Não quero começar este texto de uma forma derrotista e desanimada, até porque o título permite antever qualquer coisa de bom ou de mau. Quem sabe?...Ora começo por dizer que somo dois trabalhos distintos da minha área de formação e que não estou insatisfeita com os mesmos. Ainda tenho outro da minha área... Quem me conhece sabe de que falo, portanto não me vou alongar em pormenores desnecessários.
Quando se ouve na televisão ou se lê nos jornais que não há trabalho, que o desemprego jovem sobe de uma forma desproporcionada a cada dia que passa, que as pessoas (normalmente as recém-licenciadas) são exploradas a torto e a direito, é verdade. Quando se diz que as condições de trabalho são cada vez mais precárias e que o que se recebe ao final do mês mal dá para pagar as despesas, tudo isso é verdade.
E é então que, depois de 15 ou 17 anos de estudos, começamos a colocar a nossa formação académica em causa. Afinal, para que estudei se não me aceitam em lado nenhum? Afinal porque estudei se, no fundo, só me querem explorar através de estágios "não-remunerados"? Afinal porque é que estudei se tenho habilitações a mais para ser empregada de limpeza? Afinal porque estudei se, no fim, para nada conta a meritocracia, mas quem fica com o meu lugar é uma pessoa com menos qualificações? Afinal porque é que estudei se o que ganha é o "SISTEMA DAS CUNHAS"? Afinal porque é que estudei se, no fundo, não vejo reconhecido o esforço de tantas "pestanas queimadas" ao longo de tantos anos? Afinal porque é que?...
E por aqui me fico para não me enervar mais. Estudei. Sou licenciada. Não tenho trabalho na minha área. Pelo menos daqueles dignos, com contrato (com ou sem termo) e que me proporcione alguma estabilidade económico-financeira. Sou da geração dos "recibos verdes" e do trabalho precário. Hoje tenho, amanhã logo se vê. Sou da geração do "poupa-hoje-que-amanhã-será-melhor". Ou pelo menos é nisso que quero acreditar.
Somo dois trabalhos a recibos verdes mas contento-me com um contrato a termo certo. Um trabalho com horário de entrada e de saída, que tão difícil é encontrar nos dias de hoje. Mais ainda na minha área. Terá sido o meu desinteresse em procurar na minha área? Terá ido a esperança embora? Será que não gosto, realmente, daquilo para que estudei? - A quantidade de questões que me assola a mente e que me confunde é intragável. Afinal tenho trabalho(s). Porque raio me queixo?
A felicidade e a realização pessoal e profissional são termos que se tornam mais vagos a cada dia que passa. Pelo menos na minha cabeça. Ser humano que se preze nunca está suficientemente satisfeito com o que tem, com as vitórias que conquista, com o que o faz sorrir e que, no fundo, é a razão da sua existência. Eu também quero mais e ainda estou à procura daquilo que me faz realmente feliz.
Tenho uma inscrição no IEFP em suspenso e um estágio profissional que não chega por realizar. Falta de oportunidades? Para quê que passei pela TVI e pelo Público? Será que me valeu de alguma coisa? - Talvez um dia surjam as respostas a estas questões inconvenientes.
Eu não quero tudo. Até porque faço voluntariado de uma forma absolutamente desinteressada. Quero apenas encontrar-me a mim mesma para saber o que, afinal de contas, quero fazer para o resto da minha vida.
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