quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Casa Abrigo celebra Natal diferente

Para muitos o Natal é sinónimo de união, partilha e reunião familiar. Há quem passe na noite de consoada na companhia dos entes queridos, entre o perú, o bacalhau, as rabanadas e as filhoses características da época. Mas há quem, por circunstâncias adversas, não tenha esse miminho e passe a quadra natalícia com uma outra família. É o exemplo das utentes da Casa Abrigo de Pombal.

“Tentamos envolver as crianças e as utentes da casa em todas as actividades que a APEPI faz alusivas ao Natal”, refere Sandrina Mota, directora técnica da Casa Abrigo de Pombal. Por saber que as mulheres vítimas de violência doméstica não podem passar a quadra natalícia junto aos entes queridos, tenta-se proporcionar um ambiente agradável, o mais próximo da época possível, a todas elas.

Assim, todas podem propor os efeitos para a casa, elaborar o presépio, cozinhar pratos das regiões de onde vêm, bem como confecionar as sobremesas. “O bolo-rei, as filhoses, e as rabanadas são elas que preparam tudo aquilo que a quadra natalícia pressupõe. Temos todos os anos utentes diferentes e temos em atenção os costumes delas próprias e da terra de onde vêm; elas partilham connosco os doces das suas terras. Dão um pouco delas próprias na ementa da consoada para se sentirem em casa”, explica a directora técnica.

Na noite de consoada o Pai Natal visita as utentes da casa e os filhos. “Nós [as funcionárias] preparamos os presentes de Natal para as crianças e para as utentes, com muito cuidado e com muito amor. O Pai Natal chega à Casa Abrigo no dia 24 à noite e deixa os presentes na Casa”, revela Sandrina Mota.

“No dia 25 também é feita uma ementa especial de que é exemplo o perú”, desvenda aquela responsável. Este dia costuma ser passado em família, embora com uma diferente, já que nem todas as utentes têm condições para ir passá-lo com a família. “Se não há condições e se está colocada em causa a segurança da vítima e dos filhos, passam o Natal connosco”.

Apesar desse aspecto mais desfavorável, há quem vá a casa. “Há utentes que devido à situação em que estão a viver e se tiverem essa facilidade podem ir passar o Natal com familiares”, mas tem de estar “garantida a segurança da vítima”, explica a directora técnica. Também há familiares a visitarem as utentes: “apesar de não irem ter com os familiares, há muitos que vêm cá passar o dia com as utentes”.

O balanço dos Natais acaba por ser, de ano para ano, o mesmo: “o que corre menos bem é o facto de sabermos que as mulheres acolhidas estão privadas de poderem passar o Natal nas próprias casas. Mas tendo em conta que elas estão num ambiente protegido, que estamos a trabalhar com elas um projecto de vida diferente, é isso que nos poderá animar.”

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