O novo nome da antiga Rua do Covão, localizada nas Meirinhas, está a gerar controvérsia entre os moradores daquela zona. Em causa está a alteração do nome desta por “Rua Eng. Comendador Narciso Mota (presidente da CMP entre 1994 e 2013) ”.
“Naquilo que é meu não autorizo que se coloquem placas nenhumas com o nome de Narciso Mota”, insurgiu-se Manuel António, 76 anos, proprietário da mecânica Areias. Em causa está o descontentamento dos habitantes da zona mediante a alteração do nome da antiga Rua do Covão, que já existe há 200 anos. “Ninguém foi avisado de que iam colocar as placas com o nome de Narciso Mota. Isto porque o Presidente da Junta já sabia que eu íamos gostar. Esta é uma rua muito velha, daí não fazer sentido modificar o seu nome”.
A decisão em proceder à alteração surgiu na sequência da decisão tomada na Assembleia de Freguesia, que se realizou a 27 de Março. O Presidente Avelino António informou que o edital foi afixado 15 dias antes do dia da reunião: “ foi afixado um comunicado na Junta de Freguesia, onde estava discriminado o ponto em que se iria decidir a aprovação o nome da rua. Foi, também, tornado público através de um aviso do padre, na igreja, e informado no Diário de Leiria”.
Mesmo assim, quem ali reside diz que não foi questionado sobre a possibilidade da mudança do nome da rua. “Para mim, esta é a Rua do Covão. Toda a vida será Rua do Covão. Estou revoltada por eles [membros do executivo] terem decidido fazerem o que quiseram sem pedirem autorização às pessoas”, revelou Rosalinda Ferreira, de 82 anos que há mais de 60 habita naquela artéria.
Uma outra questão que está a incendiar os ânimos dos moradores da localidade é a das despesas que estão subjacentes à alteração do nome da rua. “Não mudo nada em termos de documentação. Queremos a rua como estava, não com o nome dele. Acho que este é um acto de abuso”, afirmou Manuel Mendes, 77 anos, que não se conforma com o facto de colocarem placas na sua rua. Também Susana Carvalho, 39 anos, não sabe lidar com a situação: “eu não vou mudar a minha documentação. Não concordo com esta situação porque não houve quiseram saber a opinião das pessoas. Deveriam manifestar as suas intenções e ouvir a opinião das pessoas”.
“A placa até pode ali estar com
o nome de Narciso Mota. O que nos causa transtorno é irem-nos incomodar com a
mudança do nome da nossa rua”, disse uma moradora da zona. “Temos que mudar os
papéis dos livretes, da carta de condução, da nossa correspondência. Não estou
revoltada com o presidente, só com a mudança do nome da rua.”
O presidente Avelino António
afirmou que as pessoas não vão ter de se preocupar com a papelada subjacente à
alteração do nome da rua porque “a Junta de Freguesia e a Câmara assumem
qualquer situação em termos de custos da alteração da morada do BI, da carta de
condução ou de qualquer outro documento”. Informou, ainda, que “quem precisar
de uma cópia de uma declaração, com a mudança do nome da rua, se deve deslocar
à Junta”. Acrescentou que “todos os moradores dessa rua receberam o comunicado
via correio”.
Quem não quiser, no entanto, adoptar
o novo nome da agora Rua Eng. Comendador Narciso Mota, pode continuar a falar
no antigo. “Se as pessoas quiserem continuar a manter o nome antigo, os
carteiros não se opõem a isso”, esclareceu Avelino António sublinhando o facto
de as placas colocadas “terem escrito: ‘antiga rua do Covão’ e Comendador
Narciso Mota”.
O autarca diz ainda que “não há
nada a fazer quando a uma eventual alteração do nome da rua”, até porque,
revela, a decisão foi tomada em Assembleia de Freguesia. Avelino António
acrescentou, ainda que, aquando da sondagem que fez na rua, apercebeu-se de que
“havia muito mais gente a favor do que contra”, embora reconhecesse que “há
meia dúzia de pessoas que não concordam porque havia quem não tivesse interesse
em que fosse atribuído o nome da rua ao comendador Narciso Mota.”
O presidente da Junta de
Freguesia sabe, no entanto que, “com o tempo vai acabar por pacificar, porque
nas Meirinhas é muito normal haver uma grande resistência à mudança.” Prova
disso foi a retirada de uma placa, na segunda-feira, dia 20, “que constituiu
uma desobediência à ordem pública”. Embora não se saiba ao certo quando vai
voltar a ser reposta no lugar, “a Câmara comunicou às autoridades o sucedido
para que tomem diligências em relação à pessoa que retirou a placa e para que a
devolva ao sítio original”, concluiu Avelino António.

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