Para muitos o Natal é sinónimo de união, partilha e reunião familiar.
Há quem passe na noite de consoada na companhia dos entes queridos, entre o
perú, o bacalhau, as rabanadas e as filhoses características da época. Mas há
quem, por circunstâncias adversas, não tenha esse miminho e passe a quadra
natalícia com uma outra família. É o exemplo das utentes da Casa Abrigo de
Pombal.
“Tentamos envolver as crianças e
as utentes da casa em todas as actividades que a APEPI faz alusivas ao Natal”,
refere Sandrina Mota, directora técnica da Casa Abrigo de Pombal. Por saber que
as mulheres vítimas de violência doméstica não podem passar a quadra natalícia
junto aos entes queridos, tenta-se proporcionar um ambiente agradável, o mais
próximo da época possível, a todas elas.
Assim, todas podem propor os
efeitos para a casa, elaborar o presépio, cozinhar pratos das regiões de onde
vêm, bem como confecionar as sobremesas. “O bolo-rei, as filhoses, e as
rabanadas são elas que preparam tudo aquilo que a quadra natalícia pressupõe.
Temos todos os anos utentes diferentes e temos em atenção os costumes delas
próprias e da terra de onde vêm; elas partilham connosco os doces das suas
terras. Dão um pouco delas próprias na ementa da consoada para se sentirem em
casa”, explica a directora técnica.
Na noite de consoada o Pai Natal
visita as utentes da casa e os filhos. “Nós [as funcionárias] preparamos
os presentes de Natal para as crianças e para as utentes, com muito cuidado e
com muito amor. O Pai Natal chega à Casa Abrigo no dia 24 à noite e deixa os
presentes na Casa”, revela Sandrina Mota.
“No dia 25 também é feita uma
ementa especial de que é exemplo o perú”, desvenda aquela responsável. Este dia
costuma ser passado em família, embora com uma diferente, já que nem todas as
utentes têm condições para ir passá-lo com a família. “Se não há condições e se
está colocada em causa a segurança da vítima e dos filhos, passam o Natal
connosco”.
Apesar desse aspecto mais
desfavorável, há quem vá a casa. “Há utentes que devido à situação em que estão
a viver e se tiverem essa facilidade podem ir passar o Natal com familiares”,
mas tem de estar “garantida a segurança da vítima”, explica a directora técnica.
Também há familiares a visitarem as utentes: “apesar de não irem ter com os
familiares, há muitos que vêm cá passar o dia com as utentes”.
O balanço dos Natais acaba por
ser, de ano para ano, o mesmo: “o que corre menos bem é o facto de sabermos que
as mulheres acolhidas estão privadas de poderem passar o Natal nas próprias
casas. Mas tendo em conta que elas estão num ambiente protegido, que estamos a
trabalhar com elas um projecto de vida diferente, é isso que nos poderá animar.”
Sem comentários:
Enviar um comentário