terça-feira, 31 de julho de 2018

Bodo dos (re)encontros!

Chega ao fim a altura do ano mais esperada por todos os pombalenses, principalmente dos que estão lá fora e provam, todos os dias, o sabor da saudade: o mítico Bodo 2018. Julho, mês de encontros, trás no seu fim todos os anos as Festas do Bodo de Pombal. Durante seis dias há encontros, reencontros, amigos, música, guloseimas, carroceis, artistas e muito boa disposição.

Um bom pombalense que se preze sabe o significado que estas festas têm para a sua cidade. Mais ainda quando as circunstâncias da vida o obrigam a abandonar o conforto do seu lar em busca de melhores oportunidades (de emprego e de vida) no estrangeiro. Mas não é por isso que deixa de ser pombalense, bem pelo contrário: o sentimento de não se pertencer a lado nenhum adensa a vontade de ser parte do seu povo, da terra que o viu nascer.

Bodo dos encontros, dos reencontros, dos abraços, das visitas inesperadas e dos amigos que vivem lá longe, mesmo "migrados" dentro do próprio país, que os estudos levaram para as cidades metropolitanas ou outras que tais. Bodo dos afetos, dos namoricos, dos amores improváveis. Bodo das bebedeiras, das inconsciências, das acções irreflectidas. Bodo de tudo isto e de tudo o resto que o compõe.

Mas, afinal, se perguntarmos a qualquer jovem ou menos jovem que se passeie por esta altura nas ruas da cidade, sobre as origens desta festa, será que sabe responder corretamente? Depois de uma pequena pesquisa acerca das tradições remotas desta festa centenária, descobri alguns factos interessantes.

Conta a lenda que as origens das Festas do Bodo remontam a uma praga que atingiu os pombalenses e a uma mítica D. Maria Fogaça, pessoa muito devota que deu origem à festa secular. 

De acordo com a investigação do historiador pombalense Nelson Pedrosa, "uma praga de gafanhotos e lagartas afligiu os pombalenses, invadindo ousadamente as suas habitações, contaminando os alimentos, e até caindo em nuvem dentro dos vasos onde as mulheres levavam a água, obrigando ao uso de um pano para a coar. Esta vexação era tão insuportável que obrigou o povo a ir à Igreja de S. Pedro, então Matriz da Vila, e aí principiarem uma procissão de preces, que acabou na Capela de Nª Srª de Jerusalém. Realizou-se missa cantada, prometendo-se uma festa, se esta os livrasse de tão grande calamidade".

Conta a lenda que "a Senhora de Jerusalém rápido atendeu os rogos e súplicas do povo aflito, porque na manhã seguinte já o terrível inimigo tinha evacuado os campos e as searas. Reconhecido o milagre, celebrou-se nova missa solene em acção de graças pelos benefícios recebidos, ajustando-se desde logo as festas para o ano vindouro".

No ano que se seguiu à calamidade, "D. Maria Fogaça decide tomar por sua conta o total dispêndio da festa religiosa, tal foi o empenho que houve canas, escaramuças, touros, fogos e danças. Nessa festa, foram oferecidos ao pároco da vila, dois grandes bolos, que saindo de extraordinária grandeza, ao serem deitados no forno, um ficou mal colocado. Um criado da casa, invocando o nome da Srª de Jerusalém, atreveu-se a entrar rapidamente no forno, consertou-o e saiu ileso. Tal facto correu logo todo o povo, como um novo milagre, e deu origem à festa do Bodo. A partir de então, a festa passou a fazer-se com temerária devoção ao bolo, ao qual a população deu o nome “fogaça”.
Foi então que "as festas que tinham inicialmente lugar nos finais de Junho, passaram a realizar-se no último fim de semana de Julho, visto estar mais de acordo com o calendário das colheitas. Contudo, nas quatro semanas anteriores, continuaram-se a promover cerimónias em honra da Senhora. Para tal, no último dia das festas, a Câmara nomeava quatro mordomos, cada um de casais diferentes, que se encarregavam de fazer a festa, um deles vinha na primeira sexta-feira, procurar a bandeira de Nossa Senhora do Cardal que levava para o seu casal".

As pesquisas indicam que "na manhã de sábado e domingo depois dos banqueteados, mordomos e convidados vinham para a vila a cavalo (cavalhadas), trazendo à frente um rapaz vestido de anjo, percorriam as ruas e davam voltas à igreja, onde o anjo recitava as loas (versos referentes aos milagres), por fim iam assistir às vésperas cantadas pelo pároco na ermida do Cardal. Os restantes mordomos nas semanas seguintes repetiam, até que na última semana tinha lugar a festa solene".

Para ficar a par de mais informações basta aceder ao site das Festas do Bodo.

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