Sob
o tema "Um Sorriso, Mil Emoções", alunos do 9º ano da turma A da
Escola Portuguesa de Moçambique – Centro de Ensino e Língua Portuguesa
(EPM-CELP) deslocaram-se, na sexta-feira, 09 de março, ao Orfanato e Escola Primária
"Cidadela das Crianças", localizada à saída de Maputo, na Costa do
Sol, para proporcionar um dia diferente aos meninos da instituição.
A
visita dos alunos da turma A do 9º ano à “Cidadela das Crianças” faz parte do
Plano Anual de Atividades e teve como objetivos envolver os alunos em
projetos de solidariedade como estratégias de ensino-aprendizagem, reconhecer a
diversidade cultural como contributo fundamental na preservação do respeito e
na qualidade de vida e perceber a importância do impacto das ações no outro e
na sociedade em geral.
Dança,
jogos, pinturas e desporto fizeram as delicias de cerca de 30 meninos que
participaram nas atividades organizadas pelos alunos da EPM-CELP. Foram
distribuídos afetos, abraços e sorrisos durante toda a tarde. No fim os alunos distribuíram,
ainda, uma pequena lembrança na forma de roupa, comida ou materiais escolares, aos
meninos, resultado de uma recolha feita na EPM-CELP.
Débora
Queimada, 15 anos, aluna da EPM-CELP destacou que a experiência foi “muito boa
porque ajudar faz as pessoas sentirem-se úteis. Acho que o que dou é muito
pouco para equiparar ao que recebo”, disse acerca da atividade que teve o seu
início no ano letivo 2016/2017, com a mesma turma, com a professora de
espanhol, Marta Ribeiro.
No
início da tarde, os meninos do orfanato foram divididos em três grupos: música,
artes e desporto, pelos alunos da EPM-CELP. Em locais apropriados como a sala
de música, a sala das artes e o campo desportivo, realizaram diferentes
tarefas, de forma rotativa, lideradas pelos alunos do 9ºA.
“Gostei
muito do desporto e da dança. Os meninos da escola portuguesa deviam voltar”,
comentou Aissa Niese, de 15 anos, que frequenta a 7ª classe do sistema de
ensino moçambicano.
O
diretor da instituição, Américo Nhalungo, fez um balanço positivo da visita dos
alunos da escola portuguesa ao orfanato, que quebrou a rotina. “É uma
iniciativa muito importante, que estimula os meninos do orfanato a evoluírem.
Vão ganhar alguma experiência com os ensinamentos dados pelos meninos da escola
portuguesa”, disse.
A
Cidadela das Crianças foi fundada em 1990 com o objetivo de acolher crianças em
situações precárias. Mais tarde, para viabilizar a utilização do espaço, foram
admitidas crianças de famílias de bairros circunvizinhos. Dos seis aos 23 anos
de idade do orfanato fazem 420 crianças e jovens: 40 internos (ou residentes) e
380 alunos frequentam a Escola Primária Completa lá existente.
Crianças
órfãs e crianças de famílias problemáticas são membros da “Cidadela das
Crianças”. De acordo com Américo Nhalungo, “não vão à escola e às vezes são
abandonadas pela família. Algumas famílias são agressivas. Quando são
violentadas, as crianças acabam por sair de casa e quando lhes é perguntado o
nome próprio inventam outro para que a família não as encontre”.
O
orfanato aposta na “reintegração familiar” que depende da localização da
família da criança. “Quando localizamos há um processo em que nos informamos
sobre o porquê de a criança ter abandonado a família. Depois falamos com a
criança sobre se quer voltar para a família”, explicou o diretor da instituição.
Depois de fazerem o acompanhamento durante um período de tempo para averiguar o
estado em que a criança se encontra de forma a integra-la no seio familiar, a
aposta recai no regresso à família.
Quando
não é possível localizar a família, mesmo que termine a 7ª classe, o aluno não
é mandado embora; é reencaminhado para escolas de formação secundária e
superior para terminar a sua formação. Desde a fundação do orfanato, 75 indivíduos
que por lá passaram já estão integrados no mercado de trabalho. Alguns
trabalham como professores, outros frequentam licenciaturas na escola de Artes
Visuais e outros trabalham em instituições do Governo.
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