segunda-feira, 14 de setembro de 2015

"Dar um pouco de si aos outros..."

"... sem esperar nada em troca". Parece uma frase feita de tempos idos. Mas mantém-se tão actual para quem, realmente, quer marcar a diferença na vida de alguém, que acaba por preencher a alma e fazer bater mais forte o coração. Quem me conhece pode tentar adivinhar do que falo, mas por agora, vou manter (ou tentar manter) o suspense.

Dizem que é altura de voltar à escola. Que é altura de voltar às rotinas. Que é altura de estabelecer horários para isto e para aquilo. Dizem que é hora de trabalhar. O descanso já lá vai, e os tempos são de regresso: à escola, ao estudo, ao trabalho, aos horários e às rotinas. Há quem não regresse, pois as férias passaram-lhe ao lado. Mas, então, será tempo de continuidade. Para mim é tempo de continuidade. Mas também é altura de arriscar.

Quem nunca, uma vez que fosse na vida, tentou desafiar-se a si mesmo? Quem nunca tentou apostar noutras áreas do conhecimento? Quem nunca tentou recuperar actividades de que realmente tivesse gostado de experimentar há muito tempo? Quem nunca sonhou em fazer algo completamente fora do normal? Quem nunca testou os seus limites (físicos ou psicológicos)? E, afinal, quem já fez tudo aquilo que lhe passou pela cabeça? Eis a questão. 

Eu enquadro-me na terceira questão do terceiro parágrafo deste texto. Estou a "recuperar" uma actividade que adorei descobrir no passado. E agora sim, quase me sinto livre e completa. Estou cansada de rotinas e daquele vai-vem casa-trabalho-trabalho-casa. Afinal quem não está? Será que é isso que trás felicidade e nos torna completos? Rotinas, rotinas, rotinas? Não. Ou pelo menos, a mim não.

Ninguém disse que mudar ia ser fácil. Muita gente é resistente à mudança e esta pode causar uma certa estranheza e um medo súbito. Mas é necessária. É precisa. É fundamental para fomentar a evolução. Mudar para o bem, claro. E é isso que estou a tentar fazer: mudar de rotinas é fundamental para que a vida assuma um significado cada vez mais consistente. E agora, sabem do que falo?

Foi mais ou menos em Novembro de 2011. Tive a minha primeira experiência como voluntária. Dediquei-me, integrada numa instituição de apoio aos sem-abrigo, a servir refeições e a ter uma palavra amiga para dar, uma vez por semana, na Gare do Oriente em Lisboa, à hora do telejornal. Foi a primeira vez que contactei, no terreno, com um flagelo social que acontece, todos dias, em Portugal, em pleno século XXI, num país que diz ser "civilizado". E sim, posso fazer a menor ideia, mesmo que mínima, do que estão a sentir as pessoas que todos os dias saem da Síria, na esperança de sobreviverem mais um dia num dos vários países da Europa. Digo isto, mas claro, sou totalmente leiga nesta matéria.

O que realmente importa aqui é que recuperei um gosto que ficou "adormecido" desde a altura em que me licenciei em Jornalismo. Voltei a ajudar quem mais precisa. E, desta vez, mesmo ao lado de casa. Falo de uma actividade totalmente desinteressada e voluntária com "pequenos adultos" que estão a tornar-se muito para mim. Decidi despender umas horitas da minha semana e brincar, a jogar e a conversar com os pequenos que não têm quem lhes aconchegue os lençóis à noite. E isso preenche-me e ajuda-me a crescer como pessoa. Isto não é tudo fady-vair. É a realidade. Só quem o faz é que o sente e que o sabe. No voluntariado, recebe-se muito mais do que aquilo que se dá.

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