quinta-feira, 28 de junho de 2018

“Ignorem as experiências dos outros: assim o choque será maior e a experiência será melhor”

Aos 29 anos, idade máxima para participar no programa de estágios internacionais – INOV Contacto, Tânia Vieira Carreira está a residir e a trabalhar em Maputo há cerca pouco mais de  três meses. Natural do distrito de Leiria, freguesia de Santa Catarina, a jovem aproveita a oportunidade de, pela primeira vez, trabalhar numa Agência de Comunicação, a Ogilvy.

Já passou por França e pelo Reino Unido, mas quando soube que ia trabalhar num continente diferente do Europeu, Tânia não pôde sentir-se mais grata. “Do continente Africano, penso que Moçambique é um dos países mais seguros”, acredita.

Antes de fazer as malas para rumar ao desconhecido ouviu conselhos de quem passou por terras moçambicanas e está a aprender que “em Moçambique tem de se confiar, desconfiando”. Tânia é da opinião de que, além de ser preciso ter a mente aberta, é imperativo não criar demasiada intimidade com as pessoas com que se relaciona diariamente. Reconhece, contudo, que é amiga do seu txoupela (género de tuk-tuk português) Matias, que a transporta todos os dias para o trabalho.

Não é só em termos pessoais que Tânia Carreira, pós-graduada em Comunicação Estratégica na Universidade da Beira Interior, se sente satisfeita: “poder ter uma experiência numa agência de comunicação foi o melhor presente que o INOV Contacto me deu”, diz, acrescentando que neste momento está a fazer apresentações e estudos de mercado.

Depois do horário de trabalho sobram-lhe umas horas para se dedicar ao voluntariado. Tânia distribui sopas na rua, uma vez por semana, através da Plataforma Makobo, programa que conheceu ainda em Portugal. “A Sopa Solidária é a única experiência que me permite ver a realidade por detrás da cidade”, frisa com a esperança de um dia poder ensinar crianças.

Apesar de não saber o que lhe reserva o futuro, depois de seis meses de estágio na Ogilvy, Tânia não descarta a hipótese de ficar a trabalhar na empresa. “Se me convidassem ficaria muito contente porque seria uma maneira de enriquecer o meu currículo e de ter oportunidades em noutros países”, admite reconhecendo que “seis meses não é tempo suficiente para se ter uma experiência profissional”.

A futuros emigrantes aconselha-os a recolher o máximo de informação que seja útil para o dia-a-dia, bem como da papelada para entrar no país. “Ignorem as experiências dos outros: assim o choque será maior e a experiência será melhor”, conclui. 

O melhor por lá…
“As experiências com as pessoas, tanto com os moçambicanos, como com os colegas do INOV Contacto”, afirma Tânia que já lidou com diferentes camadas da sociedade moçambicana.

O pior por lá…
A insegurança. “Tenho de pensar duas vezes quando vou andar sozinha na rua”, diz Tânia, que sabe que não pode andar com a máquina fotográfica na mão na rua.

O mais surpreendente…
O moçambicano ser, simultaneamente, muito aberto e muito tímido. “Ao mesmo tempo que é fácil criar proximidade e empatia, o tom de voz dos moçambicanos é muito baixinho”, conclui a jovem leiriense.

Sem comentários:

Enviar um comentário