Gosta de ler e não sabe onde encontrar um espaço apelativo, para o fazer, em Maputo? Então aqui está o melhor pretexto para deixar-se de desculpas e fazer uma visita à Associação Livro Aberto. O espaço, que encontra um lugar privilegiado entre a terra e o mar, localiza-se numa zona verdejante, ao fundo do Jardim dos Professores. A decoração apelativa convida a uma manhã ou a uma tarde bem passadas na companhia dos livros.
Há-os para todos os gostos e para os diferentes públicos: da literatura estrangeira à portuguesa, da literatura infanto-juvenil à destinada a um público-alvo mais maduro. Neste espaço, de segunda a sábado, das 07 às 16 horas, miúdos e graúdos estão convidados a entrar e a deixarem-se envolver pelos deleites de uma boa leitura.
A Associação do Livro Aberto iniciou a sua actividade em 2007 com o principal objectivo de educar as crianças e de incentivá-las a ler. Esta associação tem uma biblioteca pública no Jardim dos Professores, em Maputo, mas trabalha, também, com crianças dos bairros circundantes. Entre as suas diversas actividades, a Livro Aberto cria centros de leitura, recorrendo a métodos criativos como teatro, canções, poemas e elaboração de livros de cartão, feitos com material reciclado.
"Com
base em histórias que lemos, procuramos elaborar actividades que promovam a
leitura, a escrita e a elaboração de trabalhos plásticos", destaca Nélsia Manuel, coordenadora de literacia do espaço. "Produzimos jogos com base em material reciclado. Depois de fazer algumas perguntas acerca do conto, temos como objectivo ensinar algumas coisas através de uma história, adequando-a à realidade local", continua. Normalmente, tanto coordenadores como voluntários, trabalham um livro durante quatro semanas.O trabalho da Associação Livro Aberto vai muito para além do espaço físico no Jardim dos Professores. É nas comunidades circundantes que todos trabalham em prol da leitura. "Algumas crianças vêm com os irmãos ao colo e desenvolvemos dois programas distintos: um grupo para os bebés e outro para os irmãos mais velhos; aí lemos livros adequados para ambas as faixas etárias", destacam os responsáveis.
Às quarta-feiras realiza-se uma deslocação ao Bairro do Triunfo, na Costa do Sol. Através dos programas comunitários são proporcionadas actividades interactivas, bibliotecas móveis e estratégias de aperfeiçoamento de competências que permitem a cada criança aprender a ler e a escrever com confiança e através de actividade lúdicas. Com isto, pretende-se incentivar o desenvolvimento de uma cultura de leitura em Moçambique, para que todas as pessoas se sintam motivadas a informar-se, a explorar e a aprender através dos livros.
Em relação ao trabalho desenvolvido, pelos 13 trabalhadores efectivos e pelos quatro voluntários permanentes, junto às comunidades de cinco distritos na província de Tete, estão a formação de professores e de membros da comunidade. "No
ano passado foi implementado um projecto-piloto com estratégias que devem constar do projecto escolar do sistema de ensino moçambicano", destacaram os responsáveis pelo projecto. Para criar modelos
de literacia para crianças há metas a cumprir, entre as quais:
- O professor e os membros da comunidade devem ler uma história na língua local; esse é o primeiro passo para que os alunos compreendam a história, já que nessas províncias a Língua Portuguesa é uma língua secundária;
- A equipa
de literacia deve ler a história uma vez na sala de aula, em comunidade e em outros locais;
- Deve
proceder-se à implementação de estratégias que ajudam a ler a história em voz
alta às crianças e, assim, existir uma partilha com os colegas nas jornadas pedagógicas
nas escolas.
Os trabalhadores efectivos estão divididos pelos Programas de Bibliotecas Comunitárias (PBC) e operam nos bairros de Maputo, Hulene, Mafalala. A Livro Aberto realiza, ainda, programas em feiras, de que é exemplo a feira internacional de crianças, que se realiza em Junho. Este ano será no domingo, dia três de Junho.
Como ajudar a Associação Livro Aberto?
É possível ajudar a Associação Livro Aberto com a doação de livros em Língua Portuguesa, para enriquecer o acervo da biblioteca e com material reciclável, que permite desenvolver actividades com os pequenos leitores.
É possível ajudar através da requisição de livros, sendo que existem três pacotes disponíveis: o Pacote Mundo, com direito à requisição de cinco livros e wi-fi gratuito no espaço, que tem um custo de 4000 meticais (cerca de 53 euros), 2000 (cerca de 26 euros) dos quais para depósito e 2000 para a instituição Livro Aberto; o Pacote Moçambique, com direito à requisição de quatro livros, que tem um custo de 2000 meticais, 1000 (cerca de 13 euros) para depósito e 1000 para a Associação Livro Aberto; e o Pacote Maputo, com direito à requisição de três livros, que tem um custo de 750 meticais (cerca de 10 euros), dos quais 500 (cerca de 7 euros) garantem os dois livros requisitados e 250 (cerca de 3 euros) revertem a favor da instituição.
Há, ainda, a possibilidade de fazer voluntariado na instituição; basta aparecer durante o horário de funcionamento da Associação Livro Aberto, falar com o administrativo, Elias José ou a coordenadora de literacia, Nélsia Manuel e informar que actividades gostaria de desenvolver na associação. A partir, daí o voluntário iniciará as suas funções. A sua única obrigação é avisar quando não pode estar presente.
Os objectivos futuros da Livro Aberto passam por expandir
os programas das Bibliotecas Comunitárias nas províncias de Zambézia, Cabo
Delgado e Nampula com a ajuda de financiadores. "Temos um programa de fabricação
de livros. Estamos a pensar fazer a segunda edição dos livros", sublinha Elias José.
Há outros projectos em progresso: a biblioteca destinada aos jovens encontra-se em construção e pretende-se levar a biblioteca das mamãs e dos bébés além da cidade de Maputo. Além das ajudas de patrocinadores como a UNICEF e o Hotel Cardoso, são necessárias outras ajudas.
Há outros projectos em progresso: a biblioteca destinada aos jovens encontra-se em construção e pretende-se levar a biblioteca das mamãs e dos bébés além da cidade de Maputo. Além das ajudas de patrocinadores como a UNICEF e o Hotel Cardoso, são necessárias outras ajudas.
No fim fica um apelo a todos os nacionais e estrangeiros: "apelamos
para todo o nacional e internacional para nos ajudar. Não importa a quantidade
da ajuda, apenas temos vontade de fazer e não temos lucros. Sem financiamento
não somos capazes de realizar", terminam Elias José e Nélsia Manuel.



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