Leiriense de gema
e com 43 anos de idade foi em 2007 que Catarina Henriques decidiu rumar a
África. Leva na bagagem sete anos de Angola e três de Moçambique. Apesar da
experiência de vida que lhe proporcionaram as passagens por Luanda e por
Maputo, a assistente social trás Leiria no coração e não prescinde das férias
junto da família.
Foi ao acaso que
surgiu a oportunidade de viver e trabalhar em Angola, há sete anos. “O meu
marido trabalhava numa multinacional portuguesa, que decidiu expandir o seu
negócio para Luanda”, explica Catarina. Apesar de não ter sido fácil tomar a
decisão de despedir-se do emprego em que estava efectiva no município de
Cinfães, fez as malas e seguiu, com o marido, rumo ao desconhecido. Poucos
meses depois de ter aterrado em terras africanas, estava a trabalhar como docente
na Universidade Gregório Semedo, em Luanda.
De mente e
coração abertos, Catarina acredita que a emigração é uma das melhores fases da
sua vida. “Sempre tive uma empatia especial com África”, admite a assistente
social que está apaixonada “pelas artes e pelas pessoas que são muito
criativas, e encontram sempre solução para os problemas”.
Luanda marcou o
início da aventura que, em 2014, levou Catarina e o marido até Maputo. Foram,
novamente, motivos profissionais que proporcionaram uma viagem e uma vida nova
na capital de Moçambique. Na altura, a família estava a crescer: as gémeas
Maria e a Joana nasceram aquando da mudança para Maputo.
“Se por um lado
abdiquei da minha vida profissional, por outro, esta instabilidade fez com que
enveredasse por experiências desafiantes, que me permitem apoiar as minhas
pequenas e os outros”, admitiu Catarina na altura em que decidiu abrir uma
empresa de consultoria e serviços, a “Valor Humano”. Diariamente divide-se
entre as explicações, a formação, o Reiki
e as tarefas de mãe a tempo inteiro.
Pessoal e
profissionalmente realizada, Catarina Henriques aconselha os emigrantes a
viajarem com a mente e o coração abertos e a aproveitar a multiculturalidade
que os países de acolhimento têm para oferecer. Sabe que comparar Portugal a
Moçambique “é um erro porque são realidades incomparáveis e só cá está quem
quer”.
O melhor por cá
A assistente social acredita que o clima, a humildade
das pessoas, o sorriso das crianças e a veia artística dos nativos são os aspetos
mais positivos da vida em Maputo. Gosta das capulanas – vestidos típicos - coloridas
e é fascinada pela pintura e pelo artesanato.
O pior por cá
Para Catarina o mais chocante é “no dia-a-dia termos de nos
tornar frios e insensíveis à pobreza. Às vezes temos de ignorar, mas nem sempre
é fácil”.
O mais surpreendente
O sorriso estampado na casa das pessoas apesar das inúmeras
dificuldades. “Os nativos vivem com pouco mas são mais alegres do que os
europeus”,
destaca. “A alegria e o sentimento de satisfação são aspetos enraizados na
cultura moçambicana”, conclui.

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