Reside
e trabalha em África desde 2011 e não tem marcado bilhete de volta para
Portugal. Motivos profissionais levaram-no a Angola e a Moçambique há seis anos. De espírito
aventureiro e a viver um dia de cada vez, Nuno Rebelo, de 42 anos, traz a
família no coração e a terra que o viu nascer no pensamento.
O
leiriense trabalha na Iriss-Fast, uma empresa de materiais de fixação, sedeada
em Maputo. Com presença em Angola, Matola e em Nacala, “o objetivo é expandir a
atividade da empresa nos Países de Língua Oficial Portuguesa”, explica Nuno
Rebelo sobre um mercado que tem tido uma “média de 7% de crescimento ao ano”.
Reconhece
que, apesar de já ter visto melhores dias e de não estar parado, “o setor
necessita de novos investidores”. Sabe que Moçambique é um país rico em
recursos e espera que com alguma estabilidade social e política “a população possa
beneficiar da riqueza deste país que se destaca em África e no mundo”.
A
decisão de sair de Leiria há seis anos não foi tomada de ânimo leve: “o mercado
de trabalho português estava em crise e os vencimentos decresceram muito”,
afirma Nuno destacando que a solução à instabilidade financeira em que vivia
passou por deixar a família em Portugal. Com o filho Diogo Rebelo, a estudar em
Lisboa, a mulher Ana Sofia Brandão a lecionar na Madeira e os outros dois
filhos, Ana João e João Luís Brandão a viver na mesma ilha, partiu em busca de
“melhores condições de vida”.
“De
Leiria e da família sinto falta todos os dias”, diz com nostalgia, recordando
um episódio que o fez ficar com a lágrima ao canto do olho quando chegou a
Angola em 2011. “Dei com as portas das instalações da Movicortes, em Viana, e a
primeira coisa que fiz foi parar”, afirma. Lembra que “na altura as saudades de
Portugal eram imensas, era o início de uma vida completamente diferente, as
emoções eram diárias e, ao entrar na empresa leiriense deparei-me com o REGIÃO
DE LEIRIA na mesa de centro da sala de espera”.
Veio
por três mas já está há seis em África. “Por norma estes projetos no
estrangeiro são a curto ou médio prazo e pretendemos todos voltar um dia ao
sítio que nos viu nascer, onde está a família e os amigos”, destaca Nuno
acrescentando que vai passar férias duas vezes por ano a Leiria. “O desejo é o
de voltar um dia”, diz.
Faz
um balanço positivo da experiência enquanto emigrante, quer em termos pessoais
quer em termos profissionais. “Estou a ter uma experiência de vida que ninguém
da minha família vai ter. Conheço um quinto de Angola e já «palmilhei»
Moçambique, de carro, sozinho. Sei que os meus filhos estão bem porque eu estou
cá e lhes consigo proporcionar boas condições de vida”, conclui.
O melhor por cá…
Para
Nuno Rebelo o clima e as temperaturas acima dos 20 graus durante todo o ano são
o melhor que Moçambique tem para oferecer. Destaca a afabilidade do povo e
sente que “caminha à vontade nas ruas”. As praias, o peixe, o marisco, as
pessoas, os hábitos, as diferenças de culturas quando se visitam outras
províncias são, para o leiriense, motivos que o fazem ficar.
“O
trânsito aqui é complicado”, destaca Nuno Rebelo. “O civismo na condução é
quase inexistente e parece que não há normas nem regras de trânsito a cumprir”,
diz apesar de reconhecer que têm existido “esforços diários no sentido de
minimizar os problemas”.
O mais surpreendente…
Nuno
reconhece que a imprevisibilidade é uma constante do dia-a-dia moçambicano. “A
experiência leva-nos a concluir que, até ao dia em que morrermos, não vimos
tudo”, diz. “Há coisas que se contarmos em casa, à família, ninguém
acredita. Aqui tudo é possível”.

Sem comentários:
Enviar um comentário