Fonte: http://www.publico.pt/local/noticia/igreja-evangelica-vai-ocupar-antigo-cinema-quarteto-1626256
Cinema emblemático de Lisboa, dos anos 1980 e 1990, estava fechado desde 2007.Uma sala de culto da Igreja Plenitude de Cristo vai ocupar o edifício onde funcionava o antigo Cinema Quarteto, em Lisboa, que fechou em 2007. As obras estão a decorrer e ainda não há datas para a mudança.
Cinema emblemático de Lisboa, dos anos 1980 e 1990, estava fechado desde 2007.Uma sala de culto da Igreja Plenitude de Cristo vai ocupar o edifício onde funcionava o antigo Cinema Quarteto, em Lisboa, que fechou em 2007. As obras estão a decorrer e ainda não há datas para a mudança.
O edifício localizado na Rua Flores do Lima, n.º 16,
paralela à Avenida dos Estados Unidos da América, que anteriormente era um
local de peregrinação dos apreciadores de cinema, vai garantir, depois das
obras de adaptação, a ampliação das instalações da congregação liderada por um
pastor brasileiro.
“As duas salas do piso inferior, das quatro que constituíam
o conjunto, já foram integralmente destruídas e as suas cadeiras deitadas fora.
As salas do piso superior foram unidas, após se ter procedido ao derrube da
parede que as separava, e albergarão as cerimónias religiosas”, adianta o site
noticioso O Corvo, que avançou a notícia.
Quando contactado pelo PÚBLICO, o responsável pela
congregação, que pediu anonimato, não adiantou qualquer informação, referindo
apenas que, “de momento, não é possível dar qualquer esclarecimento sobre o
assunto devido a ordens de superiores”. Actualmente a sede da sala de culto da
Igreja Plenitude de Cristo situa-se no edifício número 14 da mesma Rua Flores
de Lima, perto do Quarteto.
O antigo cinema, fundado e gerido por Pedro Bandeira Freire,
foi inaugurado a 21 Novembro de 1975 e encerrou a 16 de Novembro de 2007. O
espaço esteve, primeiro, para arrendar, mas desde 2008 foi colocado à venda.
Este foi o primeiro cinema multiplex do país que ficou conhecido pelo seu
slogan: "4 Salas / 4 Filmes." Foi sobretudo a variedade do seu
cartaz, que trazia a Portugal muitos dos filmes que não passavam noutras salas
de cinema, que garantiu o seu êxito, sobretudo nas décadas de 1980 e 1990,
altura em que se realizavam as famosas maratonas de 24 horas de cinema. As
condições não eram as melhores, pois o ar condicionado andava sempre às avessas
com a estação do ano e as salas e os ecrãs eram pequenos, mas os incómodos eram
ultrapassados pela qualidade da oferta cinéfila.
Nagisa Oshima, Martin Scorsese, Francis Ford Coppola ou
Ridley Scott estão entre os vários realizadores que povoaram o espaço e muitos
cinéfilos relembram exibições como A Religiosa (1966), de Jacques Rivette, e a
estreia do All That Jazz (1979), de Bob Fosse.
De acordo com informações divulgadas pel’O Corvo, o prédio
era propriedade de uma família da região de Tomar. Depois das obras, apenas
deverão permanecer as paredes e as cadeiras das salas de cima. As que se
encontravam nas salas que existiam na cave tiveram de ser deitadas para o lixo,
pois estavam completamente estragadas pela humidade. A bomba hidráulica que
assegurava a extracção da água acumulada nas fundações do edifício – em
contacto com um lençol freático – estava, há muito, avariada, razão pela qual
ambas as salas se viram inundadas, inutilizando o seu recheio.
O cinema Quarteto fechou em 2007 por ordem da
Inspecção-Geral das Actividades Culturais (IGAC), por não garantir as condições
de segurança exigidas por lei. Problemas como a falta de um sistema automático
de detecção de incêndios ou a ausência de obras de manutenção do recinto,
principalmente ao nível das instalações eléctricas, determinaram o
encerramento. A IGAC garantia, na altura, que o fecho duraria “até as anomalias
serem corrigidas”, mas isso nunca aconteceu.
Foi o culminar de um declínio que começou muitos anos antes.
"Foi quando os 32 distribuidores que existiam passaram a seis e eu deixei
de poder escolher os filmes que queria exibir e passei a comprar os americanos
que me impunham", desabafava na altura ao Diário de Notícias Pedro
Bandeira.
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