, curiosidade, interesse, alegria... vários foram os sentimentos que me assaltaram logo nesse primeiro dia.

Afinal, mudar de cidade com 18 ou 19 anos, não é fácil nem é para todos. Aquela que viria a ser a Escola onde estudaria nos três anos seguintes, recebeu-me como se devem receber os alunos que a visitam pela primeira vez. Poucas recordações guardo do dia da inscrição propriamente dito. Contudo, foi o dia em que pisei Benfica pela primeira vez e em que conheci a ESCS. Mas nos próximos parágrafos conto-vos a minha experiência como aluna deslocada e as memórias boas que as "praxes" me deram.

A ideia de ir para Jornalismo surgiu do gosto pela leitura e pela escrita. Aliás, ir para a frente das câmaras nunca foi um objetivo (quem me conhece sabe como sou, por vezes, introvertida). Por ser a capital onde tudo acontece, assumi que estudar Jornalismo em Lisboa seria a hipótese mais viável e recomendada. Admito que com pouca gente falei aquando da escolha do curso e da cidade. De nada me arrependo e voltaria a fazer as mesmas escolhas, uma vez que estudar num Instituto Politécnico é tão ou mais enriquecedor do que frequentar a tal dita Universidade.

O primeiro dia "do resto da minha vida" foi logo por meados de Setembro. De uma pacata cidade do litoral centro de Portugal - Pombal - rumei à eclética e cosmopolita capital portuguesa - Lisboa. Os primeiros tempos não foram fáceis; além da exigência no ensino ter sido muito superior àquela com que alguma vez me tinha deparado, gerir emoções quando se está longe de tudo e de todos os que nos são queridos, revela-se um enorme desafio. 


Depois de escolher o curso e a cidade, tive de procurar o sítio onde viver; fiquei num quarto alugado na zona de Benfica (sim, na altura em que ainda era possível alugar um quarto em Lisboa por um preço "normal" e adequado). Os meus pais ajudaram-me a transportar a bagagem e não consigo descrever o aperto no coração na hora em que se foram embora. Quando olho para trás, revivo-o quase com a mesma intensidade com que  o vivi na altura. Agora estaria por minha conta e risco.

Lágrimas escorreram, pensamentos confusos ocorreram e ideias mirabulantes passaram-me pela cabeça. Tudo era novo e não tinha certezas de, absolutamente, nada. Estava sozinha, numa cidade diferente, com colegas de casa e de escola que nunca tinha visto na vida. Foi assim que iniciei a idade adulta.

Nunca esquecerei a primeira semana na ESCS. Apesar de não me lembrar de pormenores, sei que a cor do meu curso era amarela e que a minha madrinha era a Daniela Polónia. Adorei as anteriormente temidas "praxes". Sempre tinha ouvido dizer que em Lisboa havia "pouco espírito académico"... A ESCS fugiu à regra e tive uma excelente semana de integração. Desde a "aula fantásma" ao almoço do caloiro, das pinturas faciais num infantário aos percursos pela cidade, do baptismo ao jantar do caloiro, recordo com nostalgia cada minuto vivido nessa semana.

Confesso que não trajei nem que continuei a participar na vida paralela das "praxes", até porque me queria concentrar nos estudos e fazer valer aqueles tempos de sacrifício. Não me arrependo disso, e voltaria a agir da mesma forma. Tudo foi vivido da forma que acho que deveria tê-lo feito. Estou grata por ter passado bons tempos de faculdade e por ter conhecido pessoas sensacionais que trago no coração. Até aqueles professores mais "complicados" me ficaram marcados na memória para relembrar como devemos ser fortes, corajosos e resilientes para enfrentar as adversidades que vão surgindo por essa vida fora.

Da ESCS guardo com amor todas as experiências vividas, as boas e as mais desafiantes, pois todas elas contribuiram para fazerem de mim a pessoa que sou hoje. Obrigada por tudo, ESCS!

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